Durante a 3ª semana de escavações no Outeiro do Circo os trabalhos prosseguiram a bom ritmo, em boa parte devido às tréguas do clima que se revelou mais ameno, com a continuação das sondagens 7 e 8 e a abertura de duas novas áreas de intervenção.
Na sondagem 7 surgiram as primeiras evidências que apontam para a presença de níveis provavelmente conservados. Referimo-nos a um alinhamento de grandes blocos pétreos identificados a quase 1 metro de profundidade após a remoção de uma espessa camada de terras negras que se revelou extremamente compacta e difícil de escavar.
O cenário na sondagem 8 é bastante diferente pois começam a ser identificadas diversas realidades arqueológicas, o que leva a uma maior morosidade nos trabalhos. O alinhamento de pedras onde se identificou o bloco rochoso com "covinhas" marca claramente uma barreira, identificando-se unidades muito diferentes de um lado e outro desse alinhamento que no entanto parece ter sido bastante destruído por acção de lavouras mecânicas.
Iniciaram-se ainda duas novas áreas de sondagem de menor dimensão com o intuito de prosseguir a avaliação dispersa do potencial estratigráfico da zona mais alta do povoado, à semelhança do pretendido com a sondagem 9, já concluída. Abriu-se a sondagem 10, com 2 x 2 metros, nas proximidades da sondagem 3 e junto ao moroiço de pedras que ocupa a zona mais elevada do Outeiro do Circo.
Tal como também havia sucedido na sondagem 9, também aqui o substrato geológico se encontrava a pouca profundidade, mas neste caso tal não se deverá exclusivamente à prática agrícola, mas antes à erosão e à pouca profundidade dos solos, o que mais uma vez não possibilita expectativas de se encontrarem estruturas conservadas.
A sondagem 11, com 3 x 2 m, foi aberta um pouco mais para Sudoeste junto à linha de árvores que divide o povoado no seu eixo longitudinal e localizada numa zona mais plana e afastada das cotas mais altas. Aqui o objectivo também passava por tentar compreender a natureza do talude de pedras que se encontra coberto pela linha de árvores e ao mesmo tempo verificar se nesta zona mais plana é possível haver maior potência de solos.
No trabalho de gabinete houve lugar ao início da marcação de materiais recolhidos em campanhas anteriores para além da continuação da lavagem e limpeza das peças que continuam a ser recolhidas na presente campanha. Antes dos trabalhos de marcação efectuou-se uma pequena sessão dirigida aos voluntários para explicação da metodologia a utilizar e uma mostra de materiais das campanhas passadas.
Nesta 3ª semana contámos ainda com a presença de João Chinita, que tem colaborado com o Projecto Outeiro do Circo na área de multimédia, ilustração e produção de conteúdos de divulgação, que efectuou algumas filmagens e fotos aéreas com drone no sítio e que serão em breve publicadas neste blogue.
Em relação ao Ciclo de Conferências, houve necessidade de proceder a uma alteração no programa uma vez que o conferencista agendado para dia 16, o professor Ignacio Pavón Soldevila, não pôde comparecer por motivos pessoais, sendo feita em substituição uma conferência a cargo dos responsáveis científicos do projecto, Miguel Serra e Eduardo Porfírio, com uma apresentação sobre o Outeiro do Circo e que percorreu os antecedentes da investigação em curso, passando pelos principais resultados do projecto anterior, pelo programa de Educação Patrimonial e terminando com a exposição dos objectivos do projecto em curso.
Esta sessão contou com 25 assistentes entre os voluntários do Outeiro do Circo e do Projecto Arqueologia das Cidades de Beja, cuja equipa também se encontra em escavações arqueológicas em Beja, e outros interessados nestes temas.
No dia 18 foi a vez de António Monge Soares brindar os cerca de 30 assistentes com uma apresentação sobre a Idade do Bronze no Sul de Portugal e que permitiu conhecer muitas das imensas novidades surgidas nos últimos anos no que a este período diz respeito.
Por fim falta referir apenas a participação de mais um grupo de Actividades de Tempos Livres, desta vez organizado pela associação juvenil Arruaça, e que levou 11 jovens acompanhados por 2 monitores a conhecerem o Outeiro do Circo, mas também o trabalho de gabinete, normalmente menos conhecido, no qual prestaram a sua ajuda e envolveram-se no contacto directo com os materiais arqueológicos.
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