quarta-feira, 30 de maio de 2018

Outeiro do Circo na Semana Cultural da União de Freguesias de Santa Vitória e Mombeja

O Projecto Outeiro do Circo volta a colaborar com a União de Freguesias de Santa Vitória e Mombeja, no âmbito da Semana Cultural, que decorre entre 26 de Maio e 3 de Junho.
No dia 2 de Junho, com início às 8h30 em Mombeja, haverá lugar à caminhada "Do alto destas muralhas trinta séculos vos contemplam", que propõe um percurso até ao Outeiro do Circo comentado pelos arqueólogos Miguel Serra e Eduardo Porfírio. 
A seguir ao percurso sugere-se um almoço convívio para os participantes, organizado pelo Grupo Desportivo e Cultural de Mombeja.

domingo, 27 de maio de 2018

Do alto destas muralhas 30 séculos vos contemplam

O Projecto Outeiro do Circo colabora na organização da caminhada do Grupo Desportivo e Cultural de Mombeja, integrada na Semana Cultural da União de Freguesias de Santa Vitória e Mombeja.

Caminhada - 2 de Junho 
Do alto destas muralhas trinta séculos vos contemplam”.

Percurso: Mombeja – Outeiro do Circo – Mombeja = 10 km. 
Percurso comentado por Miguel Serra e Eduardo Porfírio, arqueólogos do Projecto Outeiro do Circo.
Duração: 3 horas.

Descrição: saída de Mombeja (paragem de autocarro) pelo campo de futebol em direcção ao Outeiro do Circo. No Outeiro do Circo haverá lugar a uma explicação sobre o sítio e sobre o território envolvente, seguindo-se uma merenda partilhada no campo. Após a merenda parte-se do Outeiro do Circo em direcção ao Monte do Circo para atravessar a estrada em direção à Horta da Fonte Paias e depois em direcção a Mombeja.




A participação na Caminhada é grátis mas haverá um almoço depois, para o qual é necessário fazer a inscrição e que terá um custo de 5 euros. O almoço constará de carne grelhada e sardinhas assadas.

As inscrições podem ser feitas em Mombeja, no Café Mousinho e no Mini-Mercado Maria Amália, em Santa Vitória na Junta de Freguesia ou através do mail gdcmombeja.btt@sapo.pt

domingo, 6 de maio de 2018

A ocupação do território 12

Monte do Mosteiro (Salvada/Quintos) - povoado fortificado do Bronze Final

O Monte do Mosteiro é um povoado fortificado situado sobre um meandro pronunciado que remata numa zona de encosta escarpada sobre a Ribeira de Terges. Reconheceu-se a existência de uma possível linha de muralha no acesso norte, apesar de não se conhecer a sua planta. Pelo tipo de implantação atribui-se-lhe uma cronologia entre o Bronze Final e a I Idade do Ferro, apesar de não se terem recolhido materiais, situação que necessitará da necessária comprovação arqueológica futura. A plataforma passível de ter sofrido ocupação possui cerca de 4 hectares. 
Será sem dúvida precipitado tecer mais considerações sobre este sítio devido ao parco estado dos conhecimentos, mas não podemos deixar de notar mais uma vez a importância da sua localização para o controlo de uma zona de passagem situada na Ribeira de Terges (Barros, 2012: 222; Serra e Porfírio, 2017; Serra, 2014). 

Bibliografia:
BARROS, P. (2012), O Bronze Final na região de Mértola. In, JIMÉNEZ ÁVILA, J. (ed.), Sidereum Ana II – El río Guadiana en el Bronce Final. Mérida: Anejos de AEspA, LXII, pp. 215-227. 
SERRA, M. e PORFÍRIO, E. (2017), Estratégias de povoamento entre o Bronze Pleno e Final na região de Beja. Scientia Antiquitatis, 1, p. 209-232
SERRA, M. (2014), Muralhas, Território, Poder. O papel do povoado do Outeiro do Circo (Beja) durante o Bronze Final. In VILAÇA, R. e SERRA, M. (coord), Idade do Bronze do Sudoeste - Novas perspetivas sobre uma velha problemática. Coimbra [http://www.uc.pt/fluc/iarq/pub_online/], p. 75-99.

