quinta-feira, 29 de julho de 2010

Campanha de 2009 – Resumo

O retomar dos trabalhos de escavação em 2009 começou de forma um pouco mais auspiciosa ao ser garantido maior apoio por parte da Câmara Municipal de Beja, permitindo assim alargar o período de intervenção para 22 dias.
Participaram 14 voluntários ao longo das duas campanhas de trabalho, entre estudantes universitários de diversas áreas (arqueologia, medicina, engenharia civil, engenharia mecânica), estudantes do secundário e arqueólogos profissionais.
Após a remoção da selagem e limpeza da sondagem 1, continuou-se a aprofundar o nível estratigráfico (C.3) detectado no ano anterior e que não havia sido completamente escavado.
As restantes camadas identificadas correspondiam a níveis selados com presença de materiais exclusivamente da Idade do Bronze, sobretudo taças carenadas brunidas.
Foi ainda delimitado um nível compacto constituído por um aglomerado de barro cozido que acompanhava o declive formando uma rampa, delimitada no topo (para o interior) e no fundo (no exterior) por alinhamentos de pedras fincadas.
No tempo de escavação disponível não foi possível perceber a relação entre o nível de barro e os alinhamentos pétreos, que poderão constituir um complexo sistema defensivo que conjuga arquitecturas de terra e de pedra.
Será necessário proceder-se ao alargamento da sondagem 1 para o interior do povoado para perceber esta relação e tentar que na campanha de 2010 se consiga efectuar um corte no nível de barro, para compreender a sua verdadeira natureza.
Podemos concluir que não estamos na presença de uma muralha inteiramente pétrea, mas sim de uma estrutura compósita reveladora da complexidade das estratégias construtivas das comunidades da Idade do Bronze.
Paralelamente aos trabalhos de campo, procurou-se dar maior impulvo à actividade social e divulgativa do projecto com a intensificação do programa de visitas durante as escavações. Foi possível estender a divulgação para além do tempo de presença da equipa no Outeiro do Circo através da participação em exposições e conferências organizadas localmente, para além da colaboração permanente com a Associação Juvenil e Cultural de Mombeja materializada na participação no Jornal de Mombeja com uma crónica mensal sobre arqueologia.
Mais uma vez foi necessário selar a área de escavação, para garantir a sua preservação até ao início dos trabalhos no verão de 2010.

Foto 1: Limpeza e desmatação da sondagem 1 (2009)

Foto 2: Levantamento de níveis de derrube (2009)

Foto 3: Equipa da 1ª campanha (2009)

Foto 4: Jornadas de fim-de-semana (2009)

Foto 5: Aspecto dos trabalhos da 2ª campanha (2009)

Foto 6: Fase dos trabalhos. Identificação do nível de barro e alinhamento pétreo de base (2009)

Foto 7: Delimitação do nível de barro (2009)

Foto 8: Visitas aos trabalhos (2009)

Foto 9: Visitas aos trabalhos (2009)

Foto 10: Aspecto geral da sondagem 1 no fim dos trabalhos de 2009

Foto 11: Selagem da sondagem 1 (2009)

