quinta-feira, 30 de abril de 2015

Nota de imprensa - Estela do Monte do Ulmo (Santa Vitória, Beja)

"No dia 18 de Abril de 2015 foi identificada uma estela da Idade do Bronze, datada de entre 1600 a 1200 a.C., no Monte do Ulmo (Santa Vitória, Beja). Corresponde a um elemento de cariz funerário que serviria para assinalar o local de uma sepultura, eventualmente pertencente a um destacado membro da comunidade local. Trata-se de uma descoberta rara, uma vez que não chegam às três dezenas as estelas deste tipo actualmente conhecidas no sudoeste peninsular. No entanto, merece destaque o facto da região de Santa Vitória reunir a maior concentração deste tipo de peças, sendo esta a sétima descoberta no território da freguesia.
Será realizada uma apresentação pública da estela do Monte do Ulmo, que contará com uma breve sessão de enquadramento do achado, a ter lugar em Beja, no Núcleo Museológico da Rua do Sembrano, pelas 18.00h do dia 5 de Maio."

Media:


quarta-feira, 29 de abril de 2015

Balanço da participação no seminário "Arqueologia e seus públicos"

O Projeto Outeiro do Circo esteve presente no seminário "Arqueologia e seus públicos: comunicar, divulgar e preservar a memória", organizado pela Secção de Arqueologia da Sociedade de Geografia de Lisboa no dia 29 de Abril.
Foi apresentada uma comunicação intitulada "A Educação Patrimonial no Projeto Arqueológico do Outeiro do Circo: divulgar, envolver, preservar", onde foram destacadas diversas atividades realizadas no âmbito do Programa de Educação Patrimonial deste projeto de investigação.
A apresentação centrou-se em três eixos de atuação; nomeadamente a componente de divulgação nas suas várias esferas de promoção de contacto direto com vários públicos (visitas guiadas, conferências generalistas, exposições, cursos, workshops e imprensa); o envolvimento com as comunidades locais através da interação com outras mais valias culturais da região nas ações realizadas sobre a investigação arqueológica no Outeiro do Circo (artesanato, gastronomia, natureza, desporto,cante); e por fim a vertente da preservação, não só enquanto expetativa na futura valorização do sítio arqueológico, mas também como preservação na memória coletiva dos agentes locais.





terça-feira, 28 de abril de 2015

"On the rocks" - Congresso Internacional, Barcelona 8-10 Setembro 2015


O Projeto Outeiro do Circo estará presente no "10th International Symposium on knappable materials" que terá lugar em Barcelona (Espanha) entre 8 e 10 de Setembro.
Será apresentado um poster sobre materiais líticos do povoado do Bronze Final do Outeiro do Circo (Beja, Portugal), cuja análise se centra na caraterização dos materiais recolhidos e na identificação das áreas de proveniência, revelando a importância que a exploração destes recursos continua a manter neste período, apesar da falta de estudos específicos em sítios das mesmas cronologias.

Poster:

“Lithic raw material resources from the Bronze Age site of Outeiro do Circo, Beja (south Portugal)”

Sofia Soares, Geobiotec-UA, Aveiro, ESTIG-IPBeja, Beja, Portugal, sofia.soares@ipbeja.pt
Helena Reis: hreis@campus.ul.pt
Miguel Serra: Palimpsesto, Inc., miguelserra@palimpsesto.pt
Eduardo Porfírio: Palimpsesto, Inc., eduardoporfirio@palimpsesto.pt

Session:S2- Ancient lithic trade and economics
Presentation Type: Poster

This presentation analyses flaked lithics raw materials and their provenience in the case of a Late Bronze Age settlement near Beja city (South Portugal). Outeiro do Circo is a large fortified settlement from the Late Bronze Age (1250-850 BC), setting an occupied area of about 17 hectares and making it one of the largest settlements of this period in the Iberian Peninsula. The element that gives greater emphasis to this settlement is an impressive wall that borders it almost entirely. The wall reveals a complex defensive system, with double walls, bastions and moats.
The majority of the archaeological artefacts comprises ceramic materials, being the lithic and metal artefacts a minority. However, the Bronze Age lithics evidence a formal and raw-material variety, showing the importance that the use of the stone still had during this period.
Portuguese studies on lithic artefacts from the Bronze Age sites are scarce and not very common. Given this situation the lithics from this period are not very well known and there are some questions that still need to be addressed, such as the acquisition of the raw material, and the techniques used for the manufacture of the tools. The ongoing research on Outeiro do Circo has provided, for now, a small assemblage of knapped stone such as cores, flakes, sickles, denticulate, and a posteriori tools. The characteristics of this assemblage reveal that the inhabitants of Outeiro do Circo used a great variety of local and regional raw materials for the production of several supports in flaked stone, with special focus on the production of sickles.
Macroscopical examination of the lithics available from six years of archaeological excavations identified different raw materials such as chert, jasper, flint, quartzite and gabbro. Probable provenience and availability of raw materials is discussed and placed into local and regional geology. Comparisons with similar contexts are made

