Os últimos dois workshops desta
actividade, dirigida a estudantes de arqueologia, decorreram nos dias 24 e 30
de Maio, no Palácio de Sub-Ripas (Instituto de Arqueologia) em Coimbra. Durante
a semana anterior alguns alunos experimentaram decorar as peças através de
incisão ou brunimento e o workshop de dia 24 foi destinado à cozedura dos
recipientes.
Workshop 2 - Cozedura
O primeiro passo consistiu na
avaliação da secagem das peças, para observar a sua consolidação e registar a
cor das peças. Algumas peças mostravam fracturas devido à contracção na
secagem, mas outras pareciam ter resistido bem.
A construção das fogueiras
decorreu no Campo de Jogos contíguo ao quintal do Instituto de Arqueologia,
cedido para esta actividade pela Santa Casa da Misericórdia de Coimbra (a quem
muito se agradece). As estruturas de cozedura (2 covas e lenha variada) foram
preparadas pelos participantes e em seu redor dispôs-se o equipamento para
controlar a temperatura (conjunto de 5 termopares emprestado pelo Led & Mat
do IPN e barras pirométricas). As peças acabaram de secar em volta das
fogueiras e depois deu-se início à cozedura propriamente dita.
Na primeira experiencia tentou
reproduzir-se uma fogueira com atmosfera rica em carbono, mas na seguinte o
objectivo foi que a cozedura decorresse de forma menos protegida e mais rica em
oxigénio. O tempo de cozedura foi intencionalmente curto, para comparar com
experiências prévias (mas um pouco mais longo - 1h30), e as temperaturas não
excederam os 700ºC. O registo dos termopares permitiu obter os perfis térmicos
das cozeduras e relacioná-los com a direcção dos ventos dominantes. No final as
peças foram retiradas para arrefecer e observaram-se as cores, o grau de
consolidação e as fraturas.
Como a actividade decorreu
durante o dia inteiro, vários participantes almoçaram em piquenique no
Instituto de Arqueologia. A meio da tarde contámos ainda com um excelente bolo
de chocolate feito e oferecido a todos pela Eunice.
Workshop 3 - selagem e uso
Uma semana mais tarde, o dia 30
de Maio foi dedicado a testar as peças. Mais uma vez a sessão começou com uma
pequena apresentação, neste caso sobre práticas etnográficas de “selagem” das
peças para diminuir a porosidade e recuperar fraturas.
O primeiro passo consistiu em
encher os recipientes com uma quantidade fixa de água durante 2 minutos e
voltar a medir a água para observar quanta teria sido absorvida pela superfície
dos recipientes.
Depois construiu-se uma pequena
fogueira para colocar os recipientes e ferver água. Os recipientes foram secos
em volta da fogueira e aqueles que não apresentavam fracturas evidentes foram
parcialmente cheios com água e postos sobre brasas na fogueira, controlando-se
o tempo que demorava até a água ferver. Nesta experiência tornou-se claro que boa
parte deles tinha micro-fracturas pouco visíveis e ficavam rapidamente
encharcados o que, de facto, impedia que a água entrasse em ebulição e em
alguns casos mais exagerados apagava as brasas.
Para recuperá-los os
participantes testaram materiais diferentes ou uma combinação de vários: farinha
integral; farelo; gordura animal (banha) e vegetal (azeite), sangue e cera de
abelha. Em alguns recipientes o objectivo foi apenas testar o efeito de alguns
produtos na cor: foi o caso do limão (ácido) e do vinho (por ser rico em
taninos). Alguns materiais testados não melhoraram a performance dos recipientes,
mas outros mostraram resultados muito interessantes e permitiram utilizar
recipientes que até então não o permitiam.
Mais por brincadeira e
curiosidade, no final da sessão preparou-se uma pequenina “refeição” composta
por uma perna de coelho, favas e alho, cozida com sal num dos recipientes, e
uma mistura de papas de farinha integral e água, cozida em outro. Quem provou diz
que o coelho estava bastante bom, mas as papas… bom, eram papas de farinha!
Além disso, e provavelmente devido à inspiração de dia 24, nesta actividade
contámos outra vez com um bolo de chocolate fantástico! Desta vez foi feito e
oferecido por uma das alunas participantes. Um bem-haja à Carla, e,
evidentemente, à Eunice, que deu o mote!
A equipa do Projecto Outeiro do
Circo gostava ainda de agradecer o empenho da Doutora Raquel Vilaça, a presença
de todos os participantes, e ainda o apoio das instituições envolvidas como o
Instituto de Arqueologia, CEMUC, CEAUCP e AAA, que permitiram que estas
actividades fossem possíveis e decorressem com tranquilidade. Agradece-se ainda
à Misericórdia de Coimbra a cedência do Campo de Jogos e ao Led&Mat do IPN
em Coimbra o empréstimo dos termopares.
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