Campanha de 2008 – Resumo

Após as primeiras tentativas de dar início a um processo de investigação sistemática para o Outeiro do Circo e consequentemente para o estudo da Idade do Bronze nos Barros de Beja, foi apresentado ao Instituto Português de Arqueologia um novo projecto com a designação “A transição Bronze Final / Iª Idade do Ferro no Sul de Portugal. O caso do Outeiro do Circo”, que foi aprovado em 2008 num enquadramento institucional em que já não existiam financiamentos no âmbito do PNTA.
Para evitar repetir a situação do PNTA de 2001, procurou-se desde logo motivar alguns agentes locais, que responderam afirmativamente ao repto lançado, ou seja, apoiar financeira e logisticamente um projecto de investigação arqueológica. A Câmara Municipal de Beja surgiu assim como o principal suporte de apoio, envolvendo também a Junta de Freguesia de Mombeja que cede os transportes e a estadia. Em termos logísticos, foi indispensável o apoio da DEGEBE – Associação de Valorização do Património Cultural e da empresa Palimpsesto – Estudo e Preservação do Património Cultural, Lda., que fornece todos os equipamentos necessários à execução dos trabalhos.
Com a reformulação do projecto mantiveram-se os objectivos genéricos, mas identificaram-se de forma mais precisa as áreas de interesse a intervencionar com base nos resultados da fotointerpretação e das prospecções no terreno.
Foram assim identificadas duas áreas principais a serem objecto de intervenção arqueológica que permitissem um avaliação geral do sítio, o que se adivinhava algo difícil de cumprir devido à vastidão da área ocupada pelo povoado.
Uma das áreas correspondia à entrada principal ladeada por bastiões, que se havia identificado na fotografia aérea, mas que não foi possível de escavar por insuficiência de meios.
Face a estes constrangimentos optou-se por centrar as atenções numa zona do talude Sudoeste onde aparentemente a muralha poderia estar melhor conservada.
A 11 de Agosto de 2008 inciaram-se os trabalhos na designada sondagem 1 (12 x 4 m), com o objectivo de documentar a técnica construtiva da muralha, obter dados cronológicos mais precisos que os observados em prospecção e verificar o seu estado de conservação.

Foto 1: Desmatação e limpeza da sondagem 1 (2008)

Foto 2: Sondagem 1 após limpeza superficial (2008)

Foto 3: Vista da zona de implantação da sondagem 1 (2008)

Foto 4: Sondagem 1 após remoção da camada vegetal. Nível de acumulação de pedra de época contemporânea (2008)

A escavação da sondagem 1 decorreu durante 18 dias contando com a participação de vários voluntários, incluindo algumas jornadas de fim-de-semana.

Foto 5: Fase dos trabalhos (2008)

Foto 6: Fase dos trabalhos (2008)

Nesta primeira campanha apenas se escavaram estratos revolvidos que documentam a exploração do local em diversas épocas históricas, sobretudo para uso da pedra da muralha como material de construção reutilizado.
Nos níveis intervencionados é de registar a presença de vários derrubes que fariam parte da muralha, juntamente com muitos fragmentos (em grande parte rolados) de cerâmica enquadrável na Idade do Bronze, bem como vestígios de épocas mais recentes (tegulae, faiança, cerâmica vidrada, telha industrial, plástico, etc) e outros de períodos mais recuados (braçal de arqueiro), atestando o grande revolvimento ocorrido neste sector.

Foto 7: Final dos trabalhos de 2008

Foto 8: Aspecto da sondagem 1 no final dos trabalhos de 2008

Foto 9: Lavagem de materiais (2008)

Outra presença constante são os numerosos fragmentos de barro cozido, que poderão ter feito parte da estrutura da muralha, sugerindo-se a sua utilização como ligante para preenchimento de lacunas na construção, à semelhança do que se propôs para outros povoados muralhados da mesma época (BERROCAL-RANGEL e SILVA, 2007: 181).
No fim dos trabalhos ainda foi possível iniciar a escavação de uma camada (C.3) que já não revelava a presença de materiais mais recentes, podendo corresponder a uma eventual fase de abandono do sítio, mas isso seria algo a ter de aguardar confirmação no ano seguinte.

Foto 10: Fotografia de despedida! (2008)

Foto 11: O último dia (2008)

No decurso dos trabalhos de campo realizaram-se diversas outras actividades que podemos enquadrar naquilo que designamos como o Projecto Social do Outeiro do Circo, quer com o objectivo de divulgação, quer para sensibilização e educação patrimonial. Fomentaram-se visitas ao local das escavações, especialmente direcionadas para a população local e realizou-se uma acção de formação para os participantes nos trabalhos.

Foto 12: Visitas aos trabalhos (2008)

Foto 13: Acção de formação para os participantes (2008)

Foto 14: Acção de formação para os participantes (2008)

Após a selagem da área de escavação, para garantir a preservação dos níveis intervencionados, deram-se por terminados os trabalhos, aguardando-se que a campanha seguinte fosse mais profícua em termos de resultados.

