quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Visitantes

Em tempos de pandemia as nossas actividades normais, que tínhamos como garantidas, sofreram fortes restrições. Visitar um museu, um sítio arqueológico ou fazer uma simples viagem ou um passeio tornaram-se acções dificultadas ao máximo nos tempos que correm. 

O Projecto Outeiro do Circo assumiu desde o seu início uma componente totalmente pública, com o objectivo de mostrar as suas várias vertentes a todos os interessados. 

As visitas ao Outeiro do Circo no decurso das campanhas arqueológicas eram habituais e bastante populares, conseguindo envolver não só as comunidades locais, mas também turistas de passagem pela região ou simples curiosos que assim tinham uma oportunidade de fazer, não só uma visita a uma escavação arqueológica em curso, mas também de poder participar activamente nela. 

Para além das visitas ocasionais também se agendaram múltiplas iniciativas integradas em diferentes tipologias de acções (percursos pedestres, workshops, etc.) que trouxeram mais de 1000 visitantes ao Outeiro do Circo ao longo dos anos. 

Deixamos aqui um breve testemunho fotográfico de algumas visitas, na expectativa de que possam voltar em breve a ser algo natural. 

2008
2009
2010
2011
2013
2014
2015
2016
2017
2019
2020

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

O Outeiro do Circo no jornal Alentejo Popular

Disponibilizamos mais dois textos jornalísticos publicados pelos responsáveis do Projecto Outeiro do Circo no jornal Alentejo Popular, editado pela Cooperativa Cultural Alentejana, em 2010 e 2011. Estes trabalhos resultam da colaboração com a imprensa local durante a vigência do primeiro projecto de investigação aprovado para o Outeiro do Circo e que decorreu entre 2008 e 2013. 

Um sítio excepcional da Idade do Bronze no Sudoeste. Alentejo Popular, n.º 342, 22 de Abril de 2010

O guardião da planície. Alentejo Popular, n.º 413, 1 de Outubro de 2011



sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Um novo anel do Outeiro do Circo?

É conhecido o efeito que os barros pretos presentes no Outeiro do Circo produzem na preservação dos materiais arqueológicos, inicialmente notado na má preservação das superfícies das cerâmicas ou nas faunas, mas também nos metais.

Os metais recolhidos no Outeiro do Circo são residuais até à data, mas bastante relevantes por terem permitido documentar diversas fases do processo metalúrgico, atestadas pela presença de nódulos metálicos, um cone de fundição e alguns artefactos. A coleção de metais do Outeiro do Circo, resultante dos trabalhos de 2008 a 2013 é composta por um anel, um pendente, uma argola e um cinzel (este último proveniente de recolhas anteriores de António Monge Soares), que se encontram publicados (ler AQUI).

Cinzel (foto: Dinis Cortes)
Argola, anel e pendente (da esquerda para a direita, de cima para baixo)

Os trabalhos arqueológicos no Outeiro do Circo, entre 2014 e 2017, permitiram a recolha de mais um pequeno conjunto de artefactos metálicos, entre os quais uma pequena conta, uma argola e dois fragmentos de hastes indeterminadas, para além de uma espora, sendo que esta última deverá integrar-se num momento de transição entre a Idade do Ferro e a Época romana (ler AQUI). 

Argola, conta e hastes indeterminadas

As campanhas de escavação de 2019 e 2020 foram novamente escassas em materiais metálicos.
Na campanha do ano passado pudemos constatar novamente o efeito destas terras de barro na conservação dos metais, quando se registou um objecto circular, possivelmente uma argola ou um anel, que não era mais do que um "negativo" da presença do objecto. Registado in situ, procedeu-se à sua recolha num bloco de terra para tentar evitar maior degradação, mas tal não foi possível, uma vez que já não havia qualquer núcleo metálico que permitisse a sua conservação. Fica pois o registo fotográfico como prova da sua existência. 


Argola ou anel (campanha de 2020)

Mais informações em: 

Valério, P., Soares, A. M., Araújo, M. F., Silva, R., Porfírio, E. e Serra, M., (2013), Estudo de metais e vestígios de produção do povoado fortificado do Bronze Final do Outeiro do Circo (Beja). Arqueologia em Portugal 150 anos – Atas do I Congresso da Associação dos Arqueólogos Portugueses, 21 a 24 de Novembro de 2013, Biblioteca Nacional de Portugal, Lisboa, pp. 609 – 615.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Artigo no jornal Tentativ@ disponível

À semelhança da colaboração entre o Projecto Outeiro do Circo e o Jornal de Mombeja, da responsabilidade da Associação Juvenil e Cultural de Mombeja, que permitiu a redacção de uma série de breves artigos de divulgação durante o ano de 2010, também se procuraram outras parcerias, como a que permitiu a publicação de um texto divulgativo para a comunidade estudantil no Jornal Tentativ@, um projecto da Escola Secundária Diogo de Gouveia. 

