
Resumo



Resumo
Apesar da intensidade de ocupação durante toda a Idade do Bronze nesta região, atestada pelo grande número de achados e sítios arqueológicos, os artefactos metálicos revelam-se escassos, documentando uma metalurgia de pequena escala efectuada em âmbito doméstico.
No Museu Regional Rainha Dona Leonor, em Beja, encontram-se depositados diversos materiais metálicos da Idade do Bronze procedentes da zona de Santa Vitória e Ervidel, conhecidas pela presença de importantes núcleos de necrópoles de cistas.
Apresenta-se o levantamento de todo o conjunto artefactual de metais deste período, no âmbito de novo estudo que pretende uma integração mais rigorosa, quer cronológica quer espacial, na realidade cultural do Bronze do Sudoeste na região de Beja.
Introdução
O presente trabalho resulta da necessidade dos autores efectuarem uma revisão dos conhecimentos sobre os metais da Idade do Bronze da região Oeste de Beja, em função das investigações desenvolvidas por estes num quadro de formação académica avançada e pelos trabalhos efectuados pelos signatários no âmbito do projecto “A transição Bronze Final / I Idade do Ferro no Sul de Portugal. O caso do Outeiro do Circo”.
Esta abordagem centra-se apenas no conjunto de peças existente no Museu Regional Rainha Dona Leonor, em Beja, mas pretende integrar os restantes elementos recolhidos nesta área geográfica.
Contextualização histórica
A zona ocidental dos “Barros Negros” é reconhecida pela presença de importantes achados e estações arqueológicas da Idade do Bronze do Sudoeste, nomeadamente as várias necrópoles de cistas do Bronze Médio que se concentram em dois importantes núcleos, a Norte, na Ribeira da Figueira e a Sul, na Ribeira do Roxo (Parreira, 1995: 132) e o imponente povoado do Outeiro do Circo com ocupação do Bronze Final (Serra et al., 2008). Neste vasto território também são conhecidos diversos achados casuísticos integráveis neste período, assumindo maior expressão a existência de diversas estelas (Barceló, 1991).
Actualmente assiste-se a um aumento exponencial de informação sobre a ocupação deste período na região, com a recente detecção de diversos povoados abertos de planície (Antunes et al., no prelo).
Os artefactos metálicos da Idade do Bronze nesta região pecam pela escassez, sendo sobretudo conhecidos pela sua associação a necrópoles.
Os primeiros metais referidos são os machados e o escopro da Mina da Juliana (Veiga, 1886: IV, 211), os dois punhais e o punção de Ervidel (Vasconcellos, 1927-29: 202) e um conjunto diversificado que inclui machados, punhais e uma ponta de dardo da região de Santa Vitória (Viana, 1944: 163, 164).
É apenas em meados do século XX que surgem os primeiros metais em contexto de escavação, na necrópole do Ulmo (Santa Vitória), onde são exumados dois punhais e um punção (Viana e Ribeiro, 1956). Um outro punhal descoberto anos mais tarde é também integrado numa necrópole (Medarra, Ervidel), apesar de se tratar de uma oferta (Ribeiro, 1966-67: 386).
A única peça proveniente do povoado do Outeiro do Circo e recolhida em prospecções corresponde a um cinzel (Parreira e Soares, 1980:115).
Na colecção do Museu Regional Dona Leonor em Beja encontram-se algumas das peças recolhidas nesta região, mas com pouca relevância quando comparadas com os restantes elementos integráveis no Bronze do Sudoeste.
É de referir ainda a presença de outras peças provenientes do Alto Alentejo, mais concretamente da região de Fronteira e que revelam o interesse de Fernando Nunes Ribeiro na Idade do Bronze de outras áreas geográficas como forma de tecer comparações com as realidades por ele documentadas mais a Sul.
Descrição do material
No Museu Regional Rainha Dona Leonor foi possível aceder a 11 peças atribuíveis à Idade do Bronze (Tabela 1). O material não tem número de inventário atribuído, pelo que decidimos associar-lhe uma referência nossa.
O contexto de proveniência e as circunstâncias em que os achados ocorreram são, na maioria dos casos, desconhecidos: apenas Bej_3 e Bej_7 apresentam alguma informação a este propósito.
O grupo mais representativo é o dos machados (Bej_1 a Bej_6), todos eles planos, tipologia bastante comum na área de estudo. À excepção de Bej_3, a falta de informações relativas aos contextos de procedência e às circunstâncias em que os achados ocorreram impede-nos avançar com mais detalhes.