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Balanço e fotos do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios em Santa Vitória (Beja)

As actividades de 2015 do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios em Beja centraram-se desta vez em Santa Vitória. 
No dia 17 teve lugar no Centro Social de Santa Vitória uma conferência sobre a Idade do Bronze na região de Santa Vitória, que contou com cerca de 30 participantes e que pretendeu dar a conhecer à população local a importância dos achados desta época na área da actual União de Freguesias de Santa Vitória e Mombeja. 
Foram descritos alguns dos achados mais emblemáticos desta região, como as várias necrópoles de cistas aí conhecidas e as estelas de tipo alentejano, do Bronze Médio, para além de diversos materiais arqueológicos, com amplo destaque para as taças de tipo Santa Vitória. Também se falou um pouco dos trabalhos arqueológicos mais recentes que têm permitido a identificação de novos sítios, como os povoados abertos de planície e também do projeto de investigação em curso no Outeiro do Circo, que serviu para enquadrar as mudanças sofridas nesta região durante o Bronze Final.
Na parte final da apresentação deu-se nova primazia às taças de tipo Santa Vitória, mostrando algumas imagens de arqueologia experimental numa tentativa de criação de uma réplica de uma peça deste tipo, que foi realizada pelo artista plástico Joaquim Alberto Fernandes Gonçalves, a quem se agradece a disponibilidade. Como surpresa reservada para o fim, presenteou-se a Junta de Freguesia com a oferta desta réplica que pôde ser não só observada, mas também manuseada pelos participantes, gerando natural curiosidade. 
 Apresentação no Centro Social de Santa Vitória
Debate no Centro Social de Santa Vitória
 Debate no Centro Social de Santa Vitória
 Réplica de Taça tipo Santa Vitória

No dia seguinte foi a vez de um muito participado percurso pedestre, com cerca de 100 inscritos, que se iniciou com uma breve explicação no Monte do Ulmo, acerca da sua história recente enquanto importante unidade agrícola, mas também sobre a necrópole de cistas aí existente e que foi estudada por Abel Viana nos anos 40 do século XX. Há desde já que agradecer ao seu proprietário, Sr. Cesário Colaço, pela amabilidade na recepção aos participantes neste evento.
Em seguida foram percorridos cerca de 9 km até à Mina da Juliana que levaram os caminheiros a passearam pelas vastas planícies de Santa Vitória.
Na chegada à Barragem do Roxo, houve lugar a nova explicação, a cargo de Miguel Serra, sobre os achados da Idade do Bronze encontrados nesta mina durante o século XIX e de Sofia Soares que revelou diversos aspectos de grande interesse acerca da história da mineração deste local e dos minerais existentes na região.
 Monte do Ulmo - início de percurso pedestre
 Chaminé do Monte do Ulmo
 Planícies de Santa Vitória
  Planícies de Santa Vitória
  Planícies de Santa Vitória
 Chegada à Barragem do Roxo
 Escórias na Mina da Juliana

Por fim, após o regresso a Santa Vitória, os participantes foram brindados com Cante Alentejano, a cargo do Grupo Coral Feminino de Santa Vitória, para em seguida recuperarem as forças com um belo repasto de produtos gastronómicos alentejanos oferecido pela junta de freguesia enquanto poderiam admirar alguns belos exemplos do artesanato local.
Foi mais uma iniciativa que pretendeu juntar a arqueologia a diversos outros aspectos do imenso e rico património cultural e natural desta região, cumprindo o desígnio proposto para estas comemorações de Conhecer, Explorar e Partilhar o nosso património.  
 Grupo Coral Feminino de Santa Vitória
 Gastronomia 
 Artesanato
Artesanato

Resta-nos agradecer o acolhimento que esta iniciativa mereceu da parte da União de Freguesias de Santa Vitória e Mombeja, e por toda a organização em conjunto, mais uma vez, com a Câmara Municipal de Beja. Assim, aqui fica da nossa parte um BEM HAJA muito especial à Julieta Romão, à Maria João Macedo, ao José Pereira, à Sofia Soares e a todos os outros que permanecendo na sombra contribuíram para o sucesso pleno destes dois dias.