Foto 15: Selagem da sondagem 1 (2008)

Bibliografia
BERROCAL-RANGEL, Luis e SILVA, António Carlos (2007), O Castro dos Ratinhos (Moura, Portugal), Um complexo defensivo no Bronze Final do Sudoeste Peninsular, in Berrocal-Rangel, Luis e Moret, Pierre (eds), Paisajes Fortificados de la Edad de Hierro. Las murallas protohistóricas de la Meseta y la vertiente atlántica en su contexto europeo, Real Academia de la Casa de Velázquez, Madrid, pp. 169 – 190.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Antecedentes – Resumo

No momento em que faltam poucos dias para dar início a mais uma campanha de escavações no povoado da Idade do Bronze do Outeiro do Circo, é chegada a altura de fazer um pequeno balanço dos trabalhos até agora realizados.
Nos próximos dias serão publicados os resumos dos resultados obtidos e das actividades realizadas no projecto nos anos de 2008 e 2009.
Ainda antes de entrarmos no tema propriamente dito, convém referir que já em 1989 foi apresentado à apreciação do então Instituto Português do Património Cultural, um projecto da responsabilidade de Rui Parreira e Teresa Matos Fernandes, sob o título “O Bronze do Sudoeste na Região de Beja”, que pretendia a “…obtenção de dados sobre o funcionamento das comunidades humanas do II milénio a. C. na região de Beja que permitam a discussão das teorias interpretativas e a formulação de um programa de pesquisa…” (FERNANDES e PARREIRA, 1989: 4). Tendo como campo de actuação o território dos Barros de Beja e visando uma sistematização de dados sobre as necrópoles e os habitat, este projecto pretendia entre outros objectivos, a realização de escavações no Outeiro do Circo “…para leitura das sequências estratigráficas num habitat que se julga ocupar uma posição central no sistema de lugares e funções da área em estudo…” (FERNANDES e PARREIRA, 1989: 5).
Infelizmente não houve financiamento para que este projecto avançasse, levando a uma estagnação da investigação sobre a Idade do Bronze desta região.

PNTA 2001 – 2004
Neste primeiro texto daremos conta dos antecedentes relativos ao projecto criado para o Outeiro do Circo no âmbito do PNTA de 2001.
Nesse ano foi aprovado um projecto de investigação da autoria de Miguel Serra, pelo já desaparecido Instituto Português de Arqueologia, que não contou com financiamento. Este facto impediu o cumprimento integral dos objectivos propostos que passavam genericamente pela realização de prospecções no povoado e áreas adjacentes, bem como pela realização de sondagens de avaliação no interior do povoado.
Apenas se realizaram algumas prospecções e um estudo da fotografia aérea, que no entanto permitiram revelar várias novidades em relação ao conhecimento que se possuía do sítio.

Foto 1: Monte da Bela Vista - Vertente Este do Outeiro do Circo (PNTA 2001)

Os principais resultados obtidos permitiram uma melhor observação do perímetro muralhado, documentando-se a existência de uma vasta área com um duplo troço defensivo, que já era parcialmente indicado em planta anteriormente publicada, onde se identificava ao longo de cerca de 400 m de extensão (PARREIRA, 1977: 33; PARREIRA e SOARES, 1981: 118).

Foto 2: Vista do Outeiro do Circo a partir de Este (PNTA 2001)

Foto 3: Dupla linha de taludes na zona Este do Outeiro do Circo (PNTA 2001)

Outro importante elemento observado apenas em fotografia aérea reporta-se à provável existência de uma entrada principal no topo Sul e que seria ladeada por dois bastiões semicirculares. No terreno não eram observáveis quaisquer elementos que comprovassem esta indicação, uma vez que os taludes são aí inexistentes, bem como outros vestígios que revelassem a presença da muralha.
Recolheram-se ainda diversos materiais cerâmicos atribuíveis ao Bronze Final e observou-se a existência de inúmeros blocos de barro cozidos que se concentravam sobretudo nos taludes da muralha e no seu exterior. Apesar de serem normalmente considerados como “barro de cabana”, já se tinha colocado a hipótese de poderem corresponder a uma eventual estrutura de barro que se sobreporia à muralha de base pétrea e que poderia suportar uma paliçada de madeira (BERROCAL-RANGEL, 1993).

