segunda-feira, 21 de março de 2011

II Jornadas de Pré e Proto-História da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra - 6

A Idade do Bronze do Sudoeste: novas perspectivas sobre uma velha problemática

15 de Abril de 2011

Programa:

09:00 – 09:15
Entrega de documentação

09:15 – 09:30
Sessão de abertura:
Director da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Director do Departamento de História, Arqueologia e Artes da Universidade de Coimbra
Coordenadora do Centro de Estudos Arqueológicos das Universidades de Coimbra e Porto Director da Secção / Instituto de Arqueologia da Universidade de Coimbra

09:30 – 09:45
Apresentação e objectivos:

Miguel Serra (Palimpsesto/CEAUCP)
Após as décadas iniciais do século XX, os anos 50, 60 e 70 foram especialmente marcantes para a estruturação de um conceito de matriz histórico-cultural, designado por Idade do Bronze do Sudoeste Peninsular, abreviadamente Bronze do Sudoeste. Em grande medida, tal conceito manteve-se em vigor até aos nossos dias. Concebido maioritariamente a partir de elementos de carácter funerário, o Bronze do Sudoeste, careceu desde sempre, salvo raras excepções, de materialidades que possibilitassem a percepção do respectivo esquema de povoamento.
Na actualidade, o desenvolvimento de alguns projectos de investigação, bem como o forte contributo da arqueologia preventiva na região, têm permitido um conhecimento ímpar na estruturação das formas de povoamento, em simultâneo com a observação de novas realidades funerárias, que nos mostram a existência de formações culturais mais complexas do que até aqui se julgava.
A integração de estudos arqueométricos nestas análises constitui, entre outros, um elemento crucial para a compreensão do quadro interpretativo do Bronze do Sudoeste.
Este encontro pretende fornecer aos participantes um nível de formação geral que possibilite a aquisição da capacidade de caracterizar e interpretar criticamente o conceito de Bronze do Sudoeste.
No fim das sessões, deverão conhecer a evolução deste conceito à luz das diferentes correntes teóricas que o procuraram explicar e definir.
Decorrerão também sessões com casos de estudo que permitirão a apreciação de novas perspectivas de investigação com exemplos de intervenções no terreno e no gabinete.
Para testar a capacidade crítica adquirida, é proposto um debate final onde se pretende a discussão dos temas abordados.

09:45 – 10:30 (Sessão 1):
Historiografia do Bronze do Sudoeste: velhas perspectivas sobre uma problemática renovada

Rui Parreira (DRC Algarve)
Tema:
- Enquadramento historiográfico das problemáticas (o Bronze do Sudoeste como entidade «arqueográfica», âmbito cronológico, perspectivas da investigação / problemáticas da investigação – a «visibilidade» dos dados empíricos e o trabalho de pesquisa como produto social).
Conteúdo programático:
Para o Sudoeste peninsular os dados empíricos datáveis no 2.º milénio anterior à era cristã têm sido abordados, desde o século XIX, sob distintos enquadramentos teóricos. Neste módulo procura-se, por isso, reflectir como esses diferentes enfoques têm condicionado interpretações discrepantes e abordagens diferenciadas, desde as centradas nos objectos e nos sítios, às que consideram os territórios e as paisagens culturais, ou às que, na materialidade do registo arqueológico, procuram discernir contradições, transformações e continuidades na sociedade da chamada Idade do Bronze.

10:30 – 11:00 (intervalo)

11:00 – 12:15 (Sessão 2):

O conhecimento do território e as novas perspectivas de investigação

Eduardo Porfírio (Palimpsesto/CEAUCP)
Tema:
- O povoamento aberto do Bronze Pleno no Sudoeste. Caso de estudo: o sítio de Torre Velha 3 (Serpa).
Conteúdo programático:
O sítio Torre Velha 3 localiza-se no concelho de Serpa, numa zona de relevo ondulado com boa aptidão agrícola. A escavação em área deste local permitiu a identificação de uma ocupação da Idade do Bronze, constituída por uma série de estruturas escavadas no solo, de cariz doméstico e funerário. Estes contextos quando relacionados com povoados e necrópoles coetâneos da margem esquerda do Guadiana, incrementam o nosso conhecimento sobre as estratégias de ocupação e exploração do território. Permitem confirmar alguns aspectos dos rituais fúnebres já referenciados em trabalhos anteriores, ao mesmo tempo que lhes acrescentam diversidade através da existência de várias estruturas sepulcrais, destacando-se as de tipo hipogeu, semelhantes morfológica e ritualmente à excepcional sepultura de Belmeque.
É objectivo deste sub-módulo, apresentar os resultados actualizados do estudo da ocupação da Idade do Bronze de Torre Velha 3, dedicando uma atenção especial à sua vertente funerária, destacando-se a contribuição deste âmbito para a compreensão do quotidiano destas comunidades.

Miguel Serra (Palimpsesto/CEAUCP)
Tema:
- O povoamento fortificado do Bronze Final no Sudoeste: Caso de estudo: o sítio do Outeiro do Circo (Beja).
Conteúdo programático:
O povoado fortificado do Outeiro do Circo (Beja), localizado no centro da fértil peneplanície do Baixo Alentejo, constitui um dos melhores exemplos para o conhecimento do povoamento de altura durante o Bronze Final no Sudoeste Peninsular. Dados recentes permitiram a descoberta de diversos povoados de planície nos seus arredores, o que possibilita a construção de um cenário privilegiado para a tentativa de reconstituição dos processos de formação e evolução das redes de povoamento e do sistema de hierarquização de lugares.
Pretende-se dar a conhecer os resultados do projecto de investigação que incide no estudo deste povoado, bem como da integração dos novos dados transmitidos pela arqueologia preventiva na região envolvente.

