sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Conferência sobre o Projeto Outeiro do Circo no Porto

No dia 7 de Dezembro de 2012 vai ter lugar na Faculdade de Letras da Universidade do Porto uma conferência intitulada:
Projeto Outeiro do Circo: novas e velhas perspetivas sobre o Bronze Final na região de Beja.
A organização é da responsabilidade do NAUP (Núcleo de Arqueologia da Universidade do Porto) a quem agradecemos desde já o convite.
A sessão terá início às 15:00 no Anfiteatro II (a confirmar) e irá constar da apresentação dos resultados do projeto de investigação centrado no povoado do Bronze Final do Outeiro do Circo (Beja) entre 2008 e 2011. Também haverá lugar a uma abordagem mais vasta que integrará estes resultados no historial da investigação na região, com destaque para os trabalhos de arqueologia preventiva que têm proporcionado grandes novidades nos últimos anos.
Por último, serão apontadas algumas perspetivas de investigação que este quadro geral poderá proporcionar no futuro imediato.
A conferência estará a cargo de Miguel Serra e Eduardo Porfírio (Palimpsesto / CEAUCP-CAM).
 
 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Projeto Outeiro do Circo em discussão na CM Beja

Notícia da Rádio Voz da Planície sobre a reunião de câmara (CM Beja) de 7 de Novembro onde foi discutido o futuro do Projeto Outeiro do Circo:
http://www.vozdaplanicie.pt/index.php?q=C/NEWSSHOW/51442
Reproduz-se na íntegra o comunicado dos vereadores da CDU sobre o mesmo assunto:
 
Maioria PS continua a ignorar o Projeto Outeiro do Circo



Os Vereadores da CDU na Câmara Municipal de Beja, no seguimento de uma reunião que mantiveram com a Presidente de Junta de Freguesia de Mombeja e a equipa de arqueólogos que tem acompanhado as escavações no Outeiro do Circo, nas Freguesias de Mombeja e Beringel, levaram à reunião de Câmara de 7 de Novembro as preocupações manifestadas na mesma.
Na referida reunião foi questionada a maioria PS sobre o que previa relativamente ao desenvolvimento do projeto em 2013 já que a equipa de arqueólogos necessita de uma resposta atempada, até ao início do ano, para programar as ações indispensáveis.
Foi ainda questionado o município de ia ser dada resposta até final de Novembro, para uma ação prevista para os meses de Março e Abril, um workshop de cerâmica, cuja concretização exige desde já publicitação junto dos eventuais interessados. O pedido de apoio para esta ação foi endereçado ao município em Junho, estando sem qualquer resposta até ao momento.
A ambas as perguntas o responsável do Pelouro remeteu para o Plano de Atividades e Orçamento que está a ser elaborado. Esta resposta, comparada com o que foi dito sobre o mesmo assunto no início de 2012, revela a hipocrisia e a intenção de desvalorizar o sítio. Lembramos que questionado em 2012 sobre o não apoio à proposta apresentada foi então dito que embora não estivesse orçamentado era possível assegurar algum apoio às escavações, fato que, como era expetável, não veio a confirmar-se.
Uma outra questão colocada é emblemática do desinteresse em não desenvolver o projeto. Estando a ser elaborada uma candidatura para percursos pedestres e outros no concelho, a qual tem de ser apresentada nos próximos dias, os vereadores da CDU questionaram se o Outeiro do Circo ia ser integrado nesta candidatura. A maioria PS ignorou completamente a pergunta. Os vereadores da CDU sabem no entanto que a possibilidade de inclusão deste percurso foi liminarmente excluída dado não existirem acessibilidades no local.
Esta situação caricata demonstra a insensibilidade e o desinteresse da maioria PS sobre o assunto já que para garantir essa acessibilidade bastaria uma intervenção, sem qualquer custo para o município, junto do proprietário do terreno de forma a que este não lavrasse um caminho vicinal que dá acesso ao local.
Este é mais um exemplo de como está a ser mal tratado o património histórico e arqueológico no concelho. Nuns casos, como este, de responsabilidade direta do município e noutros, de ausência da capacidade de negociação e de chamar à responsabilidade outras entidades, como é o caso da Estação Arqueológica de Pisões, que se encontra encerrada há vários meses.
Os vereadores da CDU denunciam a incompetência e o desinteresse existente e exigem a adoção de medidas que alterem este estado de coisas.
 