O álbum completo com as fotos dos eventos pode ser visualizado no facebook do Projeto Outeiro do Circo.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Prémio de Arqueologia Eduardo da Cunha Serrão

É com grande prazer que se anuncia a atribuição de uma menção especial a Ana Osório, colaboradora do Projeto Outeiro do Circo, pela sua tese de doutoramento "Gestos e Materiais: uma abordagem interdisciplinar sobre cerâmicas com decorações brunidas do Bronze Final / Idade do Ferro", no âmbito do Prémio de Arqueologia Eduardo da Cunha Serrão da responsabilidade da Associação dos Arqueólogos Portugueses.
O referido trabalho foi defendido na Universidade de Coimbra a 13 de Junho de 2014 como aqui se noticiou e inclui, entre outros, trabalhos analíticos sobre cerâmicas brunidas recolhidas nas escavações realizadas no Outeiro do Circo.
Mais uma vez os nossos parabéns à Ana pelo reconhecimento do seu trabalho.


segunda-feira, 20 de abril de 2015

Arqueologia e seus públicos - comunicar, divulgar e preservar a memória - Lisboa, 29 de Abril

O Projeto Outeiro do Circo vai estar presente no seminário "Arqueologia e seus públicos - comunicar, divulgar e preservar a memória", organizado pela Secção de Arqueologia da Sociedade de Geografia de Lisboa a 29 de Abril de 2015.


Título: A Educação Patrimonial no Projeto Arqueológico do Outeiro do Circo (Beja): divulgar, envolver, preservar.
Autores: Miguel Serra e Eduardo Porfírio (Palimpsesto, Estudo e Preservação do Património Cultural, Lda.)

Resumo:
Desde 2008 que decorre um projeto de investigação arqueológica no Outeiro do Circo, povoado do Bronze Final situado no concelho de Beja, que promove uma forte aposta num programa de Educação Patrimonial, como forma de se projetar na comunidade local e de alcançar públicos diversificados, com o fim último de valorização e sensibilização do património arqueológico enquanto meio de desenvolvimento local.
As atividades desenvolvidas neste âmbito assentam em três vertentes fundamentais: divulgação do projeto de investigação através de uma vasta rede de ações destinadas a públicos distintos; envolvimento das comunidades locais, não só através da inclusão dos seus membros em atividades do projeto, mas sobretudo através da integração do próprio projeto na realidade local; preservação através da consciencialização das populações para a importância deste património na sua própria construção identitária.
O programa de Educação Patrimonial em curso no Projeto Outeiro do Circo não se constitui deste modo como mero retorno à sociedade e às entidades cooperantes, mas antes pretende ser uma forma de transmissão do conhecimento produzido capaz de transformar a realidade local de modo coletivo e em permanente diálogo com os vários agentes sociais.
Podemos afirmar que a maior pretensão deste programa passa então pela construção de mecanismos que permitam às comunidades locais apropriarem-se do seu património, identificando-se com ele e reconhecendo-o como parte da sua própria história e herança cultural. 

quinta-feira, 16 de abril de 2015

A ocupação do território - 6

Mina da Juliana

A sua descoberta vem datada de 11 de julho de 1881, sendo a concessão provisória atribuída Alonso Gomes. A sua designação oficial e inicial é Cova Redonda ou Cova da Moura, sendo chamada de Mina da Juliana por se encontrar numa herdade com esse nome.
A mina teve exploração subterrânea de cobre durante o século XIX e princípios do século XX. Esta exploração era feita através de poços e galerias que chegaram a atingir profundidades de cerca de 140m. O minério de cobre retirado (essencialmente calcopirite) era queimado em fornos (ustulação) para a obtenção do cobre. O transporte do minério era facilitado pela curta distância da mina à estação de caminho-de-ferro mais próxima, Figueirinha; cerca de 2,5 km de “bom caminho”. Da Figueirinha o minério era encaminhado para o Barreiro, onde embarcava rumo a Inglaterra.
Existem registos de trabalhos antigos, nomeadamente de lavra romana, mas de pouca relevância, dado que apenas teriam sido exploradas zonas com minério de boa qualidade e próximo da superfície.
Os minerais principais são a calcopirite (CuFeS2) e a bornite (Cu5FeS4), associadas a quartzo (SiO2), barite (BaSO4) e carbonatos (siderite (FeCO3), calcite (CaCO3) e dolomite (CaMg(CO3)2)), entre os quais alguns de origem secundária como a malaquite (Cu2CO3(OH)2) .
Trata-se de uma mina de tipo filoniano inserida no Complexo Vulcano-Sedimentar da Faixa Piritosa Ibérica (fig. 1). 
Fig. 1 - Enquadramento geológico da Mina da Juliana (in Oliveira et al, 2013)