Localização do Monte do Mosteiro (Salvada / Quintos) na CMP 541
Localização do Monte do Mosteiro (Salvada / Quintos) no Google Earth
Localização do Monte do Mosteiro (Salvada / Quintos) no Google Earth


quarta-feira, 2 de maio de 2018

Reportagem do Diário do Alentejo "Beja antes da chegada dos romanos"

O Diário do Alentejo fez uma reportagem sobre o tema da conferência "Um mundo em mudança - Transformação e diversidade nas sociedades da idade do bronze do Sudoeste", proferida no passado dia 19 de Abril no Núcleo Museológico da Rua do Sembrano, no âmbito da exposição temporária sobre a Idade do Bronze, integrada na exposição "Sob a Terra e as Águas - 20 anos de arqueologia entre o Guadiana e o Sado".
A reportagem foi realizada por Joana Silva e Marta Sofia Mansinhos, alunas do curso de Educação e Comunicação Multimédia do Instituto Politécnico de Beja, no âmbito do acolhimento de alunos de jornalismo no Diário do Alentejo entre 19 e 21 de Abril.





Beja antes da chegada dos romanos

Na quinta-feira da semana passada, dia 19, o arqueólogo Miguel Serra deu uma conferência subordinada ao tema “Um mundo em mudança - Transformação e diversidade nas sociedades da idade do bronze do Sudoeste”, no Museu do Sembrano, em Beja, no âmbito da inauguração de uma exposição sobre a Idade do Bronze, período compreendido entre 4 a 3/2 800mil anos atrás. Serão realizadas outras conferências de outras épocas, como a Idade do Ferro e a Época Romana.
O conhecimento sobre os primeiros povos a habitar esta região é insuficiente, diz o arqueólogo, “visto que se está a falar de povos pré-históricos antes do aparecimento da escrita”. Nas épocas seguintes já existem relatos de autores romanos e de outros geógrafos gregos. Segundo Miguel Serra, “não se sabe que nomes possuíam ou como se entenderiam em termos de linguagem, mas provavelmente tratava-se de povos que viveram na sua primeira fase em clãs familiares num sentido quase tribal. Com o avançar desta época para o final, o que chamamos como o bronze final, existe uma maior consciência deste povo no sentido em que surgiram grandes locais arqueológicos”.
O melhor exemplo que existe, adianta o especialista, é o Outeiro do Circo, herdade de 17 hectares, situada nos arredores de Beja, “onde provavelmente a comunidade que lá vivia poder-se-ia entender a si própria como um povo que dominaria uma vasta região e que foi evoluindo ao longo de todo este período”. Mas “só na época seguinte, com o aparecimento da escrita, é que se descobriu, de forma mais concreta, informações sobre como era a vida desses povos”, diz o arqueólogo que foi coordenador científico do projeto arqueológico do Outeiro do Circo, entre 2008-2017.
A maior parte das descobertas efetuada na região do Baixo Alentejo, no século XIX, “não eram escavações, eram achados isolados no âmbito de trabalhos agrícolas “, esclarece o arqueólogo. Ao longo do século XX registaram-se várias escavações, algumas levadas a cabo pelo arqueólogo Abel Viana. Nos últimos 20 anos, mas com maior intensidade, na região de Beja, nos últimos 10, as escavações associadas aos trabalhos do Alqueva, desenvolvidas pela EDIA- Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva e o foco da conferência proferida por Miguel Serra, permitiram “descortinar vestígios, por estes territórios, praticamente de todas as épocas, desde a pré-história mais antiga até aos momentos mais recentes”.
O arqueólogo diz que o que mais tem surpreendido é o facto “de passarmos de uma situação em que para esta época da idade do Bronze tínhamos uma ausência, ou raridade, de vestígios para agora termos uma profusão de vestígios que desconhecíamos”. Miguel Serra considera que “a maior importância se calhar não é um sítio ou um achado em si, mas sim o conjunto de informação que todos estes sítios proporcionam por nos dar uma ideia de como era o povoamento ao longo desta época, de com estas pessoas habitavam aqui, sobretudo na planície, como é que enterravam os seus mortos, como é que exploravam o território”. O arqueólogo diz ainda que “às vezes é tão importante achar uma semente como encontrar um artefacto em ouro, porque a semente também nos conta muito sobre como estas pessoas viviam, mais até do que o artefacto em ouro”.
O especialista salienta ainda que a partir de uma determinada altura da idade do bronze, depois de uma primeira fase em que estas comunidades viviam dispersas “em, digamos, numa espécie de aldeias na planície”, tiveram tendência “para se concentrarem em espaços maiores, melhor defendidas em sítios altos”, sendo que se pode fazer “uma analogia, assim um bocadinho forçada, com o que o ser humano ainda faz hoje em dia, que é tentar viver em grandes comunidades nas cidades”.

Texto Joana Silva e Marta Sofia Mansinhos Alunas do IPBeja
Foto DR