quarta-feira, 19 de junho de 2013

Tu fazes, eu parto, juntos colamos - Workshop 2 e 3

Os últimos dois workshops desta actividade, dirigida a estudantes de arqueologia, decorreram nos dias 24 e 30 de Maio, no Palácio de Sub-Ripas (Instituto de Arqueologia) em Coimbra. Durante a semana anterior alguns alunos experimentaram decorar as peças através de incisão ou brunimento e o workshop de dia 24 foi destinado à cozedura dos recipientes.
Workshop 2 - Cozedura
O primeiro passo consistiu na avaliação da secagem das peças, para observar a sua consolidação e registar a cor das peças. Algumas peças mostravam fracturas devido à contracção na secagem, mas outras pareciam ter resistido bem.
A construção das fogueiras decorreu no Campo de Jogos contíguo ao quintal do Instituto de Arqueologia, cedido para esta actividade pela Santa Casa da Misericórdia de Coimbra (a quem muito se agradece). As estruturas de cozedura (2 covas e lenha variada) foram preparadas pelos participantes e em seu redor dispôs-se o equipamento para controlar a temperatura (conjunto de 5 termopares emprestado pelo Led & Mat do IPN e barras pirométricas). As peças acabaram de secar em volta das fogueiras e depois deu-se início à cozedura propriamente dita.
 
 
 
Na primeira experiencia tentou reproduzir-se uma fogueira com atmosfera rica em carbono, mas na seguinte o objectivo foi que a cozedura decorresse de forma menos protegida e mais rica em oxigénio. O tempo de cozedura foi intencionalmente curto, para comparar com experiências prévias (mas um pouco mais longo - 1h30), e as temperaturas não excederam os 700ºC. O registo dos termopares permitiu obter os perfis térmicos das cozeduras e relacioná-los com a direcção dos ventos dominantes. No final as peças foram retiradas para arrefecer e observaram-se as cores, o grau de consolidação e as fraturas.
Como a actividade decorreu durante o dia inteiro, vários participantes almoçaram em piquenique no Instituto de Arqueologia. A meio da tarde contámos ainda com um excelente bolo de chocolate feito e oferecido a todos pela Eunice.
Workshop 3 - selagem e uso
Uma semana mais tarde, o dia 30 de Maio foi dedicado a testar as peças. Mais uma vez a sessão começou com uma pequena apresentação, neste caso sobre práticas etnográficas de “selagem” das peças para diminuir a porosidade e recuperar fraturas.
O primeiro passo consistiu em encher os recipientes com uma quantidade fixa de água durante 2 minutos e voltar a medir a água para observar quanta teria sido absorvida pela superfície dos recipientes.
Depois construiu-se uma pequena fogueira para colocar os recipientes e ferver água. Os recipientes foram secos em volta da fogueira e aqueles que não apresentavam fracturas evidentes foram parcialmente cheios com água e postos sobre brasas na fogueira, controlando-se o tempo que demorava até a água ferver. Nesta experiência tornou-se claro que boa parte deles tinha micro-fracturas pouco visíveis e ficavam rapidamente encharcados o que, de facto, impedia que a água entrasse em ebulição e em alguns casos mais exagerados apagava as brasas.
Para recuperá-los os participantes testaram materiais diferentes ou uma combinação de vários: farinha integral; farelo; gordura animal (banha) e vegetal (azeite), sangue e cera de abelha. Em alguns recipientes o objectivo foi apenas testar o efeito de alguns produtos na cor: foi o caso do limão (ácido) e do vinho (por ser rico em taninos). Alguns materiais testados não melhoraram a performance dos recipientes, mas outros mostraram resultados muito interessantes e permitiram utilizar recipientes que até então não o permitiam.
 

 
Mais por brincadeira e curiosidade, no final da sessão preparou-se uma pequenina “refeição” composta por uma perna de coelho, favas e alho, cozida com sal num dos recipientes, e uma mistura de papas de farinha integral e água, cozida em outro. Quem provou diz que o coelho estava bastante bom, mas as papas… bom, eram papas de farinha!

 
Além disso, e provavelmente devido à inspiração de dia 24, nesta actividade contámos outra vez com um bolo de chocolate fantástico! Desta vez foi feito e oferecido por uma das alunas participantes. Um bem-haja à Carla, e, evidentemente, à Eunice, que deu o mote!
A equipa do Projecto Outeiro do Circo gostava ainda de agradecer o empenho da Doutora Raquel Vilaça, a presença de todos os participantes, e ainda o apoio das instituições envolvidas como o Instituto de Arqueologia, CEMUC, CEAUCP e AAA, que permitiram que estas actividades fossem possíveis e decorressem com tranquilidade. Agradece-se ainda à Misericórdia de Coimbra a cedência do Campo de Jogos e ao Led&Mat do IPN em Coimbra o empréstimo dos termopares.

 

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