Desta forma continuaremos a disponibilizar ao público, na secção de Textos Jornalísticos da página do Projecto Outeiro do Circo em academia.edu, todos os artigos publicados, incluindo os textos de divulgação em jornais. 

Para aceder ao artigo: 

Jornal Tentativ@, n.º 96, Julho de 2011





sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Memórias fotográficas 2008-2013

Há uns tempos atrás publicámos uma série de fotos na página do Facebook do Projecto Outeiro do Circo referentes ao primeiro e último registo fotográfico de cada campanha arqueológica.

Não se tratou de um registo científico dos trabalhos realizados, mas antes uma mera curiosidade destinada a mostrar o primeiro e o último momentos registados em cada ano do projecto.

Aproveitamos para repetir a iniciativa, publicando para memória futura neste blogue a sequência referente ao primeiro projecto de investigação no Outeiro do Circo, que decorreu entre 2008 e 2013, com uma interrupação em 2012. 

Oportunamente publicaremos o mesmo registo para os dois projectos que se sucederam.

2008
A - Marcação da sondagem 1. B - Selagem da sondagem 1
2009
A - Linha de árvores junto à sondagem 1. B - Selagem da sondagem 1
2010
A - Limpeza da sondagem 1. B - Selagem da sondagem 1
2011
A - Levantamento de rocha com "covinhas". B - Arrumação de material
2013
A - Limpeza da sondagem 1. B - Saída do Outeiro do Circo

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Citações (12)

A rubrica "Citações" recorda-nos uma breve referência de Abel Viana ao Outeiro do Circo num trabalho monográfico dedicado a Beringel, onde destaca alguns achados da Idade do Bronze nesta região e menciona o Outeiro do Circo como um local povoado anteriormente a Beringel, ao mesmo tempo que relaciona o topónimo com a existência de uma muralha com configuração circular (circo = círculo). 

Transcrição (p. 153)

Beringel (Notas Monográficas).

"O sítio deve ser povoado desde muita antiga data. Com o seu lugar de Trigaxes e a freguesia de Santa Susana de Mombeja, dali distante cerca de uma légua, constitui zona rica em achados da Idade do Bronze, sobressaindo nestes as cistas contendo cerâmica de tipo argárico e cobertas por lajes com armas insculturadas.

A população desse tempo se poderão talvez relacionar os indícios de núcleo castrejo do Outeiro do Circo, assim denominado pela configuração circular dos vestígios deixados à superfície do solo pela derruída muralha do castro".

Viana, A. (1949), Beringel (Notas Monográficas), Arquivo de Beja, VI, pp. 153-185

Vista desde o Outeiro do Circo para Beringel (casario do lado direito ao fundo)


sábado, 9 de janeiro de 2021

A ocupação do território 15

Folha do Ranjão (Baleizão) - povoado aberto de planície do Bronze Final 

Este sítio, localizado entre a aldeia de Baleizão e o Rio Guadiana, deverá corresponder a um povoado aberto de planície, apesar da escassez de elementos relacionados com a sua ocupação durante o Bronze Final. Situa-se numa zona plana com solos de grande potencial agrícola, e nunca foi alvo de trabalhos de escavação arqueológica.

As prospecções efectuadas permitiram constatar que poderá ter diversas fases de ocupação como sugerido pela recolha superficial de materiais cerâmicos calcolíticos, do Bronze Final, da Idade do Ferro, período para o qual também se identificou uma inscrição com escrita do Sudoeste, e de época islâmica (Serra e Porfírio 2017: 224; Soares 2013: 294).

Os materiais atribuídos ao Bronze Final correspondem a cerâmicas de ornatos brunidos, que se concentram numa área pequena e bem delimitada, o que é compatível com a existência de um pequeno habitat ou talvez um casal agrícola (Soares 2013: 297)


Materiais cerâmicos da Idade do Bronze (1-10) e Idade do Ferro (11-17) (Faria e Soares 1998)

Bibliografia: 

FARIA, A. M e SOARES, A. M. (1998) – Uma inscrição em caracteres do Sudoeste proveniente da Folha do Ranjão (Baleizão, Beja). Revista Portuguesa de Arqueologia. Vol. 1, N.º 1, p. 153-160.

SERRA, M., e PORFÍRIO, E. (2017), Estratégias de povoamento entre o Bronze Pleno e Final na região de Beja. Scientia Antiquitatis, Vol. 1, N.º 1. Actas do III Congresso Internacional de Arqueologia de Transição - Estratégias de Povoamento: da Pré-história à Proto-história, pp. 209.232. 

