sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Fauna do Outeiro do Circo

A campanha de escavações de 2011 no Outeiro do Circo revelou uma assinalável presença de restos faunísticos em duas unidades estratigráficas associadas à base pétrea do muro superior que integrava a muralha compósita.
Concentravam-se numa área de 4 x 2 m entre a face interna do muro superior e o limite da sondagem. Estas unidades prolongam-se para o interior do povoado, podendo revelar a presença de contextos habitacionais relacionados com a preparação de alimentos, assumindo-se como prioridade o alargamento desta área de escavação.
O facto de haver colagénio em quantidade suficiente em alguns ossos analisados (agradece-se neste capítulo a colaboração de António Monge Soares) permite expectativas em relação a futuras datações por radiocarbono que serão de extrema importância para datar a construção de parte do sistema defensivo.
Também é expectável o estudo zooarqueológico no decurso do próximo ano.





segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Conferência na Escola Secundária D. Manuel I (Beja)

Realizou-se no dia 14 de Novembro de 2011 uma conferência acerca dos resultados e perspectivas de futuro do Projecto Outeiro do Circo na Escola Secundária D. Manuel I em Beja.
Salienta-se a enorme adesão registada, com a presença de mais de duas centenas de participantes entre professores e alunos.
Enquanto responsáveis pelo projecto, é com enorme satisfação que encaramos a nossa participação neste tipo de iniciativas e esperamos que no futuro seja possível que outras acções de divulgação sejam tão bem sucedidas como esta conferência.
Por último, resta-nos agradecer o amável convite da Escola Secundária D. Manuel I e em particular aos professores Francisco Serafim e Augusto Moisão que promoveram a iniciativa.

sábado, 12 de novembro de 2011

Conferência na Escola Secundária D. Manuel I (Beja)


Na continuidade das acções referentes ao projecto social dos trabalhos arqueológicos em curso no Outeiro do Circo (Mombeja, Beringel) vai ter lugar na Escola Secundária D. Manuel I em Beja uma conferência no dia 14 de Novembro às 10:00 direccionada para os alunos desta instituição para divulgação dos resultados obtidos nos últimos quatro anos.



Título:
A Idade do Bronze na região de Beja. Passado, Presente e Futuro.

Conferencistas:
Miguel Serra, arqueólogo, licenciado em História, variante de Arqueologia pela Universidade de Coimbra (1999). Mestrando em Arqueologia e Território na Universidade de Coimbra. Membro da empresa de arqueologia Palimpsesto, Estudo e Preservação do Património Cultural, Lda. Colaborador do Centro de Estudos Arqueológicos das Universidades de Coimbra e Porto.
Co-director do projecto de investigação “A transição Bronze Final / Iª Idade do Ferro no Sul de Portugal. O caso do Outeiro do Circo”.
Direcção de trabalhos de campo centrados no domínio da Idade do Bronze no Baixo Alentejo.
Autor de cerca de trinta artigos sobre Arqueologia.

Eduardo Porfírio, arqueólogo, licenciado em História, variante de Arqueologia pela Universidade de Coimbra (1999). Mestrando em Arqueologia e Território na Universidade de Coimbra. Membro da empresa de arqueologia Palimpsesto, Estudo e Preservação do Património Cultural, Lda. Colaborador do Centro de Estudos Arqueológicos das Universidades de Coimbra e Porto.
Co-director do projecto de investigação “A transição Bronze Final / Iª Idade do Ferro no Sul de Portugal. O caso do Outeiro do Circo”.
Direcção de trabalhos de campo centrados no domínio da Idade do Bronze no Baixo Alentejo e na Beira Interior.
Autor de cerca de trinta artigos sobre Arqueologia.

