domingo, 6 de março de 2011

Outeiro do Circo alvo de trabalhos académicos - parte 2

O povoamento da Idade do Bronze no território do Outeiro do Circo (Mombeja/Beringel – Beja). Um modelo de aplicação de SIG a um projecto de investigação em arqueologia.
Este trabalho pretende apresentar o potencial de aplicação de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) no âmbito do projecto de investigação arqueológica “A transição Bronze Final / Iª Idade do Ferro no Sul de Portugal: o caso do Outeiro do Circo (Mombeja/Beringel – Beja)”.
As três principais componentes de utilização de SIG aplicadas a este projecto referem-se aos aspectos relacionados com (1) a gestão e armazenamento da informação obtida nas várias vertentes deste projecto, (2) com a utilização desta informação para a criação de modelos interpretativos e elaboração de reconstituições virtuais da realidade que auxiliem a criação de interpretações arqueológicas e por fim (3) com a possibilidade de utilizar modelos preditivos para a detecção de sítios arqueológicos de determinado tipo em função de certos padrões comuns na sua análise espacial.







A ocupação do território do Outeiro do Circo entre o IIº e Iº milénio a.C. Sequência ou ruptura?

A abordagem seguida neste trabalho terá como principal objectivo conhecer as estratégias de povoamento ao longo do IIº milénio e inícios do Iº milénio a.C. num território envolvente ao povoado do Bronze Final do Outeiro do Circo, caracterizando o evoluir das formas presentes no registo arqueológico e interrogando as mudanças e permanências que se podem observar neste longo período, entendido por nós como um momento chave para a compreensão do desenvolvimento das sociedades complexas pré-urbanas no Sul do actual território português.
Pretende-se fazer uma leitura de longa duração com o objectivo de compreender se este é um processo de intensificação contínua ou se por outro lado estaremos na presença de múltiplos processos com quebras e ressurgimentos. Esta análise termina nos alvores do Iº milénio, quando este sistema que se formou ao longo de toda a Idade do Bronze, parece colapsar ou tornar-se discreto.






Evolução da ocupação humana nos “Barros de Beja” entre o Bronze Médio e o Bronze Final. Mudanças e continuidades – apresentação de um projecto de investigação
O objectivo deste trabalho passa pela criação de um projecto de investigação que aborde o modo como as arquitecturas serviram para moldar a forma do território dos “Barros de Beja” durante a Idade do Bronze e a forma como estas arquitecturas se manifestaram no registo actual da paisagem, que variabilidade assumiram nas redes de povoamento antigas e saber que outras formas nos podem informar sobre como o Homem usou e viveu no espaço físico.





A ocupação humana do Bronze Final nos “Barros de Beja”. Perspectivas de investigação a partir do Outeiro do Circo (Mombeja – Beja) – apresentação de um projecto de investigação
Pretende-se apresentar um projecto de investigação incidindo sobre a Idade do Bronze Final na região dos “Barros de Beja”, mais concretamente nas áreas abrangidas grosso modo pelas freguesias de Mombeja, Beringel e Santa Vitória, no concelho de Beja.
A estratégia de investigação a perspectivar, recairá preferencialmente no estudo do arqueosítio do Outeiro do Circo, um povoado muralhado que genericamente se enquadra dentro das cronologias do Bronze Final.






A transição Bronze Final / Iª Idade do Ferro no Sul de Portugal: o caso do Outeiro do Circo – Projecto de Educação Patrimonial
Este documento sistematiza um plano de educação patrimonial para o projecto de arqueologia “A transição Bronze Final / Iª Idade do Ferro no Sul de Portugal: o caso do Outeiro do Circo”.
O plano propõe-se divulgar de uma forma programada os trabalhos arqueológicos e os resultados do projecto, através duma linguagem, meios e recursos de comunicação adequados aos diversos públicos.
Pretende-se deste modo, utilizar a prática arqueológica para divulgar a necessidade de proteger e estudar um património que permanece semi-escondido na paisagem actual, situação que o coloca constantemente em risco. Procura-se igualmente alterar a percepção social dos vestígios arqueológicos, que frequentemente os menoriza relativamente aos valores do património imóvel construído. O património cultural pode assim, ser encarado como um recurso insubstituível para o desenvolvimento local e regional.