Foto 4: Blocos de barro cozido junto ao talude exterior Oeste (PNTA 2001)

Por último foi ainda detectada uma rocha com “covinhas” no interior do povoado, que poderá ser associada à sacralização dos lugares de habitat (PARREIRA, 1995: 133).

Foto 5: Rocha com "covinhas" no interior do Outeiro do Circo (PNTA 2001)

Do conjunto de resultados obtidos neste projecto inicial destaca-se sobretudo a revisão da área ocupada pelo perímetro defensivo do Outeiro do Circo, anteriormente estimado em 8 ha (BERROCAL-RANGEL, 1993: 218) e que a análise da fotografia aérea permite situar nos 17 ha.
Os dados aqui relatados foram alvo de publicação (SERRA et alii, 2008) e serviram de base à reformulação do projecto que viria a ser aprovado em 2008 e que se encontra em curso.
Nos próximos dias publicaremos os resumos das campanhas de 2008 e 2009.

Foto 6: Talude na zona Sudoeste (PNTA 2001)

Foto 7: Interior do Outeiro do Circo. Vista para Nordeste (PNTA 2001)

Fig. 1: Cerâmica: taças carenadas (recolhas de superfície - PNTA 2001)

Fig. 2: Cerâmica: potes (recolhas de superfície - PNTA 2001)

Fig. 3: Planta do Outeiro do Circo com base na fotografia aérea (PNTA 2001)

Bibliografia
BERROCAL-RANGEL, Luis (1993), Los pueblos celticos del Suroeste de la Peninsula Iberica, Complutum – extra 2, Madrid.
FERNANDES, Teresa Matos e PARREIRA, Rui (1989), O Bronze do Sudoeste na Região de Beja, projecto de investigação apresentado ao Instituto Português do Património Cultural, documento policopiado.
PARREIRA, Rui (1977), O povoado da Idade do Bronze do Outeiro do Circo, Arquivo de Beja, 28 – 32, pp. 31 – 45.
PARREIRA, Rui (1995), Aspectos da Idade do Bronze no Alentejo Interior, in A Idade do Bronze em Portugal – Discursos de Poder, Museu Nacional de Arqueologia, Lisboa, pp. 131 – 134.
PARREIRA, Rui e SOARES, António Monge (1981), Zu Einigen Bronzezeitlichen Hoensiedlungen in Sud Portugal, in Madrider Mitteilungen, 21, pp. 109 – 130.
SERRA, Miguel, PORFÍRIO, Eduardo e ORTIZ, Rafael (2008), O Bronze Final no Sul de Portugal – Um ponto de partida para o estudo do povoado do Outeiro do Circo, Actas do 3º Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular, Aljustrel, 26 a 28 de Outubro de 2006, VIPASCA, Arqueologia e História, Aljustrel, n.º 2, 2ª série, 2008, pp. 163 – 170.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Comunicado de imprensa

