O Projeto Outeiro do Circo vai marcar presença no II Colóquio de Arqueologia e História do Concelho de Penamacor, a convite da autarquia, onde será apresentada uma comunicação, a cargo de Miguel Serra, centrada nas relações culturais entre a Beira Interior e o Baixo Alentejo durante a Idade do Bronze.
Título
O ancoriforme: um indecifrável símbolo de união de lugares distantes.
Relações entre a Beira Interior e o Baixo Alentejo durante a Idade do
Bronze Pleno.
Durante o Bronze do Sudoeste (2000-1200
a.C.) emerge, nos territórios do Sul, um povoamento discreto e disperso, com
escassas evidências de locais de habitat por oposição a um maior investimento
arquitetónico na construção de necrópoles de cistas, com morfologias variadas.
Os inúmeros trabalhos arqueológicos nos últimos 15 anos, sobretudo no Baixo
Alentejo, têm permito vislumbrar uma realidade mais complexa com o aparecimento
de centenas de povoados de fossas e novas arquiteturas funerárias como os
hipogeus.
Mas é sobretudo em associação, direta ou
indireta, com as necrópoles de cistas que se manifestam as designadas estelas
de tipo Alentejano, onde assume clara evidência o elemento que nos permite
tecer algumas considerações sobre as ligações entre este território meridional
e a região da Beira Interior, o Ancoriforme. Trata-se do principal elemento
integrante da iconografia das estelas do Bronze do Sudoeste, juntamente com
espadas, alabardas, machados, entre outros, mas para o qual ainda não se
encontrou o correspondente paralelo arqueológico.
O seu aparecimento num território tão
afastado do centro da sua expressão (Baixo Alentejo e Algarve), como
identificado na estátua-menir de Corgas (Donas, Fundão), leva-nos à discussão
sobre o tipo de relações culturais entre estes territórios distantes e às
razões que levaram as comunidades de meados da Idade do Bronze a percorreram
tão longos percursos.