Para além da vasta ocupação humana que o Outeiro do Circo conheceu durante a Idade do Bronze Final, também há registo de outras ocupações mais discretas e de presenças ou passagens fugazes pelo sítio.
Após o abandono no final da Idade do Bronze o Outeiro do Circo nunca mais voltou a assumir um papel de preponderância na gestão do território, mas não deixou de ser usufruído pelas comunidades ao longo dos tempos.
As escavações arqueológicas em curso desde 2008 permitiram a recolha de materiais associados a estas presenças minoritárias mais recentes, deste um cada vez mais expressivo conjunto de materiais da Idade do Ferro, alguns fragmentos de cerâmicas romanas, quer republicanas, quer imperiais, diversa cerâmica medieval e moderna e inclusivamente um pequeno objecto do século XIX, um botão de farda militar!
Trata-se de um modelo português de botão em liga de cobre com presilha de argola simples, ostentando o número do regimento envolto numa moldura em arabesco encimado por um ponto. Neste caso será um modelo não regulamentar para Regimentos de Infantaria de Linha - Regimento n.º 5.
Pouco sabemos da história que poderá ter levado este botão a ir parar ao Outeiro do Circo, mas sabe-se que este tipo de botões de fardas terá sido utilizado entre a Guerra Peninsular (1807-1814) e o fim das Guerras Liberais (1828-1834).
A enorme visibilidade que se usufrui do cimo do Outeiro do Circo e a sua importância para a vigilância do território terão certamente permitido a sua utilização estratégica em diferentes momentos e a história desconhecida deste pequeno botão deverá certamente estar associada a este facto e às movimentações na região durante estes períodos conturbados.
Encontra-se em preparação um artigo destinado a dar a conhecer os vestígios de épocas mais recentes recolhidos no Outeiro do Circo que permitem traçar uma verdadeira biografia completa deste imenso sítio arqueológico e no qual haverá natural destaque para esta peça.
Aproveitamos para deixar aqui a ligação para um artigo sobre botões militares da Guerra Peninsular e que serviu de referência a este texto, que tem a curiosidade de ser assinado por um investigador com ligações familiares a Mombeja, o arqueólogo Rui Ribolhos Filipe:
Filipe, R. (2020), Os botões de uniformes ao tempo da Guerra Peninsular. Al-Madan Online, 23(1), pp. 76-86
Disponível AQUI.
Sem comentários:
Enviar um comentário