O Complexo Vulcano-Sedimentar é representado na região por rochas vulcânicas (metavulcanitos), xistos siliciosos, xistos negros, xistos borra de vinho, jaspes e tufitos.

Referências:
Cabral, José Augusto Neves (1889), Catálogo descritivo da Secção de Minas (grupo I e II), Imprensa Nacional
Matos, J. X. & Pereira, Z. (2013), Aplicação e divulgação de modelos geológicos complexos no âmbito de projetos de património geológico-mineiro na Faixa Piritosa Ibérica, Geodinâmica e Tectónica global; a Importância da Cartografia Geológica, Livro de actas da 9a Conferência Anual do GGET-SGP
Oliveira, J. T. Coordenação (1988). Carta Geológica de Portugal, Folha 8, escala 1:200 000. Carta Geológica de Portugal. Lisboa: Serviço Geológico de Portugal.
Oliveira, J. T.  Coordenação (1992). Noticia Explicativa da Folha 8 da Carta Geológica de Portugal, 1:200 000. Carta Geológica de Portugal. Lisboa: Serviço Geológico de Portugal, 85 pp.
Oliveira, J.T., Relvas, J., Pereira, Z., Matos, J., Barriga, F., Rosa, C., Rosa, D., Munhá, J., Fernandes, P., Jorge, R. e Pinto, A. (2013). Geologia Sul Portuguesa, com ênfase na estratigrafia, vulcanologia física, geoquímica e mineralizações da faixa piritosa. Em Geologia de Portugal, Volume I, Geologia Pré-mesozóica de Portugal, (Dias, R., Araújo, A., Terrinha, P. e Kullberg, J. C, Editores), Escolar Editora, pp. 673 – 765.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

A ocupação do território - 5

A necrópole do Ulmo (Monte do Ulmo, Santa Vitória, Beja)

A necrópole de cistas da Idade do Bronze do Monte do Ulmo, situada na freguesia de Santa Vitória, foi descoberta em 1941 com o aparecimento de 4 cistas, mas delas só se daria notícia anos mais tarde nas páginas do Arquivo de Beja, após a visita efetuada ao local por Abel Viana em 1943, que apenas pôde observar “três grandes lajes de chisto, as quais, conforme no-lo contaram pessoas que assistiram ao desmantelamento do achado, representavam as tampas de três cistas”. Nesta primeira notícia sobre a necrópole do Ulmo é também mencionado que a quarta sepultura era maior que as outras e nela foi encontrado um “…bocado de arma de ferro parecida com um pedaço de espada…” (Viana 1947: 10-11).

Mais tarde, Abel Viana refere que outras doze cistas foram abertas na sua presença, e foram recolhidos diversos materiais como “…uma folha de canivete, de bronze […], um bocado da ponta de uma lança de ferro […], um pedacito de haste de ferro […], uma sovela de bronze […], uma vasilha […], um punhal de bronze…”, para além de ossos humanos em diversas cistas, incluindo um possível enterramento múltiplo na sepultura n.º 12 onde foram registados quatro esqueletos, “…dois deles dobrados e, por assim dizer, completos, e os outros dois dispostos talvez já com os ossos enfeixados…” (VIANA e RIBEIRO, 1956: 158-160). 
As peças 4, 5 e 6 correspondem a achados metálicos das cistas do Monte do Ulmo (retirado de Viana e Ribeiro, 1956: 164)