6 comentários:

Miguel Rocha disse...

Deixem-me dar felicitações por estes trabalhos. Espero que tragam resultados. Eu estou a trabalhar sobre um sítio da área e época em questão e vejo-me confrontado com pouca produção cientifica. Existem poucas escavações de sítios da Idade do Bronze. Basicamente o que existe são prospecções de superfície. É certo que as evidências (tirando o mundo funerário) são menos abundantes em relação a outros períodos. Gostava de saber a vossa opinião sobre esta situação.
Para terminar, também gostava de saber se estes trabalhos vão estar disponíveis para consulta?

Miguel Serra disse...

Caro Miguel,
Começo por agradecer as tuas palavras de apoio, que são sempre um incentivo para continuar com a divulgação do nosso trabalho.
Em relação às questões mais prácticas, devo dizer que existem alguns trabalhos de grande qualidade sobre sítios da Idade do Bronze nesta região, sobretudo de escavações preventivas, mas também algumas de projectos de investigação, mas dependerá obviamente daquilo que consideras a área geográfica de interesse. Quanto aos nossos trabalhos académicos, tratam-se mais de ensaios para outros trabalhos e acções concretas que realizamos no âmbito deste projecto e que muitas vezes dão origem a artigos que poderás consultar. Como alguns ainda estão no prelo, poderás contactar-nos por mail (nos contactos da equipa) caso pretendas mais informações. Da nossa parte poderás contar com toda a ajuda que nos for possível prestar.
Miguel Serra

Miguel Rocha disse...

Obrigado pela disponibilidade. Já consultei alguns desses artigos, nomeadamente na Vipasca. Se for oportuno entrarei em contacto. Quanto à produção cientifica (sudoeste ibérico), no que diz respeito ao povoamento acho escassa, isto apesar dos poucos vestígios ou dos trabalhos desenvolvidos por Monge-Soares, e "agora" por Berrocal-Rangel e Carlos Silva nos Ratinhos, ou mesmo os de Soares e Silva ou Arnaud, nos anos 70 e 80. Por exemplo, se virmos as nossas vizinhas Andaluzia e Extremadura a produção é maior: pavón soldevilla, navascués, belen, escacena, aubet...´
Aliás consulto mais referências espanholas que portuguesas.
Por isso é de saudar projectos como os vossos.
Se não estudarmos e divulgarmos, com um discurso corrente, a arqueologia e os vestígios materiais a sociedade nunca irá valorizar o nosso trabalho.

Miguel Serra disse...

Caro Miguel,
Sem dúvida que o cenário que identificas corresponde à realidade da investigação nesta região (acrescentaria apenas os recentes trabalhos de Jorge Vilhena na região de Ourique e Odemira) e que há mais informação do lado espanhol. Pode ser que os próximos anos invertam esta situação, uma vez que os inúmeros dados proporcionados por intervenções de arqueologia preventiva recentes poderiam facilmente gerar diversos projectos de investigação, pelo menos é o que nós pretendemos também fazer em breve na prossecução do projecto que temos em curso no Outeiro do Circo, mas que queremos que inclua a vasta região envolvente.
Obrigado pelo teu apoio e reitero a disponibilidade para qualquer ajuda que necessites, até porque também nos interessam bastante todos os novos dados sobre idade do bronze nesta zona, que permitem uma melhor compreensão do fenómeno de emergência destas redes de povoamento.
Abraço
Miguel Serra

Miguel Rocha disse...

Obrigados de novo. Brevemente entrarei em contacto (o meu brevemente dura sempre algum tempo). E boa sorte para o vosso projecto. Esperemos que as conclusões e dados que retirarei dêem um contributo para o estudo do povoamento e das comunidades do Bronze Final Alentejano.

Miguel Serra disse...

Obrigado nós e aguardamos pelo teu contacto. Até lá deixamos a sugestão do encontro que organizamos em Coimbra a 15 de Abril, dedicado ao tema da Idade do Bronze do Sudoeste, onde também serão apresentados novos dados relativos à intervenção no Outeiro do Circo.
Abraço
Miguel Serra