O machado plano da Mina da Juliana – Bej_3 – procede de uma mina de cobre onde “…em muita profundidade fôram encontrados alguns machados e escopros de bronze, assim como calháos espheroidaes de pedra (percutores)…” (Veiga 1891: IV, 211, fig. XIII, n. 2 e 3).
Há notícia de mais dois machados planos, tipologicamente idênticos, procedentes da Mina da Juliana, sendo que um se encontra no Museu Nacional de Arqueologia (nr. Inv. 10246) enquanto que outro tem paradeiro desconhecido (Monteagudo 1977, n. 690 e 691; Bittel et al. 1969: II, 3, n. 1635).
Os metais da Mina da Juliana estão provavelmente ligados à exploração de minérios de cobre: a deposição de material metálico e/ou lítico em contextos de minas repete-se com bastante frequência, sendo este fenómeno explicável com actividades de extracção (ex. Alte, Algarve ou Quarta-Feira, Beira Alta entre outros).
O punhal Bej_7 foi encontrado ao “…lavrar numa courela próximo de Ervidel…”, em 1966. A peça foi oferecida a Fernando Nunes Ribeiro que teve, no ano seguinte, a possibilidade de averiguar as circunstâncias e o contexto do achado. A peça provinha de uma das sepulturas (n. 1) da necrópole de Medarra composta por um total de seis inumações em cistas. Foi a única em que apareceu metal. Fernando Nunes Ribeiro, com base na tipologia do material recolhido, atribui a necrópole ao Bronze final (1966-67: 388).
Da ponta de lança Bej_8 nada se sabe em relação quer ao contexto quer às circunstâncias do achado.
Bej_9 e Bej_10, apesar da falta de informações relativas ao contexto de proveniência, atendendo à tipologia e ao sítio de origem, Santa Vitória, fariam possivelmente parte de espólios de sepulturas.
Bej_9 é um punhal de cobre arsenical com dois rebites. Apresenta paralelos tipológicos com peças encontradas nalgumas sepulturas da mesma região (Bugalhos, p. ex.) (Soares 2009: 444, fig. 11, n. 4 e 5).
Bej_10 é uma ponta de dardo, em cobre arsenical (2,75 As) com folha sub-triangular percorrida por ligeira nervura central; apresenta longo espigão de secção circular na extremidade distal e quadrangular na parte proximal. Trata-se de objecto bastante raro em contextos ibéricos encontrando-se documentado quer em povoados (Outeiro de São Bernardo, Moura; Cerro dos Castelos de S. Brás, Serpa) quer em necrópoles (dólmen de La Pastora, Sevilla). Do ponto de vista tipológico, alguns autores procuram paralelos com o Mediterrâneo oriental e o Oriente Próximo (Montero Ruiz et al. 1996; Mederos Martín 2000). A ponta de dardo foi atribuída à II Idade do Bronze (Varela et al. 1986). Contudo, desconhecendo qualquer informação relativamente às circunstâncias do achado considera-se especulação avançar com a atribuição cronológica desta peça.
Finalmente, a ponta de seta BEJ_11, tal como os machados Bej_5 e Bej_6, procedentes de Fronteira, excedem o território de nosso interesse.
Nota 1: Em Bittel et al. 1968 constam analisados mais dois machados planos do Museu de Beja. Todavia, a falta de número de inventário e de descrição e/ou desenhos na publicação acima referida, impede-nos a atribuição discriminada a um dos dois machados planos que se encontram no museu. Ambos apresentam prova de que lhes foi retirada amostra. As análises deram o seguinte resultado: >10 (Sn); <>10 (Sn); 0,075(Pb); 0,58 (As); 0,21 (Sb); 0,13 (Ag); 0,1 (Ni); vest. (Bi) para o nr. 2477.
Conclusões
1. O presente trabalho enquadra-se no âmbito do projecto “A transição Bronze Final / I Idade do Ferro no Sul de Portugal. O caso do Outeiro do Circo”.
2. Procedemos ao levantamento de 11 artefactos metálicos atribuíveis, do ponto de vista tipológico, a diferentes períodos da Pré-História recente.
3. Grande parte do potencial informativo do material metálico por nós inventariado andou perdido: de facto, o desconhecimento das em que as peças foram encontradas e os parcos dados sobre os contextos de proveniência torna possível apenas um enquadramento de carácter eminentemente tipológico.
Bibliografia
Antunes A.S. et al., no prelo, “Povoados abertos do Bronze Final no Médio Guadiana”, Sidereum Ana II, Maio de 2008, Mérida.
Barceló J., 1991, “El Bronce del Sudoeste y la cronología de las estelas alentejanas”, Arqueologia, Porto, 21: 15 – 24.