Apresentação:
A Idade do Bronze (2000 – 800 a.C.) constitui-se como um marco civilizacional ímpar no desenvolvimento das sociedades europeias, o que levou o Conselho da Europa em 1995 a considerar este período como paradigma da unidade europeia.
Quando comparado com o quadro europeu, o Sudoeste peninsular destaca-se particularmente pela relevância e quantidade de sítios e achados arqueológicos datáveis no 2.º milénio antes da nossa era, patente por exemplo em vários povoados e necrópoles.
Na região de Beja, a intensidade da exploração agrícola, conjugada com a realização de algumas obras rodo e ferroviárias, originaram uma sucessão impressionante de achados da Idade do Bronze que mereceram a atenção de personalidades importantes da arqueologia nacional e internacional.
No início do século XXI os trabalhos de escavação sistemática num dos povoados mais emblemáticos da pré-história do Sul de Portugal, o Outeiro do Circo, pretendiam contribuir com dados arqueológicos para uma melhor compreensão da problemática do povoamento da Idade do Bronze.
A arqueologia preventiva realizada no âmbito de empreendimentos públicos e privados localizados na área envolvente do Outeiro do Circo, tem contribuído de forma decisiva para o conhecimento de algumas realidades, mais ou menos contemporâneas deste grande povoado fortificado, através da identificação de inúmeros sítios de planície, que testemunham a grande dimensão da ocupação humana do território e a intensidade da exploração dos seus recursos naturais.
Entre os aspectos particulares a destacar conta-se a descoberta de um troço de muralha no Outeiro do Circo que conjuga arquitecturas de terra e de pedra e soluções construtivas que revelam a adaptação destas comunidades aos condicionalismos naturais.
Este projecto irá explorar ainda as potencialidades de outras disciplinas como a química, a botânica, a geografia ou a zoologia, entre outras para obtenção de conhecimento sobre o passado, através da análise de diversos tipos de vestígios recolhidos durante o processo de escavação, como as sementes, os ossos de animais, as cerâmicas, os metais ou as amostras de sedimento.

Objectivos:
A conferência proposta pretende dotar o público escolar com as bases para o reconhecimento da particular importância da Idade do Bronze na região de Beja. Em paralelo, pretende-se demonstrar a importância do contributo da arqueologia para o desenvolvimento sustentado baseado na exploração do património cultural como fonte de conhecimentos, expediente educativo e recurso socioeconómico.

Bloco 1 – Enquadramento acerca da arqueologia enquanto disciplina científica. Introdução sobre divisões cronológicas e sobre o conceito de Idade do Bronze. História da investigação sobre a Idade do Bronze na região. Exposição dos principais resultados obtidos no decurso de 4 campanhas de escavação no povoado do Outeiro do Circo.

Bloco 2 – Identificação das principais linhas de investimento futuro, nomeadamente no que toca à exploração das potencialidades interdisciplinares do projecto em curso.
Pretende-se igualmente, familiarizar o público com alguns aspectos inovadores deste período histórico e com diversos aspectos da prática arqueológica, principalmente no que concerne à concepção da educação patrimonial como uma forma de envolvimento das comunidades locais na defesa do seu património cultural.

Programa:
10:00 – Conferência
10:45 – Debate

domingo, 11 de setembro de 2011

Artigo no Jornal Público (5 de Setembro de 2011)

Em relação a esta notícia publicada no Caderno Local - Lisboa do Jornal Público de 5 de Setembro passado, refira-se que a imagem de uma sepultura e a respectiva referência no texto: "...tendo apenas sido detectadas durante os trabalhos de sondagem três sepulturas com restos osteológicos de três indivíduos, inumados sem espólio...", são informações manifestamente incorrectas. Estes contextos funerários referem-se a trabalhos efectuados pela empresa Palimpsesto, Lda. no âmbito de um projecto de acompanhamento de obras da responsabilidade da EMAS, EEM, concretamente no sítio de Monte das Cortes (Mombeja), onde se identificaram vestígios de uma necrópole da antiguidade tardia. Como tal, estes trabalhos não têm relação directa com o projecto Outeiro do Circo e foram incorrectamente inseridos na reportagem.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Momentos Outeiro do Circo - 2011


























