segunda-feira, 18 de maio de 2009

Jornadas de Arqueologia Proto-Histórica da FLUC (Parte 2)

Dado o facto de o programa das jornadas ter sofrido alguns acertos de última hora, devido nomeadamente à impossibilidade de se contar com a presença do Professor Massimo Cultraro, apresentamos de seguida o programa actualizado e o resumo das comunicações.

JORNADAS DE ARQUEOLOGIA PROTO-HISTÓRICA
DA FLUC

Instituto de Arqueologia da
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Centro de Estudos Arqueológicos das Universidades de
Coimbra e Porto/Campo Arqueológico de Mértola
22 de Maio de 2009

9,30 h — Abertura dos trabalhos

1.ª sessão de trabalhos
10 h — Conferência
Prof. Gérard Chouquer, Formas e funções das planimetrias proto-históricas na
Europa ocidental.

11 h — Café

Comunicações
11,30 h — Carlo Bottaini, Depósitos de metais na Idade do Bronze final da Itália
centro-meridional e insular.

Resumo: Os “depósitos” representam uma entidade arqueológica extremamente
complexa, quer do ponto de vista da sua definição conceptual quer do ponto de vista
da sua interpretação como fenómeno com uma dimensão social, económica,
tecnológica e simbólica. De facto, estas evidências arqueológicas veiculam um
conjunto de informações interligadas que nos remetem para significados nem
sempre de imediata compreensão e que muitas das vezes, por motivos diversos,
escapam ao nosso olhar moderno. A atenção dos investigadores italianos centrou-se
sobretudo no estudo da vertente mais imediata dos depósitos (o seu conteúdo),
através da análise tipológica e analítica dos objectos presentes no seu interior: esta abordagem, através da integração de dados procedentes de outros contextos
arqueológicos (povoados e necrópoles), permitiu a realização de uma tabela de tipos
metálicos caracterizadores e exclusivos de cada fase da Idade do Bronze que será
apresentada e analisada nesta comunicação.

12 h — Dulcineia Pinto, Alguns artefactos metálicos da Idade do Ferro do Crasto
de Palheiros - Murça, Norte de Portugal.

Resumo: Apresentamos aqui alguns adornos metálicos da Idade do Ferro do Crasto
de Palheiros − compreendidos entre 550 AC e 80 DC −, sendo que a maioria dos
adornos apresentados estão compreendidos entre 300/200 AC e 80 DC . Através da
análise destes objectos e sua comparação com outros adornos do mesmo período e da
região de Trás-os-Montes pretendemos chegar à gramática decorativa dos adornos
metálicos do Nordeste de Portugal. Quer dizer, apresentamos na nossa comunicação
algumas das características estilísticas – que podemos intuir através do nosso estudo
e que acreditamos serem únicas desta região – comuns aos adornos presentes no
Crasto de Palheiros e em Trás-os-Montes ainda que também presentes, por vezes, no:
Douro Litoral, Centro Interior e na Meseta Espanhola.

12,30 h — Discussão das comunicações

2.ª sessão de trabalhos

14,30 h — Marcos Osório, Indícios de vitrificação da muralha proto-histórica do
Sabugal Velho.

Resumo: Já desde os finais do séc. XVIII que tem sido descrita a presença de pedras
calcinadas e vitrificadas nas estruturas amuralhadas de inúmeros povoados
fortificados da Proto-história europeia. Este fenômeno tem sido objectos de intenso
estudo e análise, sobretudo no Reino Unido, dada a elevada quantidade de povoados
aí detectados que apresentam evidências de que as suas muralhas foram expostas a
elevadas temperaturas, provocando a fusão e o conglomerado das pedras do
aparelho construtivo. Em Portugal, só recentemente estes achados começaram a ser
estudados com profundidade, sobretudo na região baixo-alentejana, embora a
primeira referencia date já de finais do século passado. Contudo, a compreensão da
funcionalidade dos muros vitrificados e dos seus processos de combustão ainda
provoca hoje muita controvérsia e debate, gerando até alguma mistificação em torno
do fenômeno, para alem da desconsideração geral desta problemática nos locais
onde ocorre. Pretendemos contrariar esta tendência, apresentando um novo
testemunho em território português no povoado do Sabugal Velho (Aldeia Velha,
Sabugal) recentemente evidenciado após uma nova avaliação dos resultados das
escavações aí desenvolvidas entre 2002 e 2003. Este povoado fortificado da Idade do
Ferro, reocupado durante a Idade Media, revelou abundantes exemplares de pedra
calcinada e vitrificada atribuídos, num primeiro momento, a actividade mineira
medieval comprovada neste sítio. Esta revisão mostrou que esses vestígios não
estarão relacionados com aquela actividade metalúrgica, pois são detectados em
grande parte no perímetro da cerca amuralhada. Não temos a pretensão de dar
resposta às questões, já centenárias, que os investigadores têm colocado sobre o
assunto, mas procuraremos integrar este primeiro registo português, a norte do rio
Tejo, dentro das problemáticas que o tema tem gerado.