Irá decorrer entre 2 e 27 de Agosto a 3ª campanha de escavações arqueológicas no povoado da Idade do Bronze do Outeiro do Circo (Mombeja/Beringel - Beja), no âmbito do projecto de investigação “A transição Bronze Final/Iª Idade do Ferro no Sul de Portugal. O caso do Outeiro do Circo”, da responsabilidade dos arqueólogos Miguel Serra e Eduardo Porfírio, membros do Centro de Estudos Arqueológicos das Universidades de Coimbra e Porto e da empresa de arqueologia Palimpsesto, Lda.
O campo de trabalhos contará com a participação de estudantes de arqueologia oriundos de diversas universidades portuguesas e com a colaboração de arqueólogos de Portugal, Espanha e Itália.
Paralelamente irão decorrer diversas actividades de divulgação, que incluem visitas guiadas ao local das escavações, conferências e a publicação de um diário de campanha on-line, onde se procurará noticiar os principais resultados obtidos. Estas e outras informações relativas ao projecto no Outeiro do Circo poderão ser consultadas em: www.outeirodocirco.blogspot.pt e na página do projecto no Facebook.
Este projecto é apoiado pela Câmara Municipal de Beja, Junta Freguesia de Mombeja, Palimpsesto, Estudo e Preservação do Património Cultural, Lda. e Associação Cultural e Juvenil de Mombeja.
O Outeiro do Circo é um dos maiores povoados fortificados da Idade do Bronze Final (1200 – 800 a.C.) do Sul da Península Ibérica, com cerca de 17 hectares, estando a ser intervencionado desde 2008. Os trabalhos desenvolvidos até ao momento em várias campanhas decorridas no Verão, têm sido direcionados para o estudo das muralhas, o que permitiu detectar até ao momento a existência de rampas em barro delimitadas por alinhamentos de pedras. Este sistema defensivo apresenta-se muito complexo e com raros paralelos no território nacional.
Espera-se que com os trabalhos deste ano possam surgir mais novidades em relação às técnicas de contrução e funcionalidade destas estruturas e iniciar o estudo da área habitacional do povoado.
O conjunto de informações obtidas ajudará a relacionar a importância deste grande povoado numa região onde se assiste a um incremento de novas descobertas arqueológicas, sobretudo através das intervenções no âmbito do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva, sob a égide da EDIA, S.A. ou do sistema municipal de abastecimento de águas da responsabilidade da EMAS, EEM.
Estes projectos possibilitaram a detecção de um grande número de sítios arqueológicos da Idade do Bronze na envolvência do Outeiro do Circo, conferindo-lhe a primazia na estruturação de uma vasta rede de povoamento que tornava esta região numa das mais desenvolvidas e ocupadas durante esta época.




Alentejo Popular on line



quinta-feira, 8 de julho de 2010

Inscrições para voluntariado no Outeiro do Circo

Nome do projecto: A transição Bronze Final/Iª Idade do Ferro no Sul de Portugal. O caso do Outeiro do Circo (Beja)


1ª Campanha
Datas: 2 de Agosto a 13 de Agosto
Vagas: 5

2ª Campanha
Datas: 16 de Agosto a 27 de Agosto
Vagas: 5

Coordenação de Projecto: Miguel Serra e Eduardo Porfírio (Palimpsesto, Lda. / CEAUCP-CAM)

Informações: e-mail: miguel.antonio.serra@gmail.com ou para o telem. 916981548

Apoios: Câmara Municipal de Beja / Junta de Freguesia de Mombeja / Palimpsesto, Lda.

Informações gerais:
Local: Mombeja/Beringel (distrito de Beja)
Período: Bronze Final / Iª Idade do Ferro
Tipo de Estação: Povoado muralhado

No final os participantes recebem um certificado de participação.

Pequena descrição do sítio:
O Outeiro do Circo é um grande povoado muralhado proto-histórico situado numa pequena mas destacada elevação em plenos Barros de Beja.
Possuí cerca de 17 hectares intra-muralhas, mas pouco se sabe da sua dinâmica interna, apesar de se reconhecerem alguns vestígios da Idade do Bronze Final, nomeadamente cerâmicas brunidas e taças carenadas entre outros.
A área a intervencionar corresponde a uma secção da muralha, numa zona onde o talude observável tem cerca de 5 metros de altura por 8 de largura (com áreas de derrube) e onde se pretenderá efectuar um corte na muralha, de forma a caracterizá-la e a atribuir-lhe uma cronologia mais precisa. Esta zona começou a ser intervencionada na campanha de 2008, apenas tendo sido registados níveis de revolvimento de época histórica relacionados com o aproveitamento da pedra para reutilização em construção, apesar da presença de bastante material cerâmico proto-histórico. Na campanha de 2009 detectou-se uma estrutura em barro delimitada por alinhamentos pétreos, formando uma rampa, que deverá integrar um complexo sistema defensivo. Esta estrutura era totalmente coberta por níveis selados que documentam a fase de abandono do sítio durante o Bronze Final.
Na campanha de 2010 os trabalhos irão incidir na conclusão da escavação da área onde se localiza a estrutura de barro referida.

