O Projeto Outeiro do Circo estará presente no VIII Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular a realizar em Serpa e Aroche nos próximos dias 24, 25 e 26 de Outubro com o seguinte poster:
Vestígios
Calcolíticos do povoado do Outeiro do Circo (Beja)
Autores:
Sofia Silva (Arqueóloga.
Projeto Outeiro do Circo. Mail: sofiaeiras22@gmail.com)
Sofia Soares (Geóloga.
Projeto Outeiro do Circo. Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto
Politécnico de Beja. Mail: sofia.soares@ipbeja.pt)
Resumo
O povoado do
Outeiro do Circo foi desde sempre relacionado com uma ocupação centrada no
Bronze Final, que recentemente se viu comprovada por datações radiométricas associadas
à construção do vasto sistema defensivo que o rodeia. Para além desta fase
alguns autores procuraram ver aí possibilidades de ocupação posteriores,
nomeadamente da I Idade do Ferro, que ainda não foi atestada no sítio, quer
devido à invulgar dimensão que este povoado ostenta dentro do quadro regional
da Idade do Bronze, quer pelos vários sítios, sobretudo necrópoles, da Idade do
Ferro escavados nos últimos anos que se localizam nas suas imediações.
No entanto sobre
a hipótese de uma ocupação mais recuada nunca surgiram referências claras, o que
se justifica por uma escassez de dados com ela relacionada.
As escavações
arqueológicas empreendidas entre 2008 e 2013 no âmbito do projeto de
investigação “A transição Bronze Final /
I Idade do Ferro no Sul de Portugal: o caso do Outeiro do Circo”
documentaram uma complexa muralha atribuída ao Bronze Final e diversos níveis
arqueológicos relacionados com a sua construção que demonstram uma profunda
alteração da zona de encosta que dificilmente permitiria perceber a existência
de eventuais ocupações anteriores.
No entanto, o
estudo dos materiais exumados revelou a presença de diversos elementos que nos
permitem colocar a hipótese de ter existido uma ocupação do período calcolítico
que ainda necessita de ser devidamente documentada em futuras intervenções a
realizar noutros locais dentro deste povoado.
Os materiais que
podem ser adscritos a esta fase anterior encontram-se dispersos por diversas
unidades estratigráficas da sondagem 1, o que comprova o forte revolvimento
sofrido na encosta onde se viria a implantar a muralha.
Estes
artefactos, agora apresentados, são numericamente residuais quando observados à
luz das mais de 11000 recolhas inventariadas, mas possibilitam, em alguns
casos, uma clara integração num qualquer momento dentro do calcolítico.
São compostos
por algumas peças cerâmicas, nomeadamente uma colher, um fragmento de
queijeira, um pequeno bordo decorado com decoração incisa e puncionada ou um recipiente
carenado de perfil troncocónico, mas também por escassos elementos de uma
indústria lítica que se destaca das produções mais frequentes no Bronze Final,
como atestado pela presença de fragmentos de lâminas e lamelas ou outros
elementos como um possível braçal de arqueiro.
Existem ainda
outros elementos presentes que se tornam difíceis de inserir claramente num
período cronológico concreto, mas que há luz destes dados deverão ser
analisados de forma mais abrangente, como por exemplo um fragmento de conta de
colar em variscite ou alguns artefactos macrolíticos com longa diacronia de
utilização.
Para além da
apresentação dos materiais referidos, pretende-se ainda lançar alguns cenários
sobre a possível ocupação calcolítica do Outeiro do Circo devidamente integrada
no quadro regional.