15 h — Ana Bica,Cerâmicas arqueológicas. Retrospectiva de estudos arqueométricos sobre cerâmicas em Portugal.

Resumo: De modo a melhor compreender a representatividade e o papel que os
estudos arqueométricos de materiais cerâmicos têm tido na investigação
arqueológica Portuguesa, apresenta-se uma primeira abordagem à bibliografia
arqueométrica, publicada nos últimos 30 anos, acerca de fabricos cerâmicos
provenientes do registo arqueológico português; enfatizando as técnicas analíticas
mais utilizadas, os principais pólos/centros de investigação nesta temática, a
quantidade de sítios, diversidade de períodos, contextos e amostras representados,
bem como as principais questões a que têm tentado responder.

15,30 h — Sara Almeida, A ocupação do Bronze Final de Arraiolos no seu contexto
regional.

Resumo: A recente realização de trabalhos arqueológicos no Castelo de Arraiolos
redunda num convite à reapreciação da sua fase de ocupação proto-histórica.
A reunião dos dados já publicados referentes à estação, em conjugação com os
resultados actuais, é o ponto de partida no esforço de caracterização do sítio durante
o período do final da Idade do Bronze. Valorizando a inserção regional de Arraiolos,
tenta-se uma abordagem aos aspectos da cultura material, particularmente no que
respeita à produção cerâmica, como principal recurso para a compreensão da sua
inclusão numa realidade cultural mais abrangente, dentro do horizonte do Bronze
Final do Sudoeste. Procura-se, assim, ensaiar uma análise em tripla perspectiva: à
escala local, determinando o perfil individual do sítio; à escala regional,
considerando o seu enquadramento na rede de povoamento circundante e num
plano mais vasto isolando indícios da participação em circuitos culturais supra-
regionais.

16 h — Café

16,20 h — Miguel Serra e Eduardo Porfírio, O Bronze Final no Sul de Portugal:
um ponto de partida para o estudo do povoado do Outeiro do Circo.


Resumo: O povoado do Outeiro do Circo constitui um local excepcional no marco
físico do Sudoeste peninsular pelas suas dimensões e características únicas. Com
cerca de 17 hectares de recinto muralhado, trata-se seguramente de um lugar chave
para a compreensão da hierarquização do território dos “Barros de Beja”, durante a
Pré-história recente e a Proto-história, situando-se no centro de uma vasta área, na
qual têm surgido novos elementos reveladores da intensa ocupação humana durante
aqueles períodos. A apresentação de uma nova planta do povoado pretende
demonstrar a utilidade da fotografia aérea na elaboração de novos dados, permitindo
inclusivamente definir e orientar a estratégias de investigação a seguir.
16,50 h — Sónia Filipe, Ricardo Teixeira e Sara Almeida, Contributo para o
conhecimento de Coimbra Proto-Histórica: os materiais do Largo de D. Dinis.
Resumo: O incremento de trabalhos arqueológicos de natureza preventiva, no
quadro da política de gestão do património urbano, tem-se revelado decisivo na
compilação de novos dados, fundamentais para a compreensão da história da cidade
de Coimbra. A realização de recentes escavações arqueológicas no Largo do D. Dinis,
entre outros contributos, saldou-se em resultados relevantes para o conhecimento da
génese e evolução deste sítio. De facto, e apesar da fraca expressão quantitativa dos
testemunhos identificados, que remetem para realidades artefactuais integradas em
época proto-histórica (dentro da primeira metade do I milénio a.C.), pretende-se com
a presente comunicação fazer uma primeira apresentação destes materiais
ceramológicos, e introduzir, assim, o tema das origens da ocupação de Coimbra.

17,20 h — Discussão das comunicações

17,45 h — Encerramento dos trabalhos pelo Prof. Jorge de Alarcão