No
seguimento de alguns testes de modelação e cozedura com argilas do
Outeiro do Circo e como preparação para outras actividades de
estudo e divulgação do sítio (a anunciar oportunamente), parte da
equipa que estuda os materiais cerâmicos do Outeiro do Circo e um
outro colega (Sofia Silva, Diana Fernandes, Ana Osório e Diogo
Delgado) realizou uma sessão de arqueologia experimental de
modelação cerâmica. Esta sessão insere-se num conjunto de
experiências que pretendem seguir todo o processo de manufactura e
que terão continuidade com a cozedura em várias condições
diferentes (Parte 2) e quebra dos recipientes (Parte 3).
O
desafio desta sessão específica foi a modelação de algumas formas
manuais bem documentadas arqueologicamente, através de técnicas
distintas: repuxamento de bola; rolos sobrepostos; placas e molde. O
objectivo foi não só testar a exequibilidade das técnicas na
criação das formas selecionadas mas também documentar as
evidências deixadas por cada um dos recipientes. Assim, testou-se a
técnica dos rolos na modelação de um pote fechado semelhante aos
do Bronze Final decorados por brunimento da região de Alpiarça; e a
técnica das placas, para construir uma taça hemisférica e duas
taças carenadas (em que uma já beneficiou com a aprendizagem e
dificuldades sentidas na primeira). Testou-se ainda uma técnica
mista com repuxamento e placas para fazer uma forma de prato covo,
frequente nas Penínsulas de Lisboa e Setúbal e na região do
Guadiana no mesmo período. Como a taça hemisférica não estava a
resultar muito bem pela técnica das placas experimentou-se a
modelação em molde que se revelou muito fácil.
Os
resultados deste grupo de teste sobre argila comercial e de telha
(pré-preparados de maneiras variadas) serão depois comparados com
os já obtidos com as argilas do Outeiro do Circo, para observar até
que ponto matérias primas distintas trabalhadas pelos mesmos gestos
permitem indentificá-los e reconhecer evidências macroscópicas da
modelação, como é proposto por alguns autores.
Bibliografia interessante sobre o tema:
Harry, K., Frink,
L., O'Toole, B., & Charest, A. (2009). How to Make an Unfired
Clay Cooking Pot: Understanding the Technlogical Choices Made by
Artic Potters. Journal of Archaeological
Method and Theory, Vol. 16 , 33-50.
Rye, O. S. (1981).
Pottery Technology, Principles and
Reconstruction. Washington,
D.C.: Taraxacum, Manuals on Archaelogy, Vol. 4,.
Ana Bica Osório; Doutoranda
em Arqueologia na Universidade de Coimbra. Investigadora integrada no
CEMUC e colaboradora no CEAUCP/CAM. Bolseira da FCT (SFRH / BD /
42397 / 2007). Colaboradora do Projecto Outeiro do Circo.
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