Apresenta-se o resumo da comunicação do Projecto Outeiro do Circo às V Jornadas de Pré e Proto-história da Faculdade de letras da Universidade de Coimbra no próximo dia 14 de Maio.
Pedra, terra e madeira. A escavação de uma muralha do Bronze Final nas
planuras de Beja.
Miguel Serra, Projecto Outeiro do Circo;
Câmara Municipal de Serpa. Mail: mserra@cm-serpa.pt
Eduardo Porfírio. Projecto Outeiro do
Circo; Palimpsesto, Lda. Mail: eporfirio@gmail.com
Resumo
Durante o Bronze Final o Alentejo
Interior assiste à emergência de vários povoados de altura, alguns atingindo
grandes dimensões, que exibem complexos sistemas defensivos.
As muralhas da última etapa da Idade do
Bronze tornam-se assim um dos elementos estruturais mais duradouros e
demonstrativos da capacidade construtiva destas comunidades. Por essa razão têm
sido o “alvo” principal das intervenções arqueológicas realizadas em alguns
destes povoados – Corôa do Frade, Castro de Ratinhos, Passo Alto ou Outeiro do
Circo – em detrimento das áreas habitacionais, formadas por estruturas mais
perenes e menos monumentais.
No povoado do Outeiro do Circo, situado
numa extensa colina no centro da peneplanície de Beja, o desafio de escavar um
pequeno troço de uma muralha com quase dois quilómetros de extensão, fez parte
da estratégia inicial para a investigação deste sítio e pressupôs uma combinação
de metodologias.
Numa primeira fase utilizaram-se métodos
analíticos não evasivos para colmatar a escassez de estudos anteriores, que
passaram pela fotointerpretação sobre fotografia aérea em articulação com
prospeções dirigidas no terreno, que revelaram novos dados sobre a morfologia
desta vasta muralha. Estes trabalhos prévios foram também essenciais para
determinar a escolha da área a intervir através da escavação arqueológica, que
tinha como objetivo a escavação integral de uma seção da muralha para compreender
as suas fases, técnicas construtivas e cronologia, procedendo-se ao seu
desmonte até ao substrato geológico.
A impossibilidade de intervir em certas
áreas da muralha, juntamente com as dúvidas suscitadas pelos trabalhos
desenvolvidos, levaram à necessidade de acrescentar novos métodos não evasivos
como a geofísica – magnetometria – pois só com o conjunto de dados
proporcionado por diferentes formas de análise seria possível iniciar a
compreensão deste complexo sistema defensivo.
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