Nota de imprensa - Balanço campanha 2011

Terminaram no passado dia 27 de Agosto os trabalhos arqueológicos no Outeiro do Circo, um povoado da Idade do Bronze (1200 – 800 a.C.) situado na região de Beja.
A 4ª campanha de investigação deste importante sítio prolongou-se por 23 dias ao longo do mês de Agosto, contando com a participação de alunos de licenciatura, mestrado e doutoramento em arqueologia das universidades de Coimbra e Porto, para além de diversos arqueólogos profissionais de Portugal e Espanha.
Estes trabalhos inserem-se no projecto “A transição Bronze Final/Iª Idade do Ferro no Sul de Portugal. O caso do Outeiro do Circo”, coordenado pelos arqueólogos Miguel Serra e Eduardo Porfírio, do Centro de Estudos Arqueológicos das Universidade de Coimbra e Porto e pretendem aprofundar o conhecimento sobre um dos maiores povoados fortificados deste período em toda a península ibérica e também sobre as redes de povoamento num vasto e rico território envolvente.
Os resultados obtidos permitiram dar a conhecer um sistema defensivo complexo que rodearia os 17 hectares deste vasto povoado, através da escavação de um troço de muralha que integrava três elementos que funcionariam em conjunto. Na zona mais elevada do talude detectou-se o alicerce de um muro em pedra, que por sua vez assentava numa plataforma térrea que ocupava todo o declive juntamente com uma rampa de barro cozido e que visavam assegurar a consolidação das terras argilosas de base de modo a permitir receber construções mais fiáveis. A esta solução construtiva pragmática junta-se um outro elemento constituído por um pujante muro de contenção situado na zona mais baixa do talude no exterior do povoado e que sustentaria o peso das terras da encosta evitando deslizamentos provocados pelas chuvas.
Uma das grandes novidades surgidas na campanha de 2011 relaciona-se com a descoberta de uma grande fosso com cerca de 2 metros de profundidade e 3 de largura que se encontrava colmatado pelo já referido muro de contenção. Tratava-se de um dispositivo defensivo anterior que em determinada altura terá sido desactivado devido aos constantes deslizamentos de terras sendo completamente preenchido com pedra e terra que serviu de contenção à estrutura mais complexa que lhe sucedeu.
Outro ponto de interesse surgiu entre o muro superior e o limite da área de escavação onde foram escavados contextos relacionados com a zona habitacional e que revelaram a presença de inúmera cerâmica, ossos de animais (alguns com marcas de corte), cinzas e carvões, podendo revelar uma área de preparação de alimentos.
A descoberta de um painel rochoso gravado com uma forma bastante simples de arte rupestre, como são as “covinhas”, pode ser indicador da existência de práticas no domínio dos rituais que ocorreriam no espaço interior do povoado.
A vasta área ocupada pelo Outeiro do Circo leva a que os trabalhos agora finalizados permitam documentar apenas uma ínfima percentagem da complexidade de estruturas que aí existirão. Assim, pretende-se nos próximos anos realizar novas escavações no interior do povoado de forma a descobrir a zona habitacional que permitirá conhecer melhor os aspectos do quotidiano das populações que dominaram a vasta planície dos “Barros de Beja” há 3000 anos.
Este projecto, que também promoveu visitas guiadas no decurso dos trabalhos e que contaram com cerca de 100 participantes, é financiado pela Câmara Municipal de Beja e conta com o apoio da Junta Freguesia de Mombeja e empresa Palimpsesto, Estudo e Preservação do Património Cultural, Lda.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Diário de Campanha (27 de Agosto)

