domingo, 30 de outubro de 2016
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
terça-feira, 25 de outubro de 2016
Objectos e produção de bronze e ouro no Outeiro do Circo
O conjunto de artefactos metálicos até ao momento recolhidos no povoado do Bronze Final do Outeiro do Circo (Beja) é bastante residual mas revelam uma metalurgia algo antiga dentro do quadro do sudoeste ibérico durante este período. Enquadram-se dentro dos séculos XII - XI a.C., antecedendo em cerca de dois séculos as datações obtidas para vestígios metalúrgicos de outros sítios como Entre Águas 5 (Serpa) e Casarão da Mesquita 3 (Évora) (Valério et al. 2013).
O primeiro elemento metálico descoberto foi um cinzel, surgido em prospecções efectuadas por Rui Parreira e António Monte Soares (Parreira e Soares 1980) e que mais tarde seria alvo de caracterização por fluorescência de raios-X em conjunto com outros artefactos metálicos da Idade do Bronze do Sul de Portugal (Soares et al. 1996).
O primeiro elemento metálico descoberto foi um cinzel, surgido em prospecções efectuadas por Rui Parreira e António Monte Soares (Parreira e Soares 1980) e que mais tarde seria alvo de caracterização por fluorescência de raios-X em conjunto com outros artefactos metálicos da Idade do Bronze do Sul de Portugal (Soares et al. 1996).
Cinzel (foto de Dinis Cortes)
Anos mais tarde recolheram-se novas evidências, desta vez em contexto de escavação arqueológica, no âmbito de um projecto de investigação desenvolvido entre 2008 e 2013.
A série analisada era composta por três artefactos (anel, argola e brinco/pendente), dois nódulos e um fragmento de cone de fundição para além de um fragmento de um cadinho cerâmico com vestígios de metal no interior que se veio a comprovar ser ouro.
Os contextos destes metais foram datados por radiocarbono o que permitiu inseri-los no último quartel do II milénio a.C.
As peças metálicas analisadas enquadram-se nos dados conhecidos para a metalurgia deste período no Sul de Portugal que é caracterizada pela presença de bronzes binários com teores apropriados de estanho. Apenas uma peça (anel) revelou um reduzido teor em estanho, provavelmente devido à utilização de sucata para o seu fabrico.
A descoberta deste pequeno conjunto de materiais veio atestar a metalurgia do bronze e do ouro no espaço interno do povoado do Outeiro do Circo constituindo os dados mais antigos destas produções durante o Bronze Final e comprovando pela primeira vez a metalurgia do ouro com vestígios de produção em povoados do sudoeste neste período (Valério et al. 2013).
Conjunto de metais do Outeiro do Circo (Valério et al. 2013)
Bibliografia:
Parreira, R. e Soares, A. M. (1980), Zu einigen bronzezeitlichen Hohensiedlungen in Sudportugal. Madrider Mitteilungen, 21, Madrid, pp. 109-130.
Soares, A. M., Araújo, M. F., Alves, L. e Ferraz, M. T. (1996), Vestígios metalúrgicos em contextos do Calcolítico e da Idade do Bronze no Sul de Portugal. Lisboa: Miscellanea em homenagem ao Professor Bairrão Oleiro. Edições Colibir, pp. 553-579.
Valério, P., Soares, A. M., Araújo, M. F.,Silva, R., Porfírio, E. e Serra, M., (2013), Estudo de metais e vestígios de produção do povoado fortificado do Bronze Final do Outeiro do Circo (Beja). Arqueologia em Portugal 150 anos – Atas do I Congresso da Associação dos Arqueólogos Portugueses, 21 a 24 de Novembro de 2013, Biblioteca Nacional de Portugal, Lisboa, pp. 609 – 615.
sábado, 22 de outubro de 2016
Pedras com "covinhas"
No povoado fortificado do Bronze Final do Outeiro do Circo (Beja) foram descobertos nos últimos 15 anos diversos blocos de pedra gravados de forma simples com várias "covinhas".
O primeiro surgiu durante prospecções arqueológicas em 2001 e corresponde a um afloramento com quase 70 covinhas insculturadas localizado na vertente Sudoeste e virado para a extensa planície que se desenvolve para Sul.
Afloramento gravado
Afloramento gravado (o mesmo da imagem anterior)
Levantamento de André Santos (Fundação Côa Parque)
Em 2008 iniciaram-se escavações arqueológicas no Outeiro do Circo que de forma mais ou menos regular se têm mantido até ao momento. No decurso destes trabalhos foram identificados outros blocos gravados, não em afloramentos mas antes em pequenos blocos descobertos em situações muito distintas. Em 2013 durante a realização de uma acção destinada a minimizar danos sofridos numa área de escavação centrada num troço de muralha surgiu um destes blocos que se encontrava reutilizado na muralha.