Outro aspeto referente às práticas funerárias é-nos sugerido em publicação posterior de Fernando Nunes Ribeiro que dá conta de um dos crânios recolhidos no Ulmo apresentar “…uma trepanação perfeitamente cicatrizada…” (Ribeiro, 1965: 32).
Esta necrópole parece ter sido uma das maiores da região Oeste de Beja, uma vez que todas as outras conhecidas raramente atingem a dezena de sepulturas identificadas, com exceção da necrópole das Mós onde se reconheceram dez cistas (SERRA, 2014: 275, tabela 1).
Entre algumas das principais dúvidas que subsistem das informações publicadas, destacam-se a localização precisa da área de implantação desta necrópole, bem como a justificação da presença de materiais em ferro em diversas sepulturas, uma vez que não sabemos se se trata de erros de interpretação, ou se poderão dever-se a reutilizações mais tardias das sepulturas, ou se estaremos na presença de algumas cistas da Idade do Ferro.

Referências
RIBEIRO, F. N. (1965) – O Bronze Meridional Português. Beja.
SERRA, M. (2014) – Os senhores da planície. A ocupação da Idade do Bronze nos “Barros de Beja” (Baixo Alentejo, Portugal), Antrope, série monográfica 1, pp. 270-296.
VIANA, A. (1947) – Notas históricas, arqueológicas e etnográficas do Baixo Alentejo, Arquivo de Beja, vol. IV, fasc. I-II, pp. 10-11.
VIANA, A. E RIBEIRO, F. N. (1956) – Notas históricas, arqueológicas e etnográficas do Baixo Alentejo, Arquivo de Beja, vol. XIII, fasc. I-IV, pp. 153-167.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Imprensa

Duas entrevistas de Miguel Serra, coordenador do Projeto Outeiro do Circo sobre o balanço das atividades realizadas em 2014 (clique nas imagens para aceder às notícias).




sábado, 11 de abril de 2015

Dia Internacional dos Monumentos e Sítios - percurso pedestre

Cartaz do percurso pedestre integrado nas comemorações do Dia Internacional de Monumentos e Sítios - Santa Vitória, Beja, 18 de Abril

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Balanço 2014

Com um atraso significativo em relação ao que sucedeu em anos anteriores, só agora nos foi possível dispor de algum tempo livre para traçar o balanço das atividades realizadas em 2014 no âmbito do Projeto Outeiro do Circo.
O ano transato fica claramente marcado pelo início de um novo projeto de investigação, sob o título bastante genérico de “O Povoado do Bronze Final do Outeiro do Circo (Beja)”, que irá continuar até 2017.
No âmbito deste novo projeto foi possível retomar o trabalho de campo no verão passado, com uma campanha de escavações centrada na abertura de novas áreas de sondagem no espaço interior do povoado. Estes trabalhos foram precedidos pela realização de prospeções geofísicas com recurso a geo-radar e magnetometria, a cargo do Centro de Geofísica de Évora, como resultado de um protocolo estabelecido com o Centro Hércules (Univ. Évora) que em muito pode contribuir para um aumento exponencial da informação científica sobre o Outeiro do Circo.

Os professores José Fernando Borges e Bento Caldeira (Centro de Geofísica de Évora) durante os trabalhos de prospeção com Geo-radar 

Escavações em curso

Quanto à campanha de escavações propriamente dita, podemos dizer que decorreu de forma muito positiva, trazendo à superfície dados inéditos sobre a ocupação do povoado, como se comprova pelo aparecimento pela primeira vez de cerâmicas enquadráveis na Idade do Ferro, até ao momento desconhecidas no Outeiro do Circo.
As já tradicionais visitas guiadas mantiveram-se durante todo o mês de Agosto enquanto decorreram os trabalhos de campo, e tiveram a novidade de pela primeira vez também integrarem a vinda de jovens em férias nos programas ATL da freguesia de Beringel e da união de freguesias de Santa Vitória e Mombeja.

Visita guiada com jovens do ATL de Santa Vitória e Mombeja

Outra novidade consistiu na criação de um programa de conferências, realizadas pelos membros do projeto e alguns investigadores convidados, que eram direcionadas aos voluntários que participaram nas escavações, mas que foram abertas a todos os interessados e que decorreram no auditório do Regimento de Infantaria 3 de Beja.

