O Projeto Outeiro do Circo vai estar presente no XI Congresso Ibérico de Arqueometria a realizar entre 14 e 16 de Outubro de 2015 em Évora.
Esta participação surge na sequência do protocolo de colaboração com o Laboratório Hércules e que permitiu a realização de trabalhos de prospeção geofísica em 2014 e 2015 no Outeiro do Circo.
Será apresentado um poster na sessão dedicada a "Datação. Prospeção Geofísica. Teledeteção" com o título: Levantamento geofísico no povoado do Bronze Final do Outeiro do Circo (Beja), da autoria de José Borges, Bento Caldeira, Rui Oliveira, Samuel Neves, Miguel Serra e Eduardo Porfírio.
Resumo:
O local de estudo, Outeiro do Circo, é um povoado do final da Idade do
Bronze (1250-850 a.C.), localizado em Mombeja (Beja). O elemento físico de
maior destaque corresponde a uma linha de muralhas que delimita o povoado quase
na totalidade da sua extensão, definindo uma área de cerca de 17 ha. No sector
sudeste e sudoeste, o sistema defensivo é composto por uma muralha dupla ,
nesta última área localiza-se aquela que seria provavelmente a entrada
principal no povoado, pois encontra-se ladeada por dois bastiões junto ao muro
exterior.
No presente trabalho foram realizados levantamentos geofísicos, utilizando
duas metodologias distintas: i) magnetometria (gradiometria), em áreas de
grande extensão, tendo em vista a identificação de anomalias mais profundas,
nomeadamente as que se relacionam com a presença da muralha; ii) Georadar (GPR),
em zonas mais restritas, permitindo assim, identificar de forma mais precisa,
muros e outras estruturas onde possam existir vestígios do povoado intramuralhas.
O levantamento de dados foi feito no modo “zig-zag”, com distância entre
perfis de 0,25 m, no caso do GPR e de 1m, no caso do magnetómetro. O GPR
utilizado foi o GSSI SIR-3000 montada num “cart” com odómetro, equipado uma
antena de 400 MHz e configurado para atingir uma profundidade máxima de
exploração de cerca de 1,5 m. O levantamento de magnetometria foi realizado com
o equipamento Gem Systems GSM-19 em que os sensores foram montados num “cart” e
localizados com precisão por GPS integrado no próprio equipamento de aquisição.
O modo de aquisição de dados visou a determinação do gradiente magnético
vertical sobre perfis distanciados paralelamente de 1m. Para tal, foram empregues
dois sensores em disposição vertical, distanciados de 80 cm, medindo cada um
deles o valor total do campo magnético terrestre local.
Após o
processamento dos dados seguindo as metodologias adequadas, obtiveram-se
imagens que permitem analisar as áreas de estudo em planos paralelos à
superfície e em profundidade. No caso do GPR, obteve-se um mapa de
reflectividades onde se observam anomalias devidas à presença de refletores,
isto é, estruturas com constante dieléctrica contrastante com meio envolvente. Em
magnetometria, obteve-se um mapa de anomalias de gradiente do campo magnético
que traduzem os contrastes de susceptibilidade magnética dos materiais
existentes no subsolo. No levantamento em causa, registaram-se anomalias de
grande amplitude, , que deverão corresponder a sectores onde existem evidências
da presença das muralhas
O processamento integrado dos dados obtidos pelas duas metodologias
permitiu identificar estruturas enterradas que poderão ser interpretadas como
vestígios da muralha que rodeava o povoado e como vestígios das hipotéticas
estruturas habitacionais antigas que terão
existido no seu interior. Essas estruturas deverão ser sujeitas a confirmação
por escavações arqueológicas a realizar posteriormente.