Notas curtas sobre a
Mina da Juliana a partir de Estácio da Veiga
Da antiga exploração desta jazida
pouco resta actualmente, para além da povoação que sobreviveu ao encerramento
da mina mantendo o topónimo, e dos numerosos vestígios de escoriais que as
águas da albufeira do Roxo não conseguem esconder da nossa vista, tudo o resto
permanece oculto sob a barragem, restando apenas as recordações dos habitantes,
as referências bibliográficas e as arquivísticas.
Os trabalhos de mineração
realizados durante o século XIX trouxeram das profundezas das galerias, segundo
as palavras de Estácio da Veiga (1891: 211) : “… alguns machados e escopros de bronze, assim como calhaos espheroidaes
de pedra (percutores)”.
A partir do texto do autor
algarvio é possível pressupor que foram recolhidas as seguintes peças: três
machados (um está depositado no Museu Regional de Beja, um outro encontra-se no
Museu Nacional de Arqueologia em Lisboa, quanto ao terceiro desconhece-se o seu
paradeiro actual), assim como um número indeterminado de percutores e de
escopros. Destes últimos, um acabou por dar entrada nas reservas do Museu
Nacional de Arqueologia em Lisboa (Monteagudo, 1977).
Machado da Mina da Juliana. Museu Regional Rainha Dona Leonor (Beja). Foto de Carlo Bottaini
São estes os únicos elementos
conhecidos que levam a pressupor a existência de actividade mineira neste local
durante a Idade do Bronze, posição que não é consensual. No entanto, desconhece-se
o contexto e as circunstâncias de achado, bem como a profundidade efectiva das
ditas “profundezas”. Contudo, conhecem-se em território nacional outros casos
de minas antigas onde se recolheram objectos metálicos, como por exemplo Alte
no Algarve, Quarta-feira na Beira Alta ou Jales em Trás-os-Montes, sendo este
um fenómeno com repercussões, também, ao nível peninsular e europeu (Bottaini et. al., 2008).
Referências:
BOTTAINI, C.; SERRA, M. e
PORFÍRIO, E. (2008) – Metais da Idade do Bronze do Museu de Beja, Actas do V Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular - Almodôvar - 18 a 20
de Novembro de 2010, p. 631-646.
DOMERGUE, C. (1987) – Catalogue
des mines et des fonderies antiques de la Péninsule Ibérique. Série
Archeologie. VIII. Tome II. Publicaciones de la Casa de Velázquez. Madrid.
DOMERGUE C. (1990) – Les mines de
la Penínsule Ibérique dans l’antiquité romaine, Collection de l’École Française
de Rome,7, Roma.
MONTEAGUDO, L. (1977) – Die Beile
auf der Iberischen Halbinsel. Munchen. C.H. Beck`sche Verlagsbuchhandlung (PBF,
IX; Band 6).
VEIGA, E. (1891) – Antiguidades
Monumentais do Algarve, IV, Imprensa Nacional, Lisboa.
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