Último dia da campanha de 2011. Em jeito de balanço podemos considerar como muito positiva a intervenção deste ano, quer pelo cumprimento integral dos objectivos propostos quer pelos resultados obtidos.
O maior esforço foi canalizado para a finalização da sondagem 1 que acabou por revelar algumas surpresas agradáveis.
Assim, conseguiu-se atingir o substrato geológico na zona baixa do talude, enquanto que na restante área da sondagem atingiu-se uma camada de argilas avermelhadas que deverá corresponder ao nível de solo existente quando as comunidades da Idade do Bronze se instalaram no local.
A primeira intervenção humana que se detecta no Outeiro do Circo corresponde à abertura de um fosso de dimensões razoáveis na zona baixa do talude e que poderá significar uma tentativa inicial de cercar este espaço e individualizá-lo.
Julgamos que este fosso terá sido desactivado devido a problemas relacionados com aluimentos de terras, como se parece observar na estratigrafia do seu enchimento, levando à sua colmatação e à aplicação de uma engenhosa solução construtiva que passou pela criação de uma rampa de barro cozido na encosta, de modo a consolidar as terras argilosas, por cima da qual se aplicou uma outra camada de terras de caliço que asseguram maior consistência a toda esta rampa. Para garantir mais solidez ainda se reforçou o enchimento do fosso com terra e pedras garantido a contenção necessário ao peso exercido pelas terras colocadas na encosta.
Sobre esta base sólida, que na zona mais plana do topo assume a forma de uma verdadeira plataforma de regularização, construiu-se muro de pequenas dimensões, mas de aspecto compacto e bem construído, composto por dois alinhamentos paralelos em pedra de média dimensão travada por cunhos verticais, com o espaço interior preenchido por pedra miúda e terra, configurando um possível alicerce para outra estrutura em terra que se lhe sobreporia.
Entre o paramento interno deste muro e o limite da sondagem para o interior do povoado detectaram-se vários níveis arqueológicos que possuíam enorme quantidade de cerâmica e de restos de fauna, podendo significar que estamos perante uma área de preparação de alimentos ou mesmo numa zona habitacional.
Com o fim dos trabalhos deste ano dá-se também por terminada aquela que considerámos como uma pequena fase de avaliação do Outeiro do Circo. O conjunto de dados alcançados permite-nos considerar nova etapa de projecto a partir do próximo ano com o intuito de intervir no interior do povoado e em outros sítios do território envolvente.
Por último queremos expressar o nosso sincero agradecimento a todos os voluntários que participaram nesta campanha, pelo seu emprenho, dedicação e demonstração de qualidade. Assim, agradecemos a presença de: Carlos Pires, Rita Leal, Daniela Ferreira, Filipe Vaz, Maria João Marques, Ana Jesus e André Gatões. Também queremos deixar o nosso obrigado aos diversos amigos que se juntaram à equipa quer num animado fim-de-semana de trabalho quer de forma pontual ao longo de todo o mês. O nosso obrigado a: José Inverno, Rafael Ortiz, Maria Luz Sánchez, Michelle Santos e André Gregório. Queremos também deixar um especial destaque nos agradecimentos a Ana Osório, quer apesar de se encontrar muito atarefada com a finalização da sua tese de doutoramento, ainda consegui reunir-se a nós para em mais um ano nos proporcionar, como sempre, novas formas de ver o sítio e trazer pontos de vista diferentes na discussão sobre a interpretação do Outeiro do Circo e ao André Santos que atravessou meio país para nos ajudar no levantamento de arte rupestre, pois sem ele não nos teria sido possível concretizar esse objectivo. Uma palavra especial também para a Sofia Silva e para a Diana Fernandes que em mais um ano mostraram a habitual entrega, assumindo muitas vezes tarefas e responsabilidades superiores ao que seria correcto exigir-lhes e talvez por isso e muito mais este projecto não seria o mesmo sem a sua presença.
Agora sim, para terminar, outro agradecimento sincero à população de Mombeja por mais um ano de caloroso acolhimento e boa disposição.















segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Diário de Campanha (26 de Agosto)

Alguns atrasos provocados por uma manhã chuvosa impediram que este fosse o último dia da campanha de 2011. Aproveitou-se o facto para se avançar com o tratamento de materiais e organização do espólio recolhido.
Os trabalhos de registo foram retomados da parte da tarde, mas o atraso registado levará a que a conclusão dos trabalhos só ocorra no Sábado dia 27. Cabe-nos agradecer a disponibilidade e entrega da equipa de voluntários que prontamente revelaram a sua disponibilidade para permanecerem mais um dia.
Com a melhoria das condições climatéricas a meio da manhã, foi ainda possível realizar mais algumas visitas guiadas, que incluíram alguns colegas que se encontram a trabalhar em áreas próximas no âmbito de obras decorrentes do Projecto Alqueva, elementos da imprensa escrita local e dois membros da Associação Arqueológica do Algarve (AAA), a Ute e o Bill, a quem agradecemos o interesse demonstrado em efectivar uma colaboração mais próxima com a instituição a que pertencem, de modo a realizar futuras acções com a AAA, quer sejam conferências sobre o projecto ou visitas organizadas ao local. Aguardemos pelo futuro do projecto para poder corresponder a esta e outras solicitações.





