segunda-feira, 18 de junho de 2012

Cancelamento do Projeto Outeiro do Circo


O Projeto de Investigação Arqueológica dedicado ao Outeiro do Circo (Mombeja/Beringel – Beja) foi cancelado por falta de apoio por parte da Câmara Municipal de Beja.

Entre 2008 e 2012 realizaram-se quatro campanhas de escavação neste importante sítio arqueológico do Baixo Alentejo, que contaram com o apoio de diversas instituições, mas que dependeram sempre do apoio financeiro da Câmara Municipal de Beja, no papel de principal parceira do projeto.

Para além das ações de campo realizadas, foi desenvolvido um intenso e variado programa social e de divulgação que contribuiu de forma indelével para um maior reconhecimento deste projeto e para dar a conhecer um pouco de uma região deprimida localizada fora dos principais circuitos turísticos da região alentejana.

As expetativas criadas com os resultados obtidos e as reações positivas a este projeto levaram a que em Janeiro de 2012 fosse apresentado à Câmara Municipal de Beja um novo pedido de apoio centrado no desenvolvimento de nova fase de investigação do sítio e da região onde se insere, dando cumprimento a um dos objetivos estabelecidos em 2008, que visava a criação de um programa geral de investigação após uma fase de avaliação das potencialidades do sítio arqueológico.

O programa sugerido para a intervenção a realizar entre 2012 e 2015 pressupunha uma nova abordagem ao Outeiro do Circo e a outros sítios da Idade do Bronze localizados nas proximidades, englobando a criação de áreas visitáveis ao público, fator determinante para garantir o interesse sobre o projeto através da conquista de novos públicos e permitindo o surgimento de uma mais valia patrimonial na região.

Os aspetos relacionados com a divulgação e as ações sociais mereceram natural ênfase dado o relativo sucesso atingido nos anos anteriores.

Em suma, a nova fase proposta permitia um aumento da área de intervenção com naturais consequências em termos de novos conhecimentos científicos, criação de espaços visitáveis, incremento das ações de divulgação e educação patrimonial, entre outras. Tudo isto cabimentado de acordo com os mesmos custos da fase anterior, através de uma otimização e rentabilização dos meios colocados à disposição da equipa científica.

Após um longo período sem resposta em relação a este pedido, fomos informados no dia 15 de Junho que a Câmara Municipal de Beja não estaria em condições de confirmar os apoios para o presente ano.

O arranque de um novo projeto teria sempre de ser devidamente organizado em tempo útil, pelo que a resposta da Câmara Municipal de Beja apenas veio confirmar aquilo que já sabíamos ser inevitável.

Sempre nos transmitiram o interesse por parte do executivo neste projeto que esperamos que se mantenha para uma nova oportunidade a surgir o mais brevemente possível.

Resta-nos garantir que manteremos o interesse e persistência para recuperar tempo perdido e voltar ao Outeiro do Circo no prazo mais curto possível. Aliás, haverá um retorno constante e em breve para realizar outras atividades no Outeiro do Circo, quer as que já se encontram agendadas, quer outras que ainda estamos a organizar ou outras ainda que surjam oportunamente.

O impacto deste projeto junto da comunidade local é o garante da nossa vontade de realizar todas as ações possíveis, mesmo sem os apoios desejáveis. E é com essa certeza que entre Julho e Outubro iremos realizar algumas visitas organizadas, ações de formação e oficinas de arqueologia experimental.

Resta-nos agradecer o apoio de todos os que participaram neste projeto, desde os colaboradores mais diretos, aos voluntários, os diversos investigadores de várias áreas, aos amigos, às entidades parceiras, à população de Mombeja pelo seu carinho e amizade e a todos os que contribuíram para o sucesso alcançado.

Acreditamos convictamente que se tratará apenas de uma breve interrupção, que tentaremos minimizar neste espaço, dando conta dos diversos resultados que ainda esperamos alcançar durante este ano, como por exemplo no caso das análises no domínio das arqueociêcnias e outras atividades que se consigam realizar.

Coimbra e Lisboa (com o pensamento em Mombeja), 16 de Junho de 2012

Miguel Serra e Eduardo Porfírio
Responsáveis do Projeto Outeiro do Circo.

12 comentários:

Lisdengard disse...