Bloco gravado oriundo da muralha
Nos anos seguintes descobriram-se outros blocos, um deles amortizado numa fossa repleta de materiais cerâmicos da Idade do Bronze e restos faunísticos localizada no topo do povoado e na campanha de escavações de 2016 surge outro bloco gravado numa sondagem junto à muralha e que ainda se encontra em fase de intervenção.
Bloco gravado proveniente de uma fossa
Bloco com "covinhas" em fase de escavação
Não podemos afirmar com qualquer grau de certeza que estas manifestações foram executadas pelos habitantes do Outeiro do Circo durante a Idade do Bronze uma vez que se trata de algo presente em toda a pré-história recente europeia. Poderão também corresponder a formas de expressão de comunidades anteriores que habitaram ou frequentaram este espaço mas o que é certo é que as comunidades da Idade do Bronze tinham delas conhecimento e de alguma forma incorporaram-nas nas suas próprias construções. Mais difícil será dizer se ainda atribuiriam qualquer significado a estes elementos decorados ou se pelo contrário já não lhes reconheciam qualquer importância e por isso as integraram de modo prático.
Apesar de pouco nos acrescentarem (até ao momento!) informação relevante sobre os modos de vida das comunidades do Bronze Final as pedras com "covinhas" do Outeiro do Circo continuam a suscitar interesse e curiosidade em quem as observa, talvez pelo "irritante" desconhecimento que encerram.
Aqui deixamos um pequeno texto e uma foto capaz de remeter para outras imaginações da autoria do nosso amigo e colaborador Dinis Cortes a quem aproveitamos para agradecer o interesse.
"A "Pedra das Covinhas" insculpida de inúmeras "fossetes" jaz a meia encosta do denominado "Outeiro do Circo" perto de Mombeja , a cerca de 10 km em linha recta da cidade de Beja. O Outeiro do Circo é um povoado fortificado de altura cronologicamente balizado na Idade do Bronze e com a área de vários hectares.
Outeiro do Circo - Mombeja - Beja - Portugal
19.10.2016 ( Ao final de mais um dia...)"
E aqui recordamos também o texto da arqueóloga Kate Leonard que em Agosto passado integrou a equipa do Projecto Outeiro do Circo: Cup marked stones
domingo, 9 de outubro de 2016
12 Lugares, 12 Meses, 12 Histórias - Baleizão
A etapa de Baleizão relativa ao Projecto "12 Lugares, 12 Meses, 12 Histórias - A Idade do Bronze na região de Beja" teve lugar nos dias 7 e 8 de Outubro, iniciando-se com uma conferência sobre este período no território da freguesia e que contou como uma pequena audiência de 5 pessoas, o que não constituiu impedimento a um acalorado debate sobre os vestígios da Idade do Bronze aqui surgidos.
A seguinte iniciativa centrou-se na caminhada temática, desta vez com um percurso mais longo do que o habitual, num total de 15,4 km com partida de Baleizão em direcção ao Rio Guadiana para subir ao alto do povoado do Bronze Final dos Castelos onde o grupo de 55 participantes atravessou as duas linhas de muralhas visíveis, para poder chegar ao topo e apreciar a deslumbrante vista em toda a volta com especial destaque para os relevos do vale do Guadiana. Esta particular visibilidade foi o mote para expor algumas considerações sobre o povoamento desta época em ambas as margens do Guadiana.
De seguida iniciou-se o caminho de regresso a Baleizão percorrendo-se um cenário cada vez mais aplanado e onde durante o Bronze Pleno terão existido diversos pequenos aldeamentos dispersos que exploravam este rico território agrícola.
À chegada a Baleizão esperava-nos um belo repasto baseado na gastronomia local que em muito agradou aos convivas e ajudou a recuperar do esforço extra que o percurso exigiu. No mesmo local pôde também ser apreciada uma pequena exposição em 3 painéis com a síntese da Idade do Bronze nesta região e que posteriormente foi entregue à Junta de Freguesia que a irá expor na Sociedade Filarmónica 24 de Outubro.
Os nossos agradecimentos à Junta de Freguesia de Baleizão pelo caloroso acolhimento e aos técnicos da Câmara Municipal de Beja por tudo fazerem para que estas iniciativas se realizem com todas as condições.
Em Novembro esperam-nos novas actividades na Freguesia de São Matias...
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
domingo, 2 de outubro de 2016
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