O Projecto Outeiro do Circo associa-se à Associação de Defesa do Património de Beja na organização de um ciclo de conferências dedicado às "Grandes novidades da arqueologia da região de Beja".
Este ciclo será constituído por três sessões centradas nos três grandes períodos cronológicos que revelaram maior quantidade de novos dados na região de Beja, a Idade do Cobre, a Idade do Bronze e a Idade do Ferro, podendo mesmo falar-se numa verdadeira revolução de conhecimento ocorrida nos últimos anos.
Para além da síntese de conhecimento sobre cada um dos temas abordados, os oradores convidados também avançarão com algumas propostas/sugestões sobre formas de valorização e divulgação deste imenso manancial de vestígios que a investigação arqueológica nos deu a conhecer.
A primeira conferência está agendada para dia 23 de Maio às 21:30, na Biblioteca Municipal de Beja - José Saramago, e estará a cargo de Ana Margarida Arruda, da UNARQ (Centro de Arqueologia) e Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa, que nos falará sobre "A região de Beja durante a Idade do Ferro".
No dia 8 de Junho será a vez de Miguel Serra, coordenador científico do Projecto Outeiro do Circo, membro da Palimpsesto, Lda. e do Centro de Estudos de Arqueologia, Artes e Ciências do Património, nos trazer o tema "Era uma vez a Idade do Bronze! Investigação, divulgação e educação patrimonial".
O encerramento, no dia 22 de Junho, ficará a cargo de António Carlos Valera, da ERA, Arqueologia S.A. e membro do ICArEHB - Universidade do Algarve, que nos irá trazer a conferência "Recintos de fossos pré-históricos na região de Beja: um património tão desconhecido quanto notável e ameaçado"
Oportunamente serão divulgadas outras informações sobre as próximas conferências, bem como os respectivos resumos, mas para já aqui ficam o cartaz e o resumo da conferência de dia 23 de Maio.
A região de Beja durante a Idade do Ferro
Ana Margarida Arruda – UNIARQ (Centro de Arqueologia) e
Centro de Estudos Clássicos. Universidade de Lisboa
Os trabalhos das últimas décadas nos “canais de Rega” do
Alqueva puseram a descoberto na região de Beja “Um Admirável Mundo Novo” no que
à Idade do Ferro diz respeito. De facto, o conjunto de necrópoles que foi
descoberto é notável pelo número, mas, sobretudo pela riqueza e diversidade dos
seus espólios. Este mundo funerário, que pôde associar-se, em raros casos, a
alguns contextos domésticos, põe em evidência uma realidade até há pouco tempo
muito mal caracterizada na região, que se insere ainda na 1ª metade do 1º
milénio a.n.e. (século VI).
As características orientalizantes desta I Idade do Ferro
são indiscutíveis ao nível dos materiais arqueológicos que se puderam recuperar
em muitas das sepulturas destas necrópoles, mesmo que a arquitectura funerária
possa apontar para matrizes sobretudo indígenas.
Estas necrópoles e os respectivos povoados, estes ainda
muito mal conhecidos, são, pelo menos a partir das primeiras décadas do século
IV a.n.e., substituídos por outros, onde o ritual funerário também sofre
alterações substanciais, apesar da cultura material deter ainda uma óbvia
feição mediterrânea. Quer o Cerro Furado quer os resultados obtidos nos
trabalhos no centro urbano de Beja têm fornecido informação relevante que é
necessário ter em atenção para traçar o quadro evolutivo da região ao longo de grande parte do 1º milénio a.n.e.
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