É realmente uma pena. Nunca visitei o Outeiro, mas tenho acompanhado o projecto há já alguns anos. Espero que realmente seja apenas uma interrupção e que em breve se retomem as investigações.

Saudações científicas,

André Mano

João Marques disse...

Nestas altura de crise do modelo economicista é que se deveriam desbravar novos caminhos para a dinamização económica, apostando num turismo cultural de qualidade baseado no património arqueológico.
Este projecto poderia ser um catalisador do desenvolvimento local.

Deixo aqui a minha solidariedade aos responsáveis do projecto.

Anónimo disse...

Boa tarde,

Estou a terminar a licenciatura em Arqueologia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e já há algum tempo que acompanho este belíssimo projecto, o qual reporta a um período pela qual tenho particular interesse e fascínio. Inclusive, estava a ponderar este ano voluntariar-me para as escavações arqueológicas que se realizassem neste sítio, quando me deparo com esta triste notícia. No entanto, e dadas as circunstâncias de crise atravessadas actualmente, era algo previsível. Mas o que mais me revolta, é que nestas condições se prefere sempre desinvestir no sector cultural, quando deveria ser o contrário... Enfim! Espero que esta notícia seja apenas uma questão temporária e de curta duração e que o projecto Outeiro do Circo se erga novamente e com toda a garra possível!

Atentamente,

Fábio Soares

Paulo Félix disse...

Caros amigos, espero que seja apenas um adiamento e não um cancelamento... Até lá, continuação de bom trabalho com os estudos resultantes da investigação realizada até à data e que venham de lá essas publicações. Da minha parte, todo o meu apoio e até breve.

Paulo Félix

Miguel Rocha disse...

Um grande revês para o conhecimento da Idade do Bronze Final no Alentejo. Esperemos que este projecto regresse em força. Abraço a todos os que nele participaram.

Rafa disse...

Lo siento mucho compañeros, sin duda una gran perdida para la investigacion, no solo por que son poco los yacimientos, en todo el sudoeste peninsular, que cuentan con un proyecto de investigación solido fuera del ambito universitario, sino por que la actual conyuntura economica escatima a veces en aquellas parcelas donde con poco se puede hacer mucho...
Con vosotros siempre, Rafael Ortiz y Mari Luz Flores.

rmataloto disse...

Meus caros,

Tomei agora conhecimento da infeliz notícia. Esperemos que melhores dias venham e que, apesar do revés, possam continuar a brindar-nos com mais trabalho e informação sobre este sítio fulcral. Tomem esta interrupção como uma paragem "estratégica", para consolidarem o trabalho de investigação e estudo.
Cá estaremos todos expectantes.
Felizmente, Evoramonte prosseguirá! Nem tudo são nuvens negras para a nossa Idade do Bronze!
Um abraço!
Mataloto

Unknown disse...

Caros:

que seja mesmo uma brevíssima interrupção são os meus sinceros votos

Cumprimentos e... Ânimo para estes terríveis tempos que correm

carlos fabião

Anónimo disse...

Caro amigo Miguel: siento enormementela cancelación de vuestro interesante
proyecto en Outeiro do Circo. No es buena la situación que en el sur de Europa estamos pasando; pero esperemos sea sólo coyuntural. Ojalá no afecte en exceso a tu proyecto de tesis doctoral. Un fuerte abrazo y ánimo; vuestro trabajo merece nuestro mayor reconocimiento.

Saludos también a Eduardo y al resto del equipo. Recuerdos a Raquel.

IgnacioPavón .

Vitor Oliveira Jorge disse...

Desejo que consigam vencer as vossas dificuldades e que a vossa investigação, que é importante, prossiga.
Cordiais saudações
Vítor Oliveira Jorge
Prof. cat. aposentado da FLUP

Tiago Gil disse...

Força nisso malta! Remar contra a maré nem sempre é fácil. Boa sorte.
Grande abraço

Anónimo disse...

Caríssimos, especialmente o meu amigo Eduardo Porfírio, é com extrema tristeza que tomo conhecimento desta notícia. No entanto deixo aqui uma palavra de esperança pois o investimento na cultura é um dos caminhos para o desenvolvimento da sociedade e uma das formas de se vencer esta crise. Pena é que os nossos responsáveis continuam a ter as vistas curtas.

Forte Abraço,

Sérgio Antunes