Bittel, K et al., 1968, Studien Zu Den Anfangen der Metallurgie, Man Verlag, Berlin, B. 2, T.3.
Mederos Martín, A., 2000: “Puntas de jabalina de Valencina de la Concepción (Sevilla) y del área palestino-israelita”. Madrider Mitteilungen 41: 83-111.
Monteagudo L., 1977, Die Beile auf der Iberischen Halbinsel, PBF, Munchen.
Montero Ruiz, I. and Teneishvili, T.O. 1996: “Estudio actualizado de las puntas de jabalina del Dolmen de la Pastora (Valencina de la Concepción, Sevilla)”. Trabajos de Prehistoria 53 (1): 73-90.
Parreira R., 1995, “Aspectos da Idade do Bronze no Alentejo Interior”, em A Idade do Bronze em Portugal – Discursos de Poder, Museu Nacional de Arqueologia, Lisboa: 131 – 134.
Parreira R. et al., 1980, “Zu einigen bronzezeitlichen Hohensiedlungen in Sudportugal”, Madrider Mitteilungen, Madrid, 21: 109 – 130.
Ribeiro, F. N., 1966/67, “Noticiário Arqueológico Regional”, Arquivo de Beja, Beja, vol. 23-24: 382 – 389.
Serra M. et al., 2008, “O Bronze Final no Sul de Portugal – Um ponto de partida para o estudo do povoado do Outeiro do Circo”, Actas do 3º Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular, Aljustrel, 26 a 28 de Outubro de 2006, Vipasca, Aljustrel, s. 2, n. 2: 163 – 170.
Soares, A. M., 2000, Necrópole do Bronze do Sudoeste de Bugalhos (Serpa), Vipasca, Aljustrel, 9: 47 – 52.
Vasconcellos J. L., 1927/29, “Estudos da época do bronze em Portugal”, OAP, Lisboa, Série 1, vol. 28: 201 – 203.
Veiga E., 1886, Antiguidades Monumentais do Algarve, IV, Imprensa Nacional, Lisboa.
Viana A., 1944, “Museu Regional de Beja: Ferragens artísticas, esculturas de osso, proto-históricas, machados da idade do bronze, ferragens romanas, jóias de ouro, fivelas, amuletos e outros objectos”, Arquivo de Beja, Beja, vol. 1: 155 – 166.
Viana A. et al., 1956, “Notas históricas, arqueológicas e etnográficas do baixo Alentejo”, Arquivo de Beja, Beja, vol. 13: 110 – 167.
Fig. 2 - Lombador. Interprétation du cliché précédent.
Serpa
Voici un autre exemple, du même genre. Au sud de Serpa, dans des charnecas dénudées et livrées à la culture situées à l’est de la Quinta de São Brás, une véritable transparence de l’image aérienne disponible permet des lectures de paléoformes.
Le schéma d’interprétation de cette zone offre, en plus du parcellaire actif contemporain, deux autres orientations parcellaires utiles pour reconstituer d’éventuelles planimétries agraires anciennes.
Outeiro do Circo
Avec cet exemple, il est possible de franchir un pas supplémentaire. Il est inutile de présenter ce site majeur de la fin de l’âge du Bronze aux lecteurs de ce blog, ni même de leur dire combien une utilisation intelligente de l’image aérienne permet d’avancer dans la connaissance de l’oppidum : il suffit de lire l’article « Photo-interprétation à Outeiro do Circo ».
Mon but est de montrer que les environs de l’oppidum sont porteurs d’une information paléo-planimétrique intéressante qui peut apporter des connaissances sur des états antérieurs de l’occupation du sol.
Le parcellaire du XXe s., observable sur les plus anciennes photographies aériennes, est de forme géométrique courante, traduisant des divisions d’époque moderne. Il ne transmet donc pas d’informations plus anciennes. Pour cette raison, l’identification de formes plus anciennes ne peut se faire que par des indices appropriés en photo-interprétation : traces d’humidité sur sols nus ou de coloration et de hauteur dans les végétaux.
Fig. 5 - Le parcellaire actuel autour de Outeiro do Circo. Document G. Chouquer.
Les diverses missions disponibles donnent des informations, notamment sous la forme de marques humides sur le sol. On peut utiliser la mission en Noir et Blanc de 1984, ou celle de 2006 sur Gooogle Earth.
Et c’est ici qu’apparaît le problème méthodologique. L’observation des images laisse apparaître très nettement une espèce de trame paléohydrographique très fortement diffusée dans l’espace et microdivisée, qui est traduite sur les images par de très vifs indices hygrographiques (damp marks de la terminologie anglaise). Peut-on considérer que ces traces sont uniquement des formes hydrographiques?
