quinta-feira, 16 de abril de 2015

A ocupação do território - 6

Mina da Juliana

A sua descoberta vem datada de 11 de julho de 1881, sendo a concessão provisória atribuída Alonso Gomes. A sua designação oficial e inicial é Cova Redonda ou Cova da Moura, sendo chamada de Mina da Juliana por se encontrar numa herdade com esse nome.
A mina teve exploração subterrânea de cobre durante o século XIX e princípios do século XX. Esta exploração era feita através de poços e galerias que chegaram a atingir profundidades de cerca de 140m. O minério de cobre retirado (essencialmente calcopirite) era queimado em fornos (ustulação) para a obtenção do cobre. O transporte do minério era facilitado pela curta distância da mina à estação de caminho-de-ferro mais próxima, Figueirinha; cerca de 2,5 km de “bom caminho”. Da Figueirinha o minério era encaminhado para o Barreiro, onde embarcava rumo a Inglaterra.
Existem registos de trabalhos antigos, nomeadamente de lavra romana, mas de pouca relevância, dado que apenas teriam sido exploradas zonas com minério de boa qualidade e próximo da superfície.
Os minerais principais são a calcopirite (CuFeS2) e a bornite (Cu5FeS4), associadas a quartzo (SiO2), barite (BaSO4) e carbonatos (siderite (FeCO3), calcite (CaCO3) e dolomite (CaMg(CO3)2)), entre os quais alguns de origem secundária como a malaquite (Cu2CO3(OH)2) .
Trata-se de uma mina de tipo filoniano inserida no Complexo Vulcano-Sedimentar da Faixa Piritosa Ibérica (fig. 1). 
Fig. 1 - Enquadramento geológico da Mina da Juliana (in Oliveira et al, 2013)

O Complexo Vulcano-Sedimentar é representado na região por rochas vulcânicas (metavulcanitos), xistos siliciosos, xistos negros, xistos borra de vinho, jaspes e tufitos.

Referências:
Cabral, José Augusto Neves (1889), Catálogo descritivo da Secção de Minas (grupo I e II), Imprensa Nacional
Matos, J. X. & Pereira, Z. (2013), Aplicação e divulgação de modelos geológicos complexos no âmbito de projetos de património geológico-mineiro na Faixa Piritosa Ibérica, Geodinâmica e Tectónica global; a Importância da Cartografia Geológica, Livro de actas da 9a Conferência Anual do GGET-SGP
Oliveira, J. T. Coordenação (1988). Carta Geológica de Portugal, Folha 8, escala 1:200 000. Carta Geológica de Portugal. Lisboa: Serviço Geológico de Portugal.
Oliveira, J. T.  Coordenação (1992). Noticia Explicativa da Folha 8 da Carta Geológica de Portugal, 1:200 000. Carta Geológica de Portugal. Lisboa: Serviço Geológico de Portugal, 85 pp.
Oliveira, J.T., Relvas, J., Pereira, Z., Matos, J., Barriga, F., Rosa, C., Rosa, D., Munhá, J., Fernandes, P., Jorge, R. e Pinto, A. (2013). Geologia Sul Portuguesa, com ênfase na estratigrafia, vulcanologia física, geoquímica e mineralizações da faixa piritosa. Em Geologia de Portugal, Volume I, Geologia Pré-mesozóica de Portugal, (Dias, R., Araújo, A., Terrinha, P. e Kullberg, J. C, Editores), Escolar Editora, pp. 673 – 765.

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