A campanha de trabalhos arqueológicos do Projecto Outeiro do Circo termina a 30 de Agosto.
As escavações arqueológicas no povoado da Idade do Bronze Final do Outeiro do Circo decorreram durante o mês de Agosto e incidiram no alargamento de uma área intervencionada em 2016 e 2017, na qual se detectou uma possível estrutura de cariz habitacional.
Área de escavação inicial. Ao centro observa-se a possível estrutura habitacional com elementos pétreos ligados com barro cozido (a laranja).
De modo a confirmar o potencial científico desta estrutura programou-se o alargamento da área de escavação, incluindo o seu prolongamento em direcção à muralha, num total de 100 m2.
Alargamento da área de escavação.
Prolongamento da área de escavação para a muralha.
Os trabalhos de 2019 implicaram a remoção das camadas arqueológicas de formação mais recente, sendo de registar o aparecimento de uma vasta quantidade de materiais arqueológicos, maioritariamente cerâmicos e enquadráveis na Idade do Bronze, mas destacando-se também a presença regular de alguns materiais da Idade do Ferro.
Aspecto dos trabalhos
Núcleo em jaspe vermelho
Concentração de cerâmicas da Idade do Ferro
O Outeiro do Circo terá sido abandonado no final da Idade do Bronze, mas o surgimento de vários materiais do período seguinte, leva a supor que o sítio ainda terá sido utilizado ou frequentado pelas populações da Idade do Ferro que se encontravam estabelecidas na planície envolvente, como se comprovou pela descoberta de vários povoados rurais e necrópoles deste período nas proximidades do Outeiro do Circo, nomeadamente nas zonas de Beringel e Trigaches.
No próximo ano a campanha de trabalhos irá incidir na definição da possível estrutura habitacional que de momento revela a presença de algumas pedras de grande dimensão, travadas por outras menores a servirem de cunha, assentes numa camada de barro cozido que serviria como ligante.
Para além dos trabalhos arqueológicos dinamizaram-se uma série de pequenas conferências destinadas aos participantes no projecto, sobre o conceito de Barferências, onde se pretendeu discutir, de modo informal, diversos aspectos da investigação desenvolvida no marco deste projecto. As barferências, acolhidas no Café Mousinho em Mombeja, iniciaram-se com a apresentação de Nelson Almeida sobre zooarqueologia, seguindo-se duas apresentações de Eduardo Porfírio sobre o sistema defensivo do Outeiro do Circo e sobre a aplicação de técnicas de fotogrametria ao registo arqueológico.
Também houve lugar a uma acção de formação sobre cerâmicas, dinamizada por Sofia Silva e realizaram-se visitas guiadas aos museus e monumentos de Beja e à villa romana de São Cucufate na Vidigueira, dirigidas aos voluntários.
Barferência de Nélson Almeida sobre Zooarqueologia
Acção de formação de Sofia Silva, sobre cerâmicas.
Visita guiada ao Núcleo Museológico da Rua do Sembrano.
As tradicionais visitas às escavações arqueológicas durante o mês de Agosto estiveram fortemente condicionadas por dificuldades de acesso ao local, mas ainda assim registou-se a presença de 30 curiosos que se deslocaram ao Outeiro do Circo.
Visitas ao Outeiro do Circo.
O Projecto Outeiro do Circo contou com o apoio financeiro e logístico da Câmara Municipal de Beja e da União de Freguesias de Santa Vitória e Mombeja e foi desenvolvido pela empresa Palimpsesto.