Fig. 6 - Beringel, à l’est du gisement de Outeiro do Circo. Détail de la mission de 2003 mise à disposition sur Google Earth. L’échelle linéaire est de 500 m.
Fig. 7 - Beringel, Outeiro do Circo. Interprétation exclusivement hydrographique du cliché précédent. L’échelle linéaire est de 500 m.Nous pouvons, au contraire, considérer que la densité et la forme de cette trame suggèrent d’anciens modes d’organisation agraire. Deux aspects peuvent attirer l’attention :
— La forme croisée des lignes désigne non pas une forme hydrographique entièrement naturelle, mais une forme probablement hybride, hydro-parcellaire.
— La présence de traces humides épaisses, mais dont une limite est en ligne droite, et ceci sur le côté aval de la pente, suggère une limite, un effet de barrière, ou un obstacle à la libre circulation de l’eau en surface. Cette barrière, c’est une limite (fossé, haie, terrasse selon les cas) qui a longtemps retenu les feuillages, l’humidité et créé localement un milieu différent dont la marque est ainsi visible sur des images aériennes.
C’est ainsi que d’anciennes limites agraires peuvent être repérées, mêmes après leur disparition.
Dans ces conditions, nous pouvons proposer une cartographie plus vraisemblable des traces d’humidité qui associe un réseau hydrographique et un parcellaire.
Fig. 9 - Beringel, Outeiro do Circo. Les marques soulignées par la couleur marron renvoient à un probable parcellaire de type hydro-parcellaire.
La carte suivante exploite cette piste pour l’ensemble de la zone entourant le site de Outeiro do Circo. Ce relevé propose différentes informations : des voies dessinant un croisement à l’est du site de l’oppidum ; de nombreuses traces de limites parcellaires. Comme ces traces n’ont rien à voir avec la planimétrie actuelle, nous sommes donc en présence d’une strate archéologique.
Bien entendu, un relevé de photo-interprétation ne donne pas la date des éléments, ni ne donne d’éléments pour attester ou non la contemporanéité de toutes ces traces. Il faut, à cette étape, relayer la recherche en changeant de méthodologie.
Fig. 10 - Mombeja et Beringel, Outeiro do Circo. Relevé des traces de voies et de parcellaires fossiles visibles sur les missions aériennes.
En guise de conclusion....
Ces quelques exemples suggèrent que la recherche sur les planimétries préromaines en Alentejo - habitats, voies et parcellaires - doit passer par une phase de cartographie de tous les indices lisibles sur les missions aériennes. La méthodologie revient à constituer des cartes de compilation, à la plus grande échelle possible, afin de lire les détails. Cette cartographie ne répond pas définitivement à la question de l’identification ni à celle de la datation des parcellaires, mais elle est néanmoins un passage obligé de la recherche.
Lexique
Carte de compilation
Carte sur laquelle on reporte toutes les informations utiles lues sur les missions aériennes et les cartes, afin de disposer d’une représentation à la même échelle. Avec des outils de superposition comme Adobe Illustrator, ou mieux, avec un SIG, on peut réaliser cette superposition film par film et disposer d’un précieux outil de travail et de comparaison.
Hydroparcellaire, fluvioparcellaire, trame fluviaire
Ces termes hybrides qui associent à chaque fois un mot désignant le réseau hydrographique (hydro/ fluvio) et un autre désignant la trame parcellaire ou viaire désignent des formes dans lesquelles l’interpénétration entre les éléments naturels et les éléments socialement construits atteint un degré tel qu’il est sans intérêt de chercher à séparer le physique du social. Ainsi, beaucoup de trames parcellaires construites par les habitants et les agriculteurs ne sont que l’aménagement de réseaux naturels de circulation en surface des eaux.
Indice hygrographique
Trace d’humidité en surface individualisée par rapport à un contexte plus sec, et qui peut traduire une forme disparue. Les indices hygrographiques révèlent le plus souvent des paléochenaux et des parcellaires.
Métrologie
Analyse des mesures et de leur éventuelle répétition (ce qu’on nomme périodicité) dans une trame quelconque. La métrologie est l’un des volets de l’analyse de morphologie agraire (ou urbaine).
Parcellaire actif / fossile
On nomme parcellaire actif le parcellaire en usage au moment de la prise de vue. Il s’oppose au parcellaire fossile, fortuitement préservé ou réapparu grâce à des indices d’humidité ou de coloration de la végétation.
Planimétrie.
