quinta-feira, 21 de junho de 2012

Conferência na AAA

Report of lecture:
Tuesday 8th May 2012. Miguel Serra and Eduardo Porfírio. Outeiro do Circo. Bronze Age site Beja

http://www.arqueoalgarve.org/6.html

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Cancelamento do Projeto Outeiro do Circo


O Projeto de Investigação Arqueológica dedicado ao Outeiro do Circo (Mombeja/Beringel – Beja) foi cancelado por falta de apoio por parte da Câmara Municipal de Beja.

Entre 2008 e 2012 realizaram-se quatro campanhas de escavação neste importante sítio arqueológico do Baixo Alentejo, que contaram com o apoio de diversas instituições, mas que dependeram sempre do apoio financeiro da Câmara Municipal de Beja, no papel de principal parceira do projeto.

Para além das ações de campo realizadas, foi desenvolvido um intenso e variado programa social e de divulgação que contribuiu de forma indelével para um maior reconhecimento deste projeto e para dar a conhecer um pouco de uma região deprimida localizada fora dos principais circuitos turísticos da região alentejana.

As expetativas criadas com os resultados obtidos e as reações positivas a este projeto levaram a que em Janeiro de 2012 fosse apresentado à Câmara Municipal de Beja um novo pedido de apoio centrado no desenvolvimento de nova fase de investigação do sítio e da região onde se insere, dando cumprimento a um dos objetivos estabelecidos em 2008, que visava a criação de um programa geral de investigação após uma fase de avaliação das potencialidades do sítio arqueológico.

O programa sugerido para a intervenção a realizar entre 2012 e 2015 pressupunha uma nova abordagem ao Outeiro do Circo e a outros sítios da Idade do Bronze localizados nas proximidades, englobando a criação de áreas visitáveis ao público, fator determinante para garantir o interesse sobre o projeto através da conquista de novos públicos e permitindo o surgimento de uma mais valia patrimonial na região.

Os aspetos relacionados com a divulgação e as ações sociais mereceram natural ênfase dado o relativo sucesso atingido nos anos anteriores.

Em suma, a nova fase proposta permitia um aumento da área de intervenção com naturais consequências em termos de novos conhecimentos científicos, criação de espaços visitáveis, incremento das ações de divulgação e educação patrimonial, entre outras. Tudo isto cabimentado de acordo com os mesmos custos da fase anterior, através de uma otimização e rentabilização dos meios colocados à disposição da equipa científica.

Após um longo período sem resposta em relação a este pedido, fomos informados no dia 15 de Junho que a Câmara Municipal de Beja não estaria em condições de confirmar os apoios para o presente ano.

O arranque de um novo projeto teria sempre de ser devidamente organizado em tempo útil, pelo que a resposta da Câmara Municipal de Beja apenas veio confirmar aquilo que já sabíamos ser inevitável.

Sempre nos transmitiram o interesse por parte do executivo neste projeto que esperamos que se mantenha para uma nova oportunidade a surgir o mais brevemente possível.

Resta-nos garantir que manteremos o interesse e persistência para recuperar tempo perdido e voltar ao Outeiro do Circo no prazo mais curto possível. Aliás, haverá um retorno constante e em breve para realizar outras atividades no Outeiro do Circo, quer as que já se encontram agendadas, quer outras que ainda estamos a organizar ou outras ainda que surjam oportunamente.

O impacto deste projeto junto da comunidade local é o garante da nossa vontade de realizar todas as ações possíveis, mesmo sem os apoios desejáveis. E é com essa certeza que entre Julho e Outubro iremos realizar algumas visitas organizadas, ações de formação e oficinas de arqueologia experimental.

Resta-nos agradecer o apoio de todos os que participaram neste projeto, desde os colaboradores mais diretos, aos voluntários, os diversos investigadores de várias áreas, aos amigos, às entidades parceiras, à população de Mombeja pelo seu carinho e amizade e a todos os que contribuíram para o sucesso alcançado.

Acreditamos convictamente que se tratará apenas de uma breve interrupção, que tentaremos minimizar neste espaço, dando conta dos diversos resultados que ainda esperamos alcançar durante este ano, como por exemplo no caso das análises no domínio das arqueociêcnias e outras atividades que se consigam realizar.

Coimbra e Lisboa (com o pensamento em Mombeja), 16 de Junho de 2012

Miguel Serra e Eduardo Porfírio
Responsáveis do Projeto Outeiro do Circo.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A ocupação do território 3

Corte da Azenha (Santa Vitória) – necrópole de cistas do Bronze Médio


A necrópole de cistas de Corte d`Azinha, por vezes mencionada como Corte da Azenha, situa-se na freguesia de Santa Vitória, não sendo possível precisar a sua localização exata, uma vez que Abel Viana apenas nos indica que esta se situa “…em uma ladeira próxima do monte da Corte d`Azinha…” (Viana, 1954: 19).

Integra o núcleo de necrópoles do Bronze Médio que se concentra ao longo das Ribeiras do Roxo e da Chaminé (Parreira, 1998: 270).

Esta necrópole foi detetada em Dezembro de 1949 durante a realização de trabalhos agrícolas que expuseram algumas lajes pertencentes a diversas cistas. Em 1951 seria intervencionada por Abel Viana e Álvaro-João de Brée que escavaram três cistas ditas de “tipo argárico” (Viana, 1954: 19). Uma das cistas ainda possibilitou a recuperação de um dente humano e um vaso esférico, enquanto que as restantes duas já não possuíam espólio.

Pouco mais sabemos acerca desta necrópole, uma vez que não teve intervenções posteriores, apesar de Abel Viana e Fernando Nunes Ribeiro alguns anos mais tarde num artigo de síntese dedicado às “Necrópoles Argáricas de Santa Vitória” a mencionarem a propósito da sua curta distância em relação às Minas da Juliana (dista cerca de 3 Km), procurando uma eventual relação entre a sua localização e a importância da existência da mineração do cobre, fator que poderia ter contribuído para a concentração de várias necrópoles de cistas nas zonas de Ervidel, Santa Vitória e Mombeja (Viana e Ribeiro, 1956: 157).

Bibliografia:
PARREIRA, R. (1998) – As arquitecturas como factor de construção da paisagem do Alentejo Interior. in, Existe uma Idade do Bronze Atlântico, Trabalhos de Arqueologia. Instituto Português de Arqueologia. Lisboa, 10, p. 267-273
VIANA, A. (1954) – Notas históricas, arqueológicas e etnográficas do Baixo Alentejo. Arquivo de Beja. Beja. 11, p. 3-31
VIANA, A. e RIBEIRO, F. N. (1956) – Notas históricas, arqueológicas e etnográficas do baixo Alentejo. Arquivo de Beja. Beja. 13, p. 110-167
Localização do monte Corte d`Azinha na CMP 1:25000, folha 530 (Santa Vitória)

As cistas de Corte da Azenha estão indicadas com as letras B, C e D (retirado de Viana e Ribeiro, 1956: 164).