segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Notas de Campo (2) - Campanha de 2016

Cumprida a 1ª semana de trabalhos da campanha de 2016 do Projecto Outeiro do Circo!
Antes da chegada dos voluntários que integram a equipa da campanha de 2016 realizaram-se trabalhos de topografia com o apoio da Câmara Municipal de Beja para marcação e georeferenciação das novas áreas de escavação.
No dia 31 de Julho houve lugar a um jantar de recepção aos voluntários seguido de um pequeno passeio pelo centro histórico de Beja, como forma de integração dos participantes que este ano são na maioria estrangeiros o que reforça a internacionalização do Projecto Outeiro do Circo.
O 1º dia de trabalhos iniciou-se com uma breve visita guiada ao povoado do Outeiro do Circo para apresentar sumariamente o sítio e os objectivos do projecto.
Após os trabalhos de desmatação e instalação de sombreamentos, a cargo da União de Freguesias de Santiago Maior e São João Baptista, iniciaram-se os registos prévios das duas novas áreas de sondagem (sond. 7 e 8), localizadas junto à muralha, em simultâneo com a remoção da selagem e protecção da sondagem 3 que não havia sido concluída no ano transacto.
Nesta sondagem 3 os trabalhos já se encontram numa fase final, restando apenas a remoção de uma camada de desagregação do geológico que ainda contem alguns materiais arqueológicos e de uma unidade constituída por terras negras que cobre outra de natureza mais argilosa que se sobrepõe ao substracto rochoso.
Nas duas novas sondagens, 7 e 8, removeu-se a camada vegetal e um nível de barro muito compacto surgindo em seguida um nível de barros negros que, pelo menos até a cerca de 40 cm de profundidade, ainda se apresenta revolvido pela acção dos arados e revela a presença de materiais romanos entre os inúmeros fragmentos de cerâmicas manuais.

A sondagem 8, que se localiza a menor distância da linha de muralha, já revela a existência de alinhamentos pétreos que importa definir para confirmar se se tratam de estruturas do Bronze Final, integrantes da própria muralha ou de outras estruturas anexas. Neste alinhamento de pedras surgiu novamente um bloco de afloramento com "covinhas", à semelhança do que havia sucedido em anos anteriores na muralha (sondagem 1) e numa fossa tipo silo (sondagem 3). 
A meio da semana iniciaram-se os trabalhos de tratamento de materiais, que têm lugar na Casa das Artes / Museu Jorge Vieira, localizado na Rua do Touro em Beja e cedido para o efeito pela Câmara Municipal de Beja. Durante as acções de tratamento de materiais foram mostrados aos participantes diversos artefactos recolhidos nas campanhas anteriores, para permitir um melhor conhecimento das realidades materiais existentes no Outeiro do Circo e assim facilitando o processo de reconhecimento dos materiais.
Ao longo da semana também houve oportunidade para dar a conhecer aos voluntários a cidade de Beja através de alguns passeios pelo seu centro e de visitas ao Museu Regional Rainha Dona Leonor e ao Núcleo Museológico da Rua do Sembrano.

Por fim, destaque-se a realização da 1ª sessão do ciclo de conferências deste ano, dedicado ao tema "Territórios" e que contou com uma apresentação de António Carlos Valera da empresa ERA - Arqueologia, perante uma plateia de 32 assistentes, sobre as novidades da Pré-história Recente no Baixo Alentejo através do olhar crítico e questionador deste investigador.
Antes da conferência houve ainda oportunidade para conduzir uma visita ao Outeiro do Circo dirigida ao conferencista e à equipa que com ele se encontra a escavar o recinto de Perdigões (Reguengos de Monsaraz).

1 comentário:

Maria Gestora disse...

PARABENS!!!
Foi mt bom ter encontrado vestígios romanos.. umma prova que a Penínsuls possuía condições naturais, mineiras...para que eles e outros povos deixasssem os seus vestígios. Em Penafiel tb temos os nossos...o balneário romano das Termas de S. Vicente uma prova que eles eram civilizados e já usavam o banho e as águas medicinais.Atravéss das ruínas verica-se isso mesmo. Não fui para arquologia devido á minha coluna, pois com 19 anos já sofria...posições incorrectas a estudar na cama e mm assim ainda concorri, mas chamaram-me à atenção que eu tinha escavações e como ia fazer...anulei, mas mt triste. Estive na Casa do Infante a trabalhar 1 mês com o Paulo Dórdio e o Ricardo, no 1.º ano de Gestão do Património. Aprendi a trabalhar com a sigillata? e a procurar bocados para formar a peça. Tb usei a lupa e adorei. Mais tarde foram meus profs em arqueologia. Gostei de saber que valeu apena o vosso esforço e que melhores dias virão. Mt PARABENS- Manoela