Diário de Campanha (25 de Agosto)

Dia para terminar algumas pontas soltas na escavação antes de nos dedicarmos inteiramente aos registos gráficos, fotográficos e topográficos finais.
No topo da sondagem 1 deu-se por terminada a intervenção numa camada de terra argilosa que corresponde ao nível sobre o qual foi realizada a rampa de barro cozido que se detectou na zona de pendente mais inclinada, mas que não se prolongava para esta área.
Na parte baixa da mesma sondagem acabou-se a escavação do fosso após a remoção do nível de terras vermelhas, que apesar de aparentar ser de natureza geológica ainda forneceu alguns materiais cerâmicos. A secção do fosso revela uma estrutura com cerca de 3 m de largura máxima no topo por 2 m de profundidade com um perfil em U. Será praticamente impossível datar o momento de abertura deste fosso, mas esperemos que os escassos materiais e as recolhas de sedimento das diversas camadas de enchimento ajudem a datar o momento (ou momentos!) da sua desactivação e colmatação.
Há ainda que destacar a visita dos colegas da escavação do Monte da Chaminé em Ferreira do Alentejo que iniciaram mais uma campanha neste importante sítio de época romana. Apesar de não nos ter sido possível retribuir a gentileza da sua visita, resta-nos agradecer o seu interesse e as questões pertinentes levantadas sobre o nosso projecto. Desejamos-lhes uma boa campanha de escavações com muitas novidades.







domingo, 28 de agosto de 2011

Diário de Campanha (24 de Agosto)

Com os trabalhos a aproximarem-se do fim é altura de se proceder aos registos finais na área intervencionada, apesar de ainda existirem algumas pequenas zonas que continuam em fase de escavação e limpezas.
Mesmo nos últimos dias de trabalho de campo matem-se a regularidade das visitas ao Outeiro do Circo, demonstrando o interesse suscitado pelos trabalhos arqueológicos num público cada vez mais diversificado.







Diário de Campanha (23 de Agosto)

No topo da sondagem 1 já se encontra integralmente removida a plataforma constituída por caliços misturados com terras argilosas que serviu de base à edificação da estrutura designada como “muro superior”. Em seguida documentou-se o topo de um outro nível, que ainda revela materiais arqueológicos se bem que muito escassos, formado por terras bastante argilosas. Verificou-se que o nível de barro cozido não se prolongava para esta zona mais plana, concentrando-se apenas na parte mais pronunciada do talude.
No fosso continuam a surgir alguns materiais cerâmicos nos níveis de base, tendo sido escavada uma camada de terras vermelhas argilosas e muito plásticas que deverá corresponder ao primeiro enchimento.
Continuam a decorrer a bom ritmo as visitas ao Outeiro do Circo, sendo de destacar a presença de alguns colegas que se encontram na região a desenvolver trabalhos de arqueologia preventiva e cujos resultados contribuem de modo inegável para um melhor conhecimento deste vasto território durante a Pré-história recente.






Diário de Campanha (22 de Agosto)

Para além da continuação dos trabalhos no Outeiro do Circo, o dia de hoje foi também preenchido com uma visita à Olaria de António Mestre, situada em Beringel, com o intuito de conhecer melhor alguns aspectos desta actividade tradicional que poderá ajudar a compreender certas actividades mais antigas.
Esta pesquisa, desenvolvida pela nossa colaboradora Ana Osório no âmbito do seu doutoramento, tem sido direccionada sobretudo para a localização dos barreiros tradicionais e para o conhecimento dos critérios de selecção de determinados tipos de barro consoante o tipo de produção a que se destinam, bem como alguns aspectos técnicos do processo de fabrico.
De momento possuímos amostras de natureza arqueológica e etnográfica sobre solos, barro cozido e cerâmicas, concentrados num território envolvente à nossa área de projecto, que esperamos poderem contribuir com dados importantes para aumentar o nosso conhecimento sobre as comunidades que habitaram o Outeiro do Circo.
Não menos importante é a recolha de informações orais junto da comunidade local, que contínua a ter presença assídua nas visitas aos trabalhos arqueológicos, e que continuamente nos fornecem indicações sobre diversos aspectos da região onde trabalhamos.