Conferência de António Monge Soares no Regimento de Infantaria 3 em Beja

Mais uma vez é de salientar que esta campanha só foi possível devido ao apoio financeiro e logístico da Câmara Municipal de Beja e da empresa Palimpsesto, a quem expressamos o nosso agradecimento.
Para além dos trabalhos de campo há que salientar a realização de diversas ações de divulgação deste projeto destinadas a alcançar um público cada vez mais vasto e diversificado, mas também a criar um maior envolvimento com a comunidade local, no seguimento do programa de educação patrimonial que decorre ao longo de todo o ano.
Assim começamos por destacar a criação de um perfil do Projeto Outeiro do Circo no site de divulgação científica academia.edu, onde se encontram alojadas e disponíveis para descarga todas as publicações científicas sobre a investigação realizada sobre o Outeiro do Circo e que inclui também alguns textos de divulgação.
No mesmo âmbito, criou-se uma nova rubrica no blog, sob o título “Citações” onde são dados a conhecer alguns textos recolhidos na bibliografia arqueológica acerca do Outeiro do Circo.
Continuando na divulgação de carater mais científico há que mencionar a participação na Mesa Redonda “A Idade do Bronze em Portugal – os dados e os problemas” que reuniu diversos especialistas nacionais em Abrantes a 28 e 29 de Abril, na qual foi apresentada a comunicação “Os senhores da planície. A ocupação da Idade do Bronze nos «Barros de Beja» (Baixo Alentejo, Portugal)” e já publicada na revista Antrope. Outra participação a registar reporta-se ao convite endereçado para o Projeto Outeiro do Circo estar presente no 1º Forum – Museus, Empresas e Associações de Arqueologia (Mação, 18 de Novembro), onde se pretendeu dar destaque ao programa de Educação Patrimonial em curso através de uma comunicação intitulada “Algumas experiências de divulgação da arqueologia em ambiente de salvaguarda e investigação”, que será publicada durante este ano, mas podendo os interessados visualizar o power point da apresentação.

Conferência de Miguel Serra na Mesa Redonda "A Idade do Bronze em Portugal" (Abrantes, 28 e 29 de Abril 2014)

Conferência de Eduardo Porfírio no 1º Forum - Museus, Empresas e Associações de Arqueologia (Mação, 18 de Novembro 2014)

A participação no Encontro de Arqueologia do Sudoeste é já uma tradição deste projeto, que marcou presença na VIII edição realizada em Serpa e Aroche a 24, 25 e 26 de Outubro, com um poster dedicado à presença de vestígios calcolíticos no Outeiro do Circo. Também merece menção a publicação do artigo “Atrás dos gestos: as cerâmicas decoradas do Outeiro do Circo (Mombeja, Beja, Portugal) e a ênfase nas decorações brunidas” saído no volume de actas do VI Encontro de Arqueologia do Sudoeste (Villafranca de los Barros, 4 a 6 de Outubro de 2012).
No final do ano foi a vez de uma das colaboradoras do projeto, Ana Osório, se deslocar ao Algarve para duas apresentações em São Brás de Alportel e Lagoa, integradas nas conferências anuais da Associação Arqueológica do Algarve, com o título “Experimental insights on pottery interpretation” e que surgiu no seguimento do apoio anteriormente concedido à autora para a realização de um projeto de arqueologia experimental sobre cerâmica.
Por último, no que diz respeito à componente de divulgação para um público especializado, há que referir a publicação do livro online “Idade do Bronze do Sudoeste: novas perspetivas sobre uma velha problemática” que tem como editores Miguel Serra, responsável do Projeto Outeiro do Circo e Raquel Vilaça, consultora científica do projeto, e que reúne diversos contributos sobre vários temas da investigação subordinada ao Outeiro do Circo, nos artigos de Miguel Serra, Raquel Vilaça e Sofia Silva.
No ano de 2014 os responsáveis pelo projeto deram mais uma vez resposta a solicitações no âmbito da realização de trabalhos académicos, cabendo desta vez a criação de um estágio curricular para João Chinita, aluno do Instituto Politécnico de Beja, do curso de Artes Plásticas e Multimédia, que propôs e criou um site para o Outeiro do Circo. No mesmo âmbito de cooperações académicas há que felicitar a Ana Osório, colaboradora do projeto, pela defesa da sua tese de doutoramento “Gestos e Materiais: uma abordagem interdisciplinar sobre cerâmicas com decoração brunida do Bronze Final / I Idade do Ferro que integrou diversos estudos analíticos sobre cerâmica, realizados no âmbito do Projeto Outeiro do Circo, entre outros.
Ao nível da divulgação mais generalista há que registar o sucesso das iniciativas que integraram em dias consecutivos as Jornadas Europeias do Património e o Dia Mundial do Turismo, a 26 e 27 de Setembro, e que permitiram reunir várias dezenas de interessados numa conferência sobre “Educação Patrimonial, Turismo e Arqueologia”, proferida por Eduardo Porfírio e numa visita guiada ao Outeiro do Circo, conduzida por Miguel Serra e Sofia Soares, e que também incluiu uma caminhada até à aldeia de Mombeja, percorrendo os “Barros Pretos de Beja” ao longo da Falha da Messejana, num percurso que permitiu conhecer também as condições geológicas da envolvente do Outeiro do Circo. Por fim, os participantes foram brindados com uma mostra de produtos regionais, artesanato, gastronomia e cante alentejano, numa celebração destinada a promover uma série de valores culturais de forma integrada.