SOARES, A. M. (2013) – O sistema de povoamento do Bronze Final no Baixo Alentejo – Bacia do Guadiana. Estudos Arqueológicos de Oeiras. 20, p. 273-302.

Adenda:

Após a publicação deste texto recebemos uma informação de António Monge Soares, a quem agrademos, que esclarece que a Folha do Ranjão foi alvo de trabalhos de sondagens arqueológicas na sequência de destruições patrimoniais decorrentes da implantação de um projecto de agricultura intensiva. Os trabalhos foram realizados por uma empresa de arqueologia a aguarda-se a publicação dos resultados. 

sábado, 2 de janeiro de 2021

Balanço 2020

Com o início de um novo ano é chegado o momento de fazer o balanço das actividades desenvolvidas em 2020 pelo Projecto Outeiro do Circo.
Foi um ano completamente atípico, pelas razões de todos conhecidas, que condicionou em muito o planeamento do Projecto Outeiro do Circo, mas que por outro lado levou à necessidade de apostar em novas formas de divulgação e adaptar algumas das iniciativas previstas. 
Começando pelas publicações, 2020 foi o ano com maior número de trabalhos editados sobre o Projecto Outeiro do Circo, com os seguintes artigos:

-ALMEIDA, N., DIAS, I., DETRY, C., PORFÍRIO, E. e SERRA, M. (2020), As faunas do final da Idade do Bronze no Sul de Portugal: leituras desde o Outeiro do Circo (Beja). Arqueologia em Portugal. 2020 - Estado da Questão. Lisboa: Associação dos Arqueólogos Portugueses e CITCEM, pp. 1041-1054.

-PORFÍRIO, E., SERRA, M. e SILVA, S. (2020), Projecto Arqueológico do Outeiro do Circo (Beja). Campanha de 2019. Al-Madan, II série, 23, pp. 151-157.

-SERRA, M. e PORFÍRIO, E. (2020), Dez anos do "Projeto Outeiro do Circo" (2008-2018): um imenso povoado fortificado na planície. Alkalathem, 2, pp. 40-49.

-SERRA, M., PORFÍRIO, E. e ORTIZ, R. (2020), Educacíon Patrimonial en el Proyecto Outeiro do Circo (Beja, Portugal): 10 años de actividad. In RUIZ OSUNA, A., MEDINA QUINTANA, S., e PÉREZ NARANJO (Coord.), Educación y divulgación del patrimonio arqueológico. La socialización del pasado como reto para el futuro. Colección Enseñar y Aprender. Córdoba: Comares Editorial, pp. 115-126.

-PORFÍRIO, E., REIS, H., SOARES, S. e SERRA, M. (2020), Mobilidade e exploração de recursos líticos no Bronze Final dos Barros de Beja: estudo de caso no Outeiro do Circo (Beja, Portugal). In RAQUEL VILAÇA E RODRIGO SIMAS DEAGUIAR (coord.), (I)Mobilidades na Pré-história. Pessoas, recursos, objetos, sítios e territórios. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, pp. 183-221. 

-PORFÍRIO, E. e SERRA, M. (2020), Projecto Arqueológico do Outeiro do Circo (Beja). Campanha de 2017, Al-Madan online, II série, 23, 1, pp. 64-69. 

A pandemia obrigou a repensar muitas das iniciativas que passaram maioritariamente para formato online, como as conferências integradas em jornadas comemorativas, a que o Projecto Outeiro do Circo aderiu, como foram os casos do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, com uma comunicação sobre o historial de investigação no Outeiro do Circo e uma síntese dos resultados da campanha arqueológica de 2019, ou as Jornadas Europeias da Arqueologia, com uma conferência sobre divulgação arqueológica, referente ao projecto 12 Lugares, 12 Meses, 12 Histórias.

Também foi concebida uma série de conferências online, centradas em diferentes aspectos da intervenção do Projecto, com temas como "As cerâmicas do Outeiro do Circo: da investigação à divulgação comunitária", apresentada por Sofia Silva, "Pouca caça e que seja na brasa! A gestão de recursos animais no Bronze Final do Outeiro do Circo", a cargo de Nelson J. Almeida, e "All aboard! The Making of Xaroco", por Andrea Mendoza e Miguel Serra.
Através de convites de outras entidades houve ainda lugar à participação do Projecto num webinar de Turismo Arqueológico, organizado pelo Curso Profissional de Técnico de Turismo da Escola Profissional Gustave Eiffel da Amadora e na iniciativa "ensino com património", da responsabilidade da EPA - Escola Profissional de Arqueologia, com uma conferência sobre Arqueologia Pública e Comunitária, ambas a cargo de Miguel Serra. 

