Depois do adiamento das iniciativas previstas para a União de Freguesias de Albernôa e Trindade em Maio, o projecto 12 Lugares, 12 Meses, 12 Histórias, regressou com um conjunto de actividades realizadas no território do Penedo Gordo, aldeia integrante da União de Freguesias de Santiago Maior e São João Baptista, nos passados dias 17 e 18 de Junho.
Assim, a primeira acção consistiu numa conferência, realizada na Casa do Povo do Penedo Gordo, perante uma audiência de 18 assistentes, e que serviu para dar a conhecer os vestígios arqueológicos descobertos nesta freguesia do concelho de Beja, desde as necrópoles e artefactos isolados detectados desde os anos 60 do século passado até aos povoados abertos de planície recentemente intervencionados no âmbito dos trabalhos promovidos pela EDIA nesta zona.
Como em ocasiões anteriores, utilizou-se um kit pedagógico com materiais arqueológicos provenientes de vários locais da região de Beja e algumas réplicas de artefactos da Idade do Bronze para ilustrar o tema permitindo um contacto mais directo com os interessados e assim contribuindo para promover um debate mais alargado. Refira-se ainda que esta forma mais directa de contactar com as populações para promover o património arqueológico da sua região tem permitido a produção de algum conhecimento científico e a acção realizada no Penedo Gordo não foi excepção à regra, pois o debate permitiu tomar nota da possível localização de um sítio arqueológico da Idade do Bronze que permanecia incerta até à data.
No dia seguinte promoveu-se um passeio de 11,5 km com partida de Beja em direcção à aldeia do Penedo Gordo e que contou com um vasto número de participantes perfazendo um total de 71 caminheiros naquela que foi a maior acção do género neste projecto até ao momento.
O percurso realizado atravessou os terrenos de planície onde na Idade do Bronze se implantaram uma série de pequenos povoados de planície nas margens da Ribeira da Chaminé. A riqueza agrícola dos solos desta região foi o mote para explicar a atracção das comunidades humanas ao longo dos tempos por este território, integrando-se assim explicações sobre sítios de várias épocas, incluindo vilas romanas como Reprezas e Pisões, mas também expondo a transformação que se sente na actualidade, comprovada na existência de extensos olivais que o grupo atravessou.
Para enriquecer a parte temática do passeio pedestre contou-se com a colaboração de vários oradores, como Sofia Silva, co-directora das escavações do Projecto Outeiro do Circo, que explicou a transformação da ocupação humana da região no final da Idade do Bronze com o aparecimento de grandes povoados fortificados (com o Outeiro do Circo em pano de fundo), de Sofia Soares, geóloga e consultora do Projecto Outeiro do Circo, que falou acerca da natureza dos solos de barro e do seu potencial agrícola, e de José Luís Margarido, membro da QUERCUS, que nos explicou a transformação que a flora autóctone está a sofrer devido à instalação de novas culturas, criando assim uma paisagem muito diferente da que aqui existiu durante milénios.
Por fim, para recuperar do longo trajecto e do forte calor que se fez sentir, os participantes foram brindados com um repasto na Casa do Povo do Penedo Gordo onde também puderem visualizar uma pequena exposição sobre a ocupação da Idade do Bronze do território que atravessaram.
Mais uma vez os nossos agradecimentos à Câmara Municipal de Beja e aos técnicos envolvidos na organização deste projecto, à União de Freguesias de Santiago Maior e São João Baptista e à Casa do Povo do Penedo Gordo por todo o apoio e envolvimento, e por fim aos caminheiros que percorrem a Idade do Bronze e que são cada vez mais!
Até dias 15 e 16 para mais um lugar, mais um mês e mais umas histórias, desta vez em Quintos!
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