domingo, 29 de dezembro de 2013

Balanço 2013


Tal como sucedeu em 2012, também no final do presente ano pode parecer contraditório fazer um balanço num ano em que o projeto de investigação sobre o Outeiro do Circo esteve parado por falta de apoios.
No entanto, importa fazer a distinção entre o que designamos como Projeto Outeiro do Circo, relacionado com todas as atividades de investigação e de divulgação decorrentes sobre este sítio arqueológico e o projeto de investigação, integrado no âmbito do PNTA e que decorreu entre 2008 e 2011 (com uma intervenção extra no presente ano), sem ter sido possível dar-lhe sequência após a rejeição das candidaturas apresentadas à Câmara Municipal de Beja, principal parceiro do projeto, em 2012 e 2013 para implementação de novo programa de investigação.
Após este breve esclarecimento passemos então ao balanço propriamente dito.
Começamos por destacar duas publicações que foram editadas em 2013 sobre os resultados do Projeto Outeiro do Circo, como o artigo da revista VIPASCA (n.º 4 da 2ª série) da autoria de Miguel Serra e Eduardo Porfírio com o título “O Povoado do Bronze Final do Outeiro do Circo (Mombeja/Beringel, Beja): resultados das campanhas de 2008 – 2009” ou um outro resultante de parcerias estabelecidas com o antigo Instituto de Tecnologia Nuclear, intitulado Estudo de metais e vestígios de produção do povoado fortificado do Bronze Final do Outeiro do Circo (Beja)", que teve como autores Pedro Valério, António Monge Soares, Maria Fátima Araújo, Rui Silva, Eduardo Porfírio e Miguel Serra, sendo publicado nas atas do I Congresso da Associação dos Arqueólogos Portugueses, realizado entre os dias 21 e 24 de Novembro em Lisboa.
Foram ainda apresentadas algumas comunicações e posters em congressos por parte dos responsáveis do projeto e seus colaboradores, a quem desde já se agradece a disponibilidade e interesse, como no congresso internacional Etnoarqueologia e Experimentação: para além da analogia, celebrado na Universidade de Granada (Espanha) em Março, onde se apresentou a comunicação Pottery inside out: Exploring the “chaine operatoire” of production through analysis, ethnography and experimental archaeology, da autoria de Ana Osório, Sofia Silva, Diana Fernandes, Eduardo Porfírio, Miguel Serra, Raquel Vilaça e Teresa Vieira, ou o poster no VII Encontro de Arqueologia do Sudoeste (Aroche - Serpa, 29, 30 Novembro e 1 Dezembro), da autoria de Sofia Silva com o título “As cerâmicas do Outeiro do Circo (Beja): das tipologias ao estudo do povoamento”.
É também de referir a colaboração com o meio universitário, que permite a realização de contínuos trabalhos académicos dedicados ao Outeiro do Circo, como será natural destacar a tese de mestrado de Sofia Silva, defendida na Universidade de Coimbra e centrada no estudo das cerâmicas deste povoado ou a apresentação de conferências em aulas de mestrado, na mesma universidade subordinadas e este e outros temas sobre a Idade do Bronze do Sudoeste.
Ao nível daquilo que enquadramos nas iniciativas de Educação Patrimonial, dedicadas ao grande público, mas não só, começamos por mencionar a realização de conferências em parceria com o Instituto Politécnico de Beja no mês de Maio, dedicadas a temas da arqueologia, mas também da geologia, e que foram complementadas com um percurso pedestre ao Outeiro do Circo e zona envolvente. Em Junho foi a vez de Óbidos receber uma conferência destinada a dar a conhecer aos membros da British Historical Society of Portugal o sítio e o projeto, bem como algumas noções sobre a Idade do Bronze no Sul de Portugal.
Neste capítulo há ainda a referir a conferência sobre arqueologia experimental em cerâmicas que teve lugar no Museu Jorge Vieira em Beja integrada nas Jornadas Europeias de Património de 2013.
Também integrado em comemorações sobre o património cultural, realizou-se o workshop FaCta em Mombeja durante o mês de Abril no âmbito do Dia Internacional de Monumentos e Sítios, constituindo uma iniciativa geradora de grande entusiasmo entre os participantes.
Em Maio foi a vez do Instituto de Arqueologia da Universidade de Coimbra receber um workshop similar, mas desta vez contando com a participação de um público estudantil, nomeadamente dos cursos de 1º e 2º ciclo em arqueologia desta instituição. De referir ainda que esta iniciativa só foi possível com o financiamento atribuído pela Associação Arqueológica do Algarve à candidatura apresentada por Ana Osório, colaboradora do Projeto Outeiro do Circo desde o seu início.
Ao nível da divulgação há que mencionar ainda a realização de algumas vistas guiadas que geram sempre participações elevadas, como as do Clube de Arqueologia de Ourique em Abril, o Passeio na Natureza, também em Abril, organizado pela Câmara Municipal de Beja que permitiu a realização de um percurso entre o Outeiro do Circo e o Moinho do Mira, iniciativa também enquadrada no Dia Internacional de Monumentos e Sítios. No âmbito das já referidas Jornadas Europeias do Património há que destacar uma visita à exposição sobre o Outeiro do Circo patente no Núcleo Museológico da Rua do Sembrano, e por fim a realização de um Dia Aberto durante as escavações de Setembro no Outeiro do Circo, mais uma vez com o apoio da edilidade bejense e que constituiu a concretização de uma iniciativa há muito ansiada.
Por último há que referir a realização de uma curta campanha de trabalhos de 2 semanas em Setembro, motivada por vários danos sofridos na área escavada no Outeiro do Circo e que teve também como objetivo a selagem definitiva dessa zona para evitar problemas futuros, enquanto se aguarda uma decisão sobre a eventual continuidade dos trabalhos arqueológicos neste local. Estes trabalhos só foram possíveis com o apoio da Câmara Municipal de Beja, Junta de Freguesia de Mombeja e da empresa Palimpsesto.
Feito o balanço, seria precipitado revelar algum tipo de plano de atividades futuro que será sempre fortemente condicionado pela existência ou não de apoios para a continuidade da investigação arqueológica no local. No entanto, iniciativas relacionadas com a divulgação do projeto e do sítio serão sempre um objetivo prioritário a cumprir em função das oportunidades surgidas.

FELIZ ANO NOVO…

Mombeja (em Setembro de 2013)

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Rampa de barro cozido

As fotos aéreas cedidas por Maria João Macedo (CM Beja) permitem novo contributo acerca da discussão sobre as rampas de barro cozido detetadas no Outeiro do Circo no decurso da escavação realizada na sondagem 1.
Nas imagens é visível um contorno de tom laranja ladeado por dois contornos de tonalidade cinzenta escura, que surgem no alinhamento dos taludes delimitados pela linha de árvores onde se implantou a referida sondagem.
 
 
O tom laranja nas imagens é claramente relacionado com a rampa de barro cozido e com os alinhamentos pétreos da muralha (muro superior e muro de contenção), tendo inclusivamente sido recolhidos diversos blocos de barro cozido em prospeções realizadas nesta área do povoado.
Estes elementos sugerem que a realização da combustão que originou a rampa se constituiu como um acto planificado que abarcou pelo menos grande parte do talude virado a Noroeste.
Temos assim, mais um indicador da complexidade construtiva das muralhas do Outeiro do Circo que constituirá matéria de análise de trabalhos futuros.