No final do ano surgiu a oportunidade de voltar a ter uma iniciativa de cariz presencial com a realização de uma Barferência na Oficina Os Infantes, com a comunicação "Arqueologia com/para a Comunidade. Experiências, desafios e insuficiências no Projecto Outeiro do Circo (Beja), apresentada por Miguel Serra. 

Também a participação em congressos e seminários foi fortemente condicionada este ano, devido às restrições decorrentes da COVID 19, mas o Projecto Outeiro do Circo procurou manter uma presença activa e diversa, participando em Fevereiro no TAGi, em Lisboa, com a comunicação "Investigação arqueológica e divulgação junto da comunidade. Algumas considerações tendo como base o caso prático do projecto Outeiro do Circo", apresentada por Eduardo Porfírio; no seminário "Educação Patrimonial em ação: tecendo relações entre museus, escolas e territórios" em outubro no Porto, mas em formato online, com a apresentação "Os objetos arqueológicos como intérpretes do património: o caso do Projeto Outeiro do Circo (Beja, Portugal)" a cargo de Sofia Silva e Maria José Sousa; no SOPA20 - VIII Congresso Internacional de Socialização do Património no Meio Rural, realizado em Outubro no Fundão, em formato presencial e online e que contou com o Projecto Outeiro do Circo entre os membros da organização, para além da apresentação da comunicação "195,4 km na Idade do Bronze" e da participação na mesa redonda "Arqueologia e Processos Comunitários"; e no III Congresso da Associação dos Arqueólogos Portugueses, que decorreu no Porto, mas em formato online e que contou com uma comunicação de Nelson J. Almeida, em co-autoria com Íris Dias, Cleia Detry, Eduardo Porfírio e Miguel Serra sobre "As faunas do final da Idade do Bronze no Sul de Portugal: leituras desde o Outeiro do Circo (Beja)".

Também a campanha arqueológica de 2020 ficou fortemente condicionada, decidindo-se a não concretização de algumas acções, como a organização de um campo internacional que se pretendia efectivar este Verão, a redução das visitas aos trabalhos ou a realização do habitual ciclo de conferências. 

Os trabalhos de campo decorreram normalmente e permitiram algumas interessantes novidades, como uma cada vez mais significativa presença de vestígios relacionados com a presença de comunidades da Idade do Ferro no Outeiro do Circo e a escavação de um troço da muralha da Idade do Bronze, que se apresentava em bom estado de conservação. 

Paralelamente foi ainda possível desenvolver algumas acções de formação e de divulgação dirigidas para os participantes nos trabalhos, como as Barferências, com temas muito diversos e que foram apresentadas por elementos do projecto, pelos voluntários e por alguns convidados. 

No âmbito das actividades destinadas a integrar os voluntários foram ainda concretizadas várias visitas culturais a  museus, monumentos e sítios arqueológicos de Beja, Serpa e Vidigueira. No final da campanha organizou-se uma iniciativa pública de apresentação dos resultados da campanha, dirigida à comunidade de Mombeja e que contou com a colaboração de todos os voluntários do projecto que tiveram a seu cargo a missão de explicarem à população as novidades obtidas bem como partilharem as suas experiências. 

Ao longo de 2020 continuámos a partilhar neste blogue o "olhar" de alguns amigos do Projecto, através da nossa rubrica de colaboradores, sobretudo dedicada a fotografias relacionadas com o Outeiro do Circo, através das lentes de Francisco SantosJúlio Raimundo, José Baguinho, ou dos desenhos de Hugo Martins.

Em 2020 também se iniciaram novas colaborações, quer no âmbito da divulgação, quer na investigação, destacando-se a parceria com o projecto Cinematic Walks, que aguarda pelo regresso à normalidade para concretizar uma iniciativa que pretende juntar arqueologia, caminhadas, música e cinema! Em termos de investigação é de referir a participação dos responsáveis do Projecto Outeiro do Circo, Eduardo Porfírio e Miguel Serra no projecto EuroWebEurope Through Textiles: Network for an integrated and interdisciplinary Humanities, promovido pelo Centre for Textile Research da Universidade de Copenhaga (Dinamarca).

Por fim é ainda de mencionar a participação do Projecto Outeiro do Circo numa audição pública sobre património cultural e arqueológica, realizada em Beja e que contou com a presença da eurodeputada Sandra Pereira e a distinção atribuída a Miguel Serra pela Associação de Defesa do Património de Beja pelo seu papel na defesa da cultura e da região de Beja.

Desejamos a todos os amigos e amigas do Projecto Outeiro do Circo um BOM ANO de 2021.