O conjunto de artefactos metálicos até ao momento recolhidos no povoado do Bronze Final do Outeiro do Circo (Beja) é bastante residual mas revelam uma metalurgia algo antiga dentro do quadro do sudoeste ibérico durante este período. Enquadram-se dentro dos séculos XII - XI a.C., antecedendo em cerca de dois séculos as datações obtidas para vestígios metalúrgicos de outros sítios como Entre Águas 5 (Serpa) e Casarão da Mesquita 3 (Évora) (Valério et al. 2013).
O primeiro elemento metálico descoberto foi um cinzel, surgido em prospecções efectuadas por Rui Parreira e António Monte Soares (Parreira e Soares 1980) e que mais tarde seria alvo de caracterização por fluorescência de raios-X em conjunto com outros artefactos metálicos da Idade do Bronze do Sul de Portugal (Soares et al. 1996).
O primeiro elemento metálico descoberto foi um cinzel, surgido em prospecções efectuadas por Rui Parreira e António Monte Soares (Parreira e Soares 1980) e que mais tarde seria alvo de caracterização por fluorescência de raios-X em conjunto com outros artefactos metálicos da Idade do Bronze do Sul de Portugal (Soares et al. 1996).
Cinzel (foto de Dinis Cortes)
Anos mais tarde recolheram-se novas evidências, desta vez em contexto de escavação arqueológica, no âmbito de um projecto de investigação desenvolvido entre 2008 e 2013.
A série analisada era composta por três artefactos (anel, argola e brinco/pendente), dois nódulos e um fragmento de cone de fundição para além de um fragmento de um cadinho cerâmico com vestígios de metal no interior que se veio a comprovar ser ouro.
Os contextos destes metais foram datados por radiocarbono o que permitiu inseri-los no último quartel do II milénio a.C.
As peças metálicas analisadas enquadram-se nos dados conhecidos para a metalurgia deste período no Sul de Portugal que é caracterizada pela presença de bronzes binários com teores apropriados de estanho. Apenas uma peça (anel) revelou um reduzido teor em estanho, provavelmente devido à utilização de sucata para o seu fabrico.
A descoberta deste pequeno conjunto de materiais veio atestar a metalurgia do bronze e do ouro no espaço interno do povoado do Outeiro do Circo constituindo os dados mais antigos destas produções durante o Bronze Final e comprovando pela primeira vez a metalurgia do ouro com vestígios de produção em povoados do sudoeste neste período (Valério et al. 2013).
Conjunto de metais do Outeiro do Circo (Valério et al. 2013)
Bibliografia:
Parreira, R. e Soares, A. M. (1980), Zu einigen bronzezeitlichen Hohensiedlungen in Sudportugal. Madrider Mitteilungen, 21, Madrid, pp. 109-130.
Soares, A. M., Araújo, M. F., Alves, L. e Ferraz, M. T. (1996), Vestígios metalúrgicos em contextos do Calcolítico e da Idade do Bronze no Sul de Portugal. Lisboa: Miscellanea em homenagem ao Professor Bairrão Oleiro. Edições Colibir, pp. 553-579.
Valério, P., Soares, A. M., Araújo, M. F.,Silva, R., Porfírio, E. e Serra, M., (2013), Estudo de metais e vestígios de produção do povoado fortificado do Bronze Final do Outeiro do Circo (Beja). Arqueologia em Portugal 150 anos – Atas do I Congresso da Associação dos Arqueólogos Portugueses, 21 a 24 de Novembro de 2013, Biblioteca Nacional de Portugal, Lisboa, pp. 609 – 615.
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