sábado, 10 de março de 2018

Outeiro do Circo no Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa em Braga

No âmbito do protocolo assinado entre os responsáveis do Projecto Outeiro do Circo e a direcção do Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa em Braga, no passado mês de Julho (noticiado AQUI), iniciaram-se este mês os trabalhos de tratamento do espólio arqueológico resultante da campanha de 2017.
Os trabalhos que decorrem sob a responsabilidade de Sofia Silva, colaboradora do projecto, contam com a colaboração do arqueólogo Arnaldo Teixeira, a quem agradecemos a disponibilidade, e desenvolvem-se no laboratório de conservação e restauro do museu. 
Nos primeiros dias de trabalho houve lugar à visita do Clube do Património da Escola EB 2/3 de São Torcato (Guimarães), coordenada pela Doutora Helena Pinto, que puderam assistir a uma breve apresentação sobre o Outeiro do Circo a cargo de Maria José Sousa, Conservadora/Curadora do museu e observar de perto o tratamento dos materiais. A equipa do Projecto Outeiro do Circo preparou alguns materiais de divulgação sobre o Outeiro do Circo que ficam à disposição do Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa enquanto aí decorrerem os trabalhos de tratamento de materiais, de modo a serem utilizados nas acções abertas ao público.
Nestes primeiros dias também se contou com a disponibilidade da equipa de conservadores/restauradores do museu (Vítor Hugo Torres, Isabel Marques e Carolina Branco) para observar alguns materiais do Outeiro do Circo através de microscópio, revelando diversos detalhes sobre algumas peças, ampliando assim o conhecimento sobre os materiais cerâmicos e líticos recolhidos.
A toda a equipa e responsáveis do Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa aqui fica o nosso agradecimento pelo apoio e pela fantástica recepção dada aos nossos colaboradores.


Sofia Silva
Arnaldo Teixeira
Denticulado de foice
Maria José Sousa com o Clube do Património EB 2/3, S. Torcato (Guimarães)
Vítor Hugo Torres, Isabel Marques e Carolina Branco

Denticulado de foice observado ao microscópio 





sábado, 3 de março de 2018

A ocupação do território 11

Pé do Castelo (Albernôa / Trindade) - povoado do Bronze Final


O sítio de Pé do Castelo, também conhecido localmente como Pego do Castelo, abrange um cabeço destacado sobre a Ribeira de Cobres. Foi identificado na sequência da descoberta fortuita de uma peça em bronze que conduziu à realização de prospeções arqueológicas no local onde se vieram a recolher outros materiais, nomeadamente algumas cerâmicas (Lopes e Vilaça 1998). Não se reconhecem taludes artificiais que possam ser associados à presença de qualquer estrutura defensiva e o sítio possui fácil acesso para norte em direção à Ribeira de Terges, mas as restantes vertentes apresentam-se bastante escarpadas formando uma defesa natural aumentada pela Ribeira de Cobres no sopé.
A peça de bronze aí recolhida possui um caracter excecional e poderá ter origem oriental, sendo integrada no Bronze Final (idem 1998: 76).
A plataforma onde foram recolhidos os diversos materiais tem uma área de 1,5 hectares, definindo um povoado de pequenas dimensões mas com um controle estratégico importante sobre uma zona de passagem na Ribeira de Cobres, o que lhe conferiria importância a nível regional capaz de justificar a presença de uma peça que terá de ser entendida com um verdadeiro bem de prestígio (Serra 2014: 84).

Bibliografia:
BOTTAINI, C., CARRIÇO, N., AMARAL, V., BELTRAME, M., VILAÇA, R., MIRÃO, J. e CANDEIAS, A. (2014), Novos dados sobre a arqueometalurgia de duas peças de âmbito mediterrâneo do Bronze Final / I Idade do Ferro do Sul de Portugal. In VILAÇA, R. e SERRA, M. (coord), Idade do Bronze do Sudoeste - Novas perspetivas sobre uma velha problemática. Coimbra [http://www.uc.pt/fluc/iarq/pub_online/], p. 187-204.
LOPES, M. C. e VILAÇA, R. (1998) – Peça do Bronze Final proveniente do Pé do Castelo (Trindade, Beja). Arquivo de Beja. 7-8. Série 3, p. 63-84.
SERRA, M. (2014), Muralhas, Território, Poder. O papel do povoado do Outeiro do Circo (Beja) durante o Bronze Final. In VILAÇA, R. e SERRA, M. (coord), Idade do Bronze do Sudoeste - Novas perspetivas sobre uma velha problemática. Coimbra [http://www.uc.pt/fluc/iarq/pub_online/], p. 75-99.
SERRA, M. e PORFÍRIO, E. (2017), Estratégias de povoamento entre o Bronze Pleno e Final na região de Beja. Scientia Antiquitatis, 1, p. 209-232

Localização do Pé do Castelo (Albernôa / Trindade) na CMP 540

Pé do Castelo (Albernôa / Trindade) - vista geral (retirado de Serra e Porfírio 2017)

Peça em bronze do Pé do Castelo (Albernôa / Trindade) (retirado de Bottaini et al. 2014)