Vereadores CDU por Beja

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Balanço do I Curso de Poliorcética da Idade do Bronze do Sudoeste Peninsular

Decorreu no passado dia 10 de Novembro o I Curso de Poliorcética da Idade do Bronze do Sudoeste Peninsular realizado em Mombeja e no povoado do Bronze Final do Outeiro do Circo.
Os participantes pertenciam exclusivamente a unidades do Exército Português aos quais o curso era dirigido.
Sessão teórica na Junta de Freguesia de Mombeja

A parte da manhã, que decorreu nas instalações da Junta de Freguesia de Mombeja, à qual agradecemos desde já o apoio, foi composta por uma sessão teórica, que se iniciou com uma apresentação do programa e a discussão de alguns aspectos práticos de organização. Em seguida foram abordados os diversos temas, precedidos dos enquadramentos gerais sobre os conceitos de Poliorcética e Fortificação, bem como de algumas noções sobre a Idade do Bronze Final para situar os participantes em termos cronológicos e geográficos.
Os temas de análise incidiram em primeiro lugar no tópico dos Sistemas Defensivos do Sudoeste Peninsular durante o Bronze Final, através a apresentação dos casos de estudo de Coroa do Frade (Évora), Passo Alto (Serpa) e Castro de Ratinhos (Moura).
O segundo tema de análise abordou o caso especifíco do Outeiro do Circo (Beja) de forma mais aprofundada.
O último tema relacionou-se com questões sobre o armamento deste período, incluindo um debate sobre o próprio conceito de Arma.
Ao longo da sessão foram debatidas de forma muito participada diversas questões num ambiente informal, não havendo necessidade de realizar um debate final.

Sessão prática no Outeiro do Circo

A parte da tarde foi integralmente realizada no Outeiro do Circo onde os temas de análise foram discutidos em pormenor devido à facilidade permitida pelo contacto e observação directa no terreno. Assim, discutiram-se diversos aspectos como a dimensão da área protegida, a morfologia do terreno envolvente, a implantação topográfica, a visibilidade, a tipologia dos sistemas defensivos e das obras de reforço e as ténicas construtivas utilizadas.

Visita à exposição "Outeiro do Circo: o guardião da planície"

Para terminar o dia incluiu-se no programa uma visita à exposição temporária "Outeiro do Circo: o guardião da planície" patente no Núcleo Museológico do Sembrano (Beja).
Face ao entusiasmo demonstrado pelos participantes deste primeiro curso cabe-nos reafirmar a intenção de realizar nova iniciativa a partir da Primavera de 2013, esperando apenas que os interessados nos contactem nesse sentido.
Agredecemos mais uma vez a colaboração da Junta de Freguesia de Mombeja e da Câmara Municipal de Beja, sem as quais não seria possível a realização deste tipo de atividades.
Por último, um agradecimento muito especial aos militares que se inscreveram neste curso, não só pela sua participação interessada, mas também por nos terem auxiliado na análise de diversas questões.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

I Curso de Poliorcética da Idade do Bronze do Sudoeste Peninsular



O Projeto Outeiro do Circo informa que terá início no dia 10 de Novembro de 2012 o I Curso de Poliorcética da Idade do Bronze do Sudoeste Peninsular, a decorrer na localidade de Mombeja (Beja).

Pretende-se com esta iniciativa criar um curso técnico intensivo sobre aspetos relacionados com a poliorcética da Idade do Bronze no Sudoeste Peninsular, permitindo aos formandos o contacto com as técnicas de ataque e defesa de fortificações antigas e o conhecimento sobre as táticas e o armamento utilizados há 3000 anos.

O sítio arqueológico do Bronze Final do Outeiro do Circo servirá de referência para a realização da vertente prática.

Programa:

Módulo 1 (teórico):
Local: salão da Junta de Freguesia de Mombeja

10:30 – Conferência:
- Enquadramento geral e apresentação do curso.
- Síntese sobre a Idade do Bronze Final.
- Análise dos sistemas defensivos de vários povoados fortificados do Sul de Portugal.
- Análise específica do sistema defensivo do Outeiro do Circo.
- Apresentação gráfica das principais armas ofensivas e defensivas em uso na Idade do Bronze Final.
11:30 – Debate
12:30 – Pausa para almoço

Módulo 2 (teórico/prático):
Local: povoado da Idade do Bronze do Outeiro do Circo (Mombeja/Beringel)

14:00 – Visita ao Outeiro do Circo e apresentação dos elementos de análise poliorcética:
1 - Dimensão da área muralhada
2 - Morfologia do terreno (análise geográfica da envolvente)
3 - Implantação no terreno (análise da topografia do povoado)
4 - