O Projecto Outeiro do Circo vai estar presente no congresso internacional "Fortifications of the Metal Ages in Europe: Defensive, Symbolic and Territorial Aspects", a ter lugar entre 10 e 12 de Novembro em Guimarães, numa organização da UISPP - Comissão Científica "Metal Ages in Europe" e da Sociedade Martins Sarmento.
A conferência "Uma muralha no meio da planície. Análise poliorcética, técnica e simbólica da muralha do povoado fortificado do bronze Final do Outeiro do Circo (Beja, Portugal)", da autoria de Miguel Serra e Eduardo Porfírio será integrada na sessão dedicada à Idade do Bronze, no dia 10, e que inclui temas de diversos países, nomeadamente de Itália, Roménia, Alemanha, França e Portugal.
Resumo: A construção da muralha do povoado
do Bronze Final do Outeiro do Circo (Beja, Portugal) é reveladora da capacidade
organizativa das comunidades deste período e pressupõe um vasto trabalho
coletivo só possível numa sociedade devidamente hierarquizada.
Situado
numa colina alongada de baixa altitude, o Outeiro do Circo destaca-se claramente
na monotonia da planície circundante. A sua extensa muralha, com cerca de 2 km
lineares, constituiria uma autêntica barreira de pedra e madeira, observável a
grande distância, servindo como elemento afirmativo da soberania sobre o
território e de dissuasão perante eventuais inimigos.
Os
trabalhos arqueológicos realizados desde 2008 demonstram o investimento
colocado na sua edificação, pois até ao momento os vestígios identificados no
interior do povoado resumem-se a estruturas negativas. É de assinalar a
inexistência de construções com características mais permanentes que de algum
modo pudessem dar continuidade à monumentalidade colocada na construção da
muralha. Esta monumentalização pétrea da colina prolongou-se para além da
ocupação antiga do Outeiro do Circo, resistindo até à atualidade, como
facilmente se comprova pelos vastos taludes arborizados que ainda se observam
no local.
Pretende-se
com este trabalho analisar o fenómeno da construção de muralhas complexas no
Bronze Final do Sudoeste, partindo do exemplo do Outeiro do Circo onde a
conjugação de diversos tipos de trabalhos desde a fotointerpretação, a
geofísica, a prospeção e escavação arqueológica, entre outros, nos permitem
tentar uma abordagem integrada para validar aspetos ligados ao simbolismo desta
construção, nomeadamente no esforço despendido na sua construção e na sua
relação com a paisagem envolvente, mas também nos aspetos técnicos que permitem
vislumbrar soluções pragmáticas para vencer constrangimentos específicos ou na
análise poliorcética que nos possibilita a verificação da eficácia defensiva
desta estrutura.
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