A rubrica "Citações" recorda uma das exposições fundamentais sobre a Idade do Bronze em Portugal, organizada no âmbito do Ano Europeu do Bronze, em 1995, no Museu Nacional de Arqueologia e da qual se produziu o catálogo, "A Idade do Bronze em Portugal - Discursos de Poder", obra coordenada por Susana Oliveira Jorge.
O catálogo contempla também um conjunto de sínteses regionais, com a referente ao Alentejo a cargo de Rui Parreira, arqueólogo responsável pelo primeiro artigo científico sobre o Outeiro do Circo. No texto, o Outeiro do Circo é referido várias vezes, e aqui reproduzimos as respectivas citações:
Transcrição (p. 132)
"Nos barros pretos a ocidente de Beja os contextos são mais esclarecedores. Zona relativamente bem prospectada, com achados que correspondem a todos os períodos cronológicos da Idade do Bronze, efectuados com regularidade desde há muitos anos e que incluem necrópoles com espólios particularmente ricos (v. Schubart 1975; Arnaud 1991), alguns povoados abertos e um povoado de altura de apreciáveis dimensões (Outeiro do Circo - v. Parreira e Soares 1980), esta região apresenta áreas de elevada capacidade agrícola, possuindo acesso a zonas mineiras."
"Nos Barros de Beja, o grande povoado do Outeiro do Circo (não escavado), ocupa uma posição de charneira entre dois agrupamentos de cemitérios/povoados abertos do Bronze pleno: o da Ribeira do Roxo, a sul, e o da Ribeira da Figueira, a norte. Nalguns casos (ex: Outeiro do Circo, Coroa do Frade), os povoados fortificados do final da Idade do Bronze evidenciam uma área central melhor defendida, que deverá corresponder à área residencial, servindo a restante área fortificada para estabular o gado (cf. Arnaud 1979). Estes povoados terão funcionado como lugares-centrais em áreas já anteriormente ocupadas, como uma espécie de centros económicos e políticos, desempenhando um importante papel organizador na exploração do solo agrícola e dos recursos mineiros, e no controlo das rotas terrestres - corredores de acesso ao hinterland, por vezes formados na base dos caminhos da transumância, eventualmente privilegiados para a implantação de estelas (Ruiz-Galvez e Galan 1991), como a da Tapada da Moita (Oliveira 1986) ou a do Pomar/Ervidel II (Gomes e Monteiro 1976-77), esta última localizada na principal rota de circulação entre o Outeiro do Circo e a Mangancha (v. Parreira e Berrocal 1992)"
PARREIRA, R. (1995), Aspectos da Idade do Bronze no Alentejo Interior. In JORGE, S. (coord.), A Idade do Bronze em Portugal - Discursos de Poder. Lisboa: Secretaria de Estado da Cultura, Instituto Português de Museus, Museu Nacional de Arqueologia, pp. 131-134.