Para mais informações ver:

Serra, M., Porfírio, E. e Ortiz, R. (2010), A ocupação de planície durante o Bronze Final no território do Outeiro do Circo,
http://outeirodocirco.blogspot.com/2010/06/ocupacao-de-planicie-durante-o-bronze.html

Serra, M., Porfírio, E. e Ortiz, R. (2010), Foto-interpretação no Outeiro do Circo,
http://outeirodocirco.blogspot.com/2010/05/foto-interpretacao-no-outeiro-do-circo.html

Porfírio, E. e Serra, M., (2010), Viagens pela história da Arqueologia de Mombeja,
http://outeirodocirco.blogspot.com/search/label/Viagens%20pela%20hist%C3%B3ria%20da%20arqueologia%20de%20Mombeja (vários artigos)

Serra, M., Porfírio, E. e Ortiz, R. (2008), O Bronze Final no Sul de Portugal – Um ponto de partida para o estudo do povoado do Outeiro do Circo, Actas do 3º Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular, Aljustrel, 26 a 28 de Outubro de 2006, VIPASCA, Arqueologia e História, n.º 2, 2ª série, 2008, pp. 163 – 170


Chegada: por transporte público (até Beja) ou viatura própria (até Mombeja). O local e a hora de encontro serão previamente combinados com os inscritos, devendo estes chegar no Domingo anterior ao início da campanha.

Alojamento: instalações da Escola Primária de Mombeja. Deverão levar saco cama.

Alimentação: nas instalações da Associação de Solidariedade Mombejense (inclui pequeno almoço, almoço e jantar)

Transporte: as deslocações para o local de trabalho serão asseguradas por transporte cedido pela Junta de Freguesia de Mombeja

Conselhos: levar chapéu, cantil, luvas, protector solar.

Horário de trabalho: 7:00 – 12:00 e das 17:00 – 19:00 (poderá ainda ser ajustado durante a campanha em função das condições climatéricas)

domingo, 4 de julho de 2010

Ocupación alrededor del Outeiro do Circo durante el Bronce final.

En los últimos años han sido identificados varios yacimientos arqueológicos en el amplio territorio que envuelve al Outeiro do Circo, para nuestro estudio destacaremos aquellos que se encuadran en el IIº milenio a.C. (ANTUNES et alii, en prensa). Estos generalmente son yacimientos situados en llano junto a suelos de buena calidad y cerca de cursos de agua. Carecen de estructuras que nos permitan inferir preocupaciones defensivas, denotándose de esto su inclinación agropecuaria.
Los elementos identificados son sobre todo negativos de estructuras (por ejemplo silos y fosas), excavados en el terreno calizo, revelando muchas veces la convivencia de espacios ligados a actividades domesticas (almacenes y basureros, etc.) y espacios funerarios, documentados con la aparición de enterramientos en fosas. Podemos naturalmente suponer la existencia de otras estructuras realizadas con materiales más perecederos (cabañas en madera o barro, empalizadas) pero el actual registro no nos ha permitido verificar este punto.

La gran cantidad de yacimientos arqueológicos de este tipo, detectados e intervenidos en el ámbito del Proyecto Alqueva, sobre todo en las regiones de Beringel o Trigaches, es revelador de la intensa ocupación de la zona fértil denominada "Barros Negros" durante la Edad del Bronce, demostrando una vez más la consolidación de una economía agro-pastoril.

¿Cuál es la relación de los yacimientos de la Edad del Bronce con el poblamiento fortificado en altura, el Outeiro do Circo?.

La investigación de estos contextos se encuentra aun en una fase muy precoz, actualmente escasean los estudios de materiales y la adscripción de cronologías fiables a las distintas fases de ocupación, pero podemos fácilmente suponer que algunos de estos yacimientos de la planicie, que eran ocupados desde el Bronce Pleno, mantuvieran sus características y funciones durante el Bronce Final, siendo contemporáneos del Outeiro do Circo y naturalmente integrados dentro de su área de influencia, colocándose bajo su dependencia.

Las comunidades que habitaban el Outeiro do Circo, asumían la gestión de un vasto territorio, explotado de diversas formas, que solo ahora comienzan a ser perceptibles.

A la luz de los nuevos datos observamos una verdadera red de poblamientos jerarquizados y polarizados en torno a un yacimiento principal, debidamente fortificado y de grandes dimensiones, que asumiría el papel de organizador y controlador de un gran territorio, rellenado con diversos poblados de dimensiones variables situados en las zonas llanas y que tendrían acceso directo a los recursos naturales.