Ignacio Pavón Soldevila e David M. Duque Espino (Univ. Extremadura, Espanha)
Tema:
- Paisaje y poblamiento en el II milenio a.C.: El Cerro del Castillo de Alange (Extremadura, España) y su territorio.
Conteúdo programático:
El Cerro del Castillo de Alange (Badajoz) constituye el asentamiento mejor conocido del Bronce Pleno en la Baja Extremadura. Localizado en el sector nororiental de la comarca de Tierra de Barros, ha sido objeto de excavaciones, de forma discontinua desde 1987 hasta 2006, que han permitido, sobre todo, conocer su secuencia estratigráfica; ofrecer una reconstrucción paleoambiental y paleoeconómica; y, gracias a los últimos trabajos, definir un poco más los parámetros arquitectónicos. Igualmente, se ha convertido en un referente en el que integrar el poblamiento rural –hasta ahora casi exclusivamente conocido por las necrópolis de cistas– de la comarca; y un enclave desde el que valorar la dimensión territorial y cultural del Bronce del Suroeste. Aspectos, todos ellos, que abordaremos en este seminario.

12:15 – 12:30 Discussão

12:30 – 14:00 (almoço)


14:00 – 15:00 (Sessão 3):
Contributo dos estudos arqueométricos para o conhecimento do Bronze do Sudoeste

Carlo Bottaini (CEAUCP)
Tema:
- A metalurgia do Bronze do Sudoeste
Conteúdo programático:
A partir dos trabalhos de carácter eminentemente tipológico do século XIX, influenciados pelas teorias evolucionistas de Charles Darwin, os metais sempre tiveram grande interesse em âmbito arqueológico: tal como no resto da Europa, em Portugal, os primeiros estudos mantiveram essa perspectiva tipológica, que se prolongou, praticamente inalterada, até à década de 80 do século passado.
À abordagem tipológica associavam-se, pontualmente, estudos cuja finalidade era a caracterização química dos metais, numa óptica demasiado minimalista e simplificadora do fenómeno metalúrgico.
Nos últimos anos, os estudos sobre a metalurgia arcaica em território português têm vindo a multiplicar-se, assumindo uma dimensão cada vez mais multidisciplinar e transversal. Ao mesmo tempo, foram desenvolvidos projectos especificamente orientados para a arqueometalurgia e a arqueomineração.
O estudo dos metais antigos representa uma importante chave de leitura para a compreensão não apenas da evolução tecnológica das sociedades pré e proto-históricas, bem como da sua articulação social, da sua organização económica e da sua dimensão simbólica.
Tomando como exemplo a metalurgia do Bronze do Sudoeste, o presente módulo procura apresentar uma visão global do fenómeno metalúrgico naquela região, tentando ultrapassar a dicotomia entre aspectos tecnológicos e dimensão socioeconómica.

Ana Osório (CEMUC/CEAUCP) e Sara Almeida (GCH – CMC)
Tema:
- Tipos cerâmicos esmiúçam o Bronze Final: A cerâmica com decoração brunida no Sudoeste Peninsular
Conteúdo programático:
Dado o pressuposto de que a prática tecnológica é uma das formas pelas quais a “sociedade” se concretiza/perpétua e de que a produção de objectos cerâmicos faz parte de um sistema cultural abrangente, torna-se evidente que a compreensão e discussão dos sistemas culturais terá muito a ganhar com a observação dos seus processos tecnológicos.
Após a identificação dos principais tipos decorativos da Península Ibérica no Bronze Final, este módulo foca-se num dos mais comuns da região em causa: a cerâmica com decoração brunida; para caracterizá-lo na sua uniformidade/diversidade e explorá-lo do ponto de vista tecnológico. Esta abordagem compreenderá também a avaliação do contributo dos estudos tecnológicos e arqueométricos na operacionalização de variados conceitos teóricos (cadeia operatória; especialização e estandardização da produção; proveniência; redes de troca; acção/agency) que permitem uma discussão renovada de algumas problemáticas do Bronze Final do Sudoeste identificadas nos módulos anteriores (tais como hierarquização do povoamento; complexificação social; identidade social e cultural etc.).

15:00 – 15:30 (intervalo)

15:30 – 17:00 (Sessão 4):

Análise de materiais

Eduardo Porfírio e Miguel Serra (Palimpsesto/CEAUCP)
Tema:
- Oferendas funerárias cerâmicas do Bronze Pleno de Torre Velha 3

Ana Osório (CEMUC/CEAUCP) e Sara Almeida (GCH – CMC)
Tema:
- A cerâmica de ornatos brunidos do Castelo de Arraiolos

Carlo Bottaini (CEAUCP)
Tema:
- Breves notas de arqueometalurgia prática

17:00 – 17:45 (Sessão 5):
Resumo e debate
Rui Parreira (DRC Algarve) e Raquel Vilaça (CEAUCP-CAM/FLUC): dinamizadores

17:45
Encerramento


Será fornecida pasta com documentação e certificado de participação

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