On donne à ce terme son sens premier en géographie : tout ce qui, à la surface de la terre, n’est ni l’orographie (relief), ni l’hydrographie (cours d’eau), c’est-à-dire l’habitat, les voies de communication, le parcellaire, les modelés agraires, les divers monuments. Lorsqu’on réalise une analyse de morphologie agraire on ne travaille pas exactement sur un “paysage” mais sur un ensemble de formes planimétriques.
Bibliographie
Andrew FLEMING, The Dartmoor reaves. Investigating prehistoric land divisions, ed. Windgather Press, 2008 (1ère édition en 1988), 224 p.
Ricardo GONZÁLEZ VILLAESCUSA, Las formas de los paisajes mediterráneos, Universidad de Jaén, 2002.
Site de l’archéogéographie : www.archeogeographie.org
Gérard Chouquer
Directeur de recherches au CNRS-INSHS
et professeur d’archéogéographie à l’Université de Coimbra
(juillet 2010)
Sendo este o meu segundo ano de comparência nas campanhas do projecto do Outeiro do Circo, saliento que todo o ambiente envolvente é de certeza um chamativo à participação nesta investigação. Desde a complexidade e monumentalidade do sítio arqueológico em si, à agradável equipa de participantes, aliada à boa cozinha alentejana, o incentivo à minha participação e continuidade neste projecto cresceu e cresce de ano para ano.
Aguardo com expectativa o desenrolar do processo de investigação e como tal a minha continuada cooperação.
Beijinhos e abraços
Felicidade e alegria
Haja vinho e chaves de casa
Diana Fernandes
Arqueóloga, licenciada pela Universidade de Coimbra (2010)
Antes de mais, gostaríamos de agradecer, aos arqueólogos Miguel Serra e Eduardo Porfírio por nos terem aceite para trabalharmos no seu projecto. Foi de facto extremamente importante para nós, pois permitiu-nos, pela primeira vez, entrar em contacto com o trabalho de campo arqueológico e poder assim perceber melhor toda a teoria relacionada com o Bronze Final e métodos de escavação leccionada ao longo do ano lectivo e assim aplicá-los. Apesar da Universidade nos dar uma bagagem essencial, existem coisas que só com a prática é que vamos aprendendo! Portanto, aconselhamos vivamente a todos os alunos do curso de arqueologia, a procurar escavar nas suas férias, pois para além da aprendizagem, uma escavação permite-nos conhecer novos sítios, novas pessoas, criando-se laços de união.
Exemplo do que mencionamos anteriormente, foi a formação que nos foi dada pelas nossas colegas Diana e Sofia, de topografia, ou as noções de desenho de campocom o arqueólogo Miguel, ou mesmo até de como procedermos numa escavação, com a ajuda de todos os elementos que integraram a 2ºcampanha.
Apesar das dificuldades iniciais, que sucedem a qualquer pessoa que se aventure pelo mundo arqueológico, o Alentejo, com as suas temperaturas elevadas, um solo duro, adicionando o chamado "vento das cinco", o abrir de pulsos e ainda a questão que se faz inevitavelmente nos primeiros dias agrestes "Será que é isto que quero para a minha vida?", a experiência no Outeiro do Circo valeu a pena, sendo de realçar a hospitalidade da população de Mombeja, e ainda mais importante o receber bem do grupo de arqueólogos."
Ana Tavares e Vera Leal
Estudantes do 1ª ano de Arqueologia na Universidade de Coimbra
Participar na campanha de 2010 do Outeiro do Circo foi deveras interessante. Todos estes dias passados em Mombeja, na companhia de todos os envolvidos foi bastante gratificante, em especial trabalhar com pessoas tão perseverantes e dedicadas como o Miguel e o Eduardo. Sinto que aprendi muito com eles e com todos os companheiros de campanha. Um muito obrigado a todos.
Posso dizer que chegando ao fim deste período de campanha, desta experiência, me será difícil desligar deste grande projecto, não só pelo que descrevi acima, mas também por se tratar de um período e de sociedades que me despertam bastante curiosidade.
Outro dos aspectos agradáveis foi o dia-a-dia em Mombeja e o convívio com os seus habitantes. Em especial pelas senhoras da Associação de Solidariedade Mombejense, que nos tratavam sempre tão bem com os seus preparados culinários.
Acabo assim este pequeno comentário dizendo que será sempre um prazer voltar ao Outeiro do Circo, mesmo que faça ainda mais calor e a terra fique ainda mais dura.
Mais uma vez obrigado a todos os envolvidos neste fantástico projecto.
Luís Costa
Estudante do 1ª ano de Arqueologia na Universidade de Coimbra