En otro nivel, debemos suponer la existencia de pequeñas fincas o granjas, de carácter familiar, asociados a los poblados abiertos, bien por su estrategia de implantación bien por el tipo de elementos que los constituyen, pero sin olvidar que a una escala más reducida. Este tipo de asentamientos complementarían el poblamiento de la región.
Nos falta por conocer aun otro tipo de espacios, las necrópolis, donde fueron sepultados los habitantes del Outeiro do Circo (los habitantes de los poblados abiertos, enterrarían a sus muertos, preferentemente en el lugar, como sugiere la recuperación de enterramientos en fosas), o las vías de comunicación, aquí entendidas como caminos naturales por donde circularían bienes y personas, o los espacios rituales, que podrían centrarse en diversos tipos de lugares como ríos, colinas, etc.

El yacimiento de Arroteia 6.

Dentro del tipo de poblados abiertos en llanura, tenemos el ejemplo de Arroteia 6, intervenido por la empresa Palimpsesto, Lda, en el transcurso del seguimiento de los movimientos de tierra para la construcción del abastecimiento de agua a las fregesias de Santa Victoria, Mombeja y Beringel, cuya responsabilidad pertenece a EMAS y a EEM (fig. 1).
Fig. 1

Detectado en la fase de movimientos de tierra, no revelaba ningún elemento en superficie que evidenciara su existencia (al igual que la mayoría de los sitios semejante que han sido excavados), siendo descubierto a través de una fosa excavada en el sustrato geológico.
Fig. 2
Fig. 3

Se sitúa en una plataforma plana de morfología oval, rodeada de pequeños cursos de agua estacionales.
Se dispone a corta distancia del Outeiro do Circo (menos de un kilometro en línea recta. Fig. 4), asume especial importancia por el hecho de ser, hasta la fecha, el yacimiento de esta naturaleza mas próximo al poblado y por revelar una clara ocupación del Bronce Final, que puede comprobarse por la presencia de cuencos carenados (Fig. 5), con paralelos en otros lugares donde fueran datados contextos con este tipo de materiales a través del radiocarbono (Santos, et alii, 2008).
Fig. 4 (rojo: Outeiro do Circo, azul: Arroteias 6)

La intervención permitió detectar una única fosa, donde recuperamos diverso material cerámico (fig. 5 y 6), un fragmento de durmiente perteneciente a un molino (Fig. 7), además de barro quemado.

Fig. 5
Fig. 6

Fig. 7

Estos indicios nos hicieron suponer que se trataba de un silo, que fue amortizado posteriormente como fosa y rellenado con materiales diversos hasta su total colmatación (fig. 8).
Fig. 8

Los vestigios materiales recuperados aun se encuentran en fase de estudio, para su posterior publicación, aunque podemos afirmar que los restos detectados forman parte de un complejo habitacional de mayores dimensiones que se desarrollaba en toda la plataforma, constituyendo seguramente un poblado abierto relacionado con la ocupación del Outeiro do Circo al cual se encontraría directamente subordinado.
Bibliografia
ANTUNES, Ana Sofia, DEUS, Manuela, SOARES, António Monge, SANTOS, Filipe, ARÊZ, Luis, DEWULF, Joke, BAPTISTA, Lídia e OLIVEIRA, Lurdes (no prelo), Povoados abertos do Bronze Final no Médio Guadiana, comunicação apresentada no Encontro Sidereum Ana II, Maio de 2008.



SANTOS, Filipe J. C., AREZ; Luís, SOARES; António Monge, DEUS, Manuela de, QUEIROZ; Paula F, VALÉRIO, Pedro, RODRIGUES, Zélia, ANTUNES, Ana Sofia, ARAÚJO, Maria de Fátima (2008) O Casarão da Mesquita 3 (S. Manços, Évora): um sítio de fossas “silo” do Bronze Pleno/Final na encosta do Albardão, Revista Portuguesa de Arqueologia, vol. 11, n.º 2, pp. 55-86.