A quarta sessão do Projecto "12 Lugares, 12 Meses, 12 Histórias" levou-nos ao local onde tudo começou. Tratou-se de um regresso a Mombeja, aldeia actualmente integrada na União de Freguesias de Santa Vitória e Mombeja, onde o Projecto Outeiro do Circo teve o seu arranque e onde se iniciaram diversas acções de divulgação que serviram de base às iniciativas que agora se encontram em curso.
Assim, no dia 22 de Abril realizou-se uma conferência no salão da antiga junta de freguesia de Mombeja, perante um grupo de 25 assistentes, e cujo tema foi centrado na história da investigação da Idade do Bronze neste território, desde as primeiras descobertas de 3 estelas funerárias levadas por José Leite de Vasconcelos para Lisboa até às investigações mais recentes desenvolvidas a partir do estudo do povoado do Bronze Final do Outeiro do Circo.
No Sábado dia 23 um grupo de 40 resistentes, amantes das caminhadas com história, enfrentou um dia chuvoso e com muita lama ao longo de 9 km de percurso entre a Mina da Juliana e a a popularmente designada "Ilha dos Caracóis" em plena Barragem do Roxo. As más condições climatéricas não permitiram o usufruto pleno da paisagem envolvente nem das surpresas que estavam agendadas para o final do percurso, mas ainda houve lugar a uma breve sessão de "contadores de histórias" que nos remeteram para a importância da oralidade na manutenção das tradições antigas.
As restantes surpresas programadas foram transferidas para o Centro Social de Santa Vitória onde mais uma vez se apelou à tradição da oralidade, desta vez através da actuação do Grupo Coral Feminino de Santa Vitória que brindou os participantes desta difícil caminhada com diversas modas alentejanas. Como surpresa estava também guardada a estela funerária do Monte do Ulmo, encontrada há um ano atrás durante a realização de um percurso pedestre nesta mesma zona e que assim pôde ser mostrada aos caminheiros que deste modo puderam ter um contacto mais directo com a Idade do Bronze.
Por fim, a merenda partilhada debaixo de tecto e ao abrigo da chuva que não deu tréguas e não ao ar livre como inicialmente estava previsto, acabou por ser um momento de convívio que haveremos de repetir em futuras iniciativas.
Resta ainda referir que entre a conferência de dia 22 e a jornada de dia 23 houve uma outra iniciativa que apesar de não fazer parte deste projecto merece no entanto uma menção especial neste espaço de divulgação. Referimo-nos à colaboração com a União de Freguesias de Santiago Maior e São João Baptista, parceiro do Projecto Outeiro do Circo desde o ano passado, e que resultou na organização do último de 4 passeios de Lua Cheia na cidade de Beja, onde foi possível dar a conhecer alguns vestígios arqueológicos descobertos na área urbana e que assim ajudaram a contar a ocupação deste território desde o calcolítico, do qual se conhecem materiais arqueológicos surgidos na Rua do Sembrano até aos vestígios de épocas mais recentes, alguns dos quais ainda em curso de escavação no Parque Vista Alegre ou na Rua General Teófilo Trindade, realçando-se também o facto de não se conhecerem vestígios da Idade do Bronze em Beja, época durante a qual terá sido o Outeiro do Circo a assumir o protagonismo nesta região para depois esse papel ser transferido para Beja desde a Idade do Ferro até à actualidade.
Resta-nos agradecer aos participantes de todas as iniciativas por terem saído à rua num dia assim...e aos restantes membros da organização, técnicos da Câmara Municipal de Beja e das freguesias mencionadas pelo seu constante envolvimento em iniciativas que cada vez mais são de todos.