Tal como sucedeu em 2012, também no final do presente ano
pode parecer contraditório fazer um balanço num ano em que o projeto de
investigação sobre o Outeiro do Circo esteve parado por falta de apoios.
No entanto, importa fazer a distinção entre o que
designamos como Projeto Outeiro do Circo, relacionado com todas as atividades
de investigação e de divulgação decorrentes sobre este sítio arqueológico e o
projeto de investigação, integrado no âmbito do PNTA e que decorreu entre 2008
e 2011 (com uma intervenção extra no presente ano), sem ter sido possível
dar-lhe sequência após a rejeição das candidaturas apresentadas à Câmara
Municipal de Beja, principal parceiro do projeto, em 2012 e 2013 para
implementação de novo programa de investigação.
Após este breve esclarecimento passemos então ao balanço
propriamente dito.
Começamos por destacar duas publicações que foram
editadas em 2013 sobre os resultados do Projeto Outeiro do Circo, como o artigo
da revista VIPASCA (n.º 4 da 2ª série) da autoria de Miguel Serra e Eduardo
Porfírio com o título “O
Povoado do Bronze Final do Outeiro do Circo (Mombeja/Beringel, Beja):
resultados das campanhas de 2008 – 2009” ou um outro resultante de parcerias
estabelecidas com o antigo Instituto de Tecnologia Nuclear, intitulado “Estudo de metais e vestígios de produção do
povoado fortificado do Bronze Final do Outeiro do Circo (Beja)", que
teve como autores Pedro Valério, António Monge Soares, Maria Fátima Araújo, Rui
Silva, Eduardo Porfírio e Miguel Serra, sendo publicado nas atas do I Congresso
da Associação dos Arqueólogos Portugueses, realizado entre os dias 21 e 24 de
Novembro em Lisboa.
Foram ainda
apresentadas algumas comunicações e posters em congressos por parte dos
responsáveis do projeto e seus colaboradores, a quem desde já se agradece a
disponibilidade e interesse, como no congresso internacional Etnoarqueologia e
Experimentação: para além da analogia, celebrado na Universidade de Granada
(Espanha) em Março, onde se apresentou a comunicação Pottery
inside out: Exploring the “chaine operatoire” of production through analysis,
ethnography and experimental archaeology,
da autoria de Ana Osório, Sofia Silva, Diana Fernandes, Eduardo Porfírio,
Miguel Serra, Raquel Vilaça e Teresa Vieira, ou o poster no VII Encontro
de Arqueologia do Sudoeste (Aroche - Serpa, 29, 30 Novembro e 1 Dezembro), da
autoria de Sofia Silva com o título “As
cerâmicas do Outeiro do Circo (Beja): das tipologias ao estudo do povoamento”.
É também de referir a
colaboração com o meio universitário, que permite a realização de contínuos
trabalhos académicos dedicados ao Outeiro do Circo, como será natural destacar
a tese de mestrado de Sofia Silva, defendida na Universidade de Coimbra e
centrada no estudo das cerâmicas deste povoado ou a apresentação de
conferências em aulas de mestrado, na mesma universidade subordinadas e este e
outros temas sobre a Idade do Bronze do Sudoeste.
Ao nível daquilo que
enquadramos nas iniciativas de Educação Patrimonial, dedicadas ao grande
público, mas não só, começamos por mencionar a realização de conferências em
parceria com o Instituto Politécnico de Beja no mês de Maio, dedicadas a temas
da arqueologia, mas também da geologia, e que foram complementadas com um
percurso pedestre ao Outeiro do Circo e zona envolvente. Em Junho foi a vez de
Óbidos receber uma conferência destinada a dar a conhecer aos membros da
British Historical Society of Portugal o sítio e o projeto, bem como algumas
noções sobre a Idade do Bronze no Sul de Portugal.
Neste capítulo há
ainda a referir a conferência sobre arqueologia experimental em cerâmicas que
teve lugar no Museu Jorge Vieira em Beja integrada nas Jornadas Europeias de
Património de 2013.
Também integrado em
comemorações sobre o património cultural, realizou-se o workshop FaCta em
Mombeja durante o mês de Abril no âmbito do Dia Internacional de Monumentos e
Sítios, constituindo uma iniciativa geradora de grande entusiasmo entre os
participantes.
Em Maio foi a vez do
Instituto de Arqueologia da Universidade de Coimbra receber um workshop
similar, mas desta vez contando com a participação de um público estudantil,
nomeadamente dos cursos de 1º e 2º ciclo em arqueologia desta instituição. De
referir ainda que esta iniciativa só foi possível com o financiamento atribuído
pela Associação Arqueológica do Algarve à candidatura apresentada por Ana
Osório, colaboradora do Projeto Outeiro do Circo desde o seu início.
Ao nível da
divulgação há que mencionar ainda a realização de algumas vistas guiadas que
geram sempre participações elevadas, como as do Clube de Arqueologia de Ourique
em Abril, o Passeio na Natureza, também em Abril, organizado pela Câmara
Municipal de Beja que permitiu a realização de um percurso entre o Outeiro do
Circo e o Moinho do Mira, iniciativa também enquadrada no Dia Internacional de
Monumentos e Sítios. No âmbito das já referidas Jornadas Europeias do
Património há que destacar uma visita à exposição sobre o Outeiro do Circo
patente no Núcleo Museológico da Rua do Sembrano, e por fim a realização de um
Dia Aberto durante as escavações de Setembro no Outeiro do Circo, mais uma vez
com o apoio da edilidade bejense e que constituiu a concretização de uma
iniciativa há muito ansiada.
Por último há que referir a realização de uma curta campanha
de trabalhos de 2 semanas em Setembro, motivada por vários danos sofridos na
área escavada no Outeiro do Circo e que teve também como objetivo a selagem
definitiva dessa zona para evitar problemas futuros, enquanto se aguarda uma
decisão sobre a eventual continuidade dos trabalhos arqueológicos neste local. Estes
trabalhos só foram possíveis com o apoio da Câmara Municipal de Beja, Junta de
Freguesia de Mombeja e da empresa Palimpsesto.
Feito o balanço, seria precipitado revelar algum tipo de
plano de atividades futuro que será sempre fortemente condicionado pela
existência ou não de apoios para a continuidade da investigação arqueológica no
local. No entanto, iniciativas relacionadas com a divulgação do projeto e do
sítio serão sempre um objetivo prioritário a cumprir em função das
oportunidades surgidas.
FELIZ ANO NOVO…
Mombeja (em Setembro de 2013)