Conferência de Eduardo Porfírio nas Jornadas Europeias do Património (Núcleo Museológico do Sembrano, Beja, 26 de Setembro 2014)

Visita guiada no Dia Mundial do Turismo (27 de Setembro 2014)

Cante, artesanato e gastronomia em Mombeja no Dia Mundial do Turismo (27 de Setembro 2014)

Com o intuito de alargar o conhecimento produzido na investigação sobre o Outeiro do Circo a cada vez mais público, manteve-se uma relação de grande empatia com a comunicação social, sobretudo local, que ao longo do ano produziu diversas notícias sobre as atividades do projeto, tanto nos jornais como nas rádios, mas cabendo-nos destacar os convites para as entrevistas nos programas Estrada Municipal e Preto no Branco da Rádio Voz da Planície e no programa Verão Total da RTP. Ainda neste âmbito convém referir a presença do projeto nas redes sociais, principalmente através do Facebook, mas também noutras plataformas como o Twitter, o Pintrest, o Klout ou o Google+. A conjugação desta diversidade de meios e de canais de comunicação permite-nos atingir públicos distintos, tendo sempre como base da estratégia de comunicação o trabalho desenvolvido na vertente científica.

Entrevista com Eduardo Porfírio no programa Estrada Municipal da Rádio Voz da Planície (Mombeja, 15 de Março 2014)

Quanto a 2015…resta-nos esperar continuar com a mesma dinâmica e contando seguramente com o apoio de todos os que se interessam por este projeto!


quarta-feira, 8 de abril de 2015

Dia Internacional dos Monumentos e Sítios

É já nos próximos dias 17 e 18 de Abril em Santa Vitória (Beja)


17 de Abril - 21:30 - Conferencia: A Idade do Bronze na região de Santa Vitória: proferida por Miguel Serra e Eduardo Porfírio. Duração: 45 minutos. Visa dar a conhecer ao público o vasto património da região de Santa Vitória durante a Idade do Bronze. Serão descritos alguns dos sítios emblemáticos deste período, com especial destaque para as diversas necrópoles, povoados de planície e estelas do Bronze Médio, e para os povoados do Bronze Final. Também serão apresentados alguns materiais arqueológicos característicos deste período na região, como as famosas taças de tipo Santa Vitória.

18 de Abril - 9:00 (saída de Beja) - Percurso: Santa Vitória – Monte do Ulmo – Mina da Juliana: percurso comentado por Miguel Serra e Sofia Soares. Duração: 2 horas. Saída de Beja em direção a Santa Vitória em autocarro e/ou carro próprio, seguindo até ao Monte do Ulmo onde se iniciará o percurso pedestre até à Mina da Juliana. No Monte do Ulmo haverá lugar a uma explicação sobre o cemitério da Idade do Bronze do Ulmo, a cargo de Miguel Serra e na Mina da Juliana haverá uma explicação sobre mineração antiga proferida por Sofia Soares. 

Imprensa:
Rádio Voz da Planície
Rádio Pax



quinta-feira, 2 de abril de 2015

Mina da Juliana - um pouco de história

Mina da Juliana - foto de Mariano Martins (2009) - retirada de http://santa-vitoria.blogspot.pt/

A propósito das iniciativas do Projeto Outeiro do Circo agendadas para os dias 17 e 18 de Abril em Santa Vitória (comemorações do Dia Internacional de Monumentos e Sítios), recordamos um artigo de José Filipe Murteira sobre a história da Mina da Juliana desde os seus tempos mais remotos até à atualidade.
O texto foi publicado nas edições de 25 de Abril e 2 de Maio de 2014 do Diário do Alentejo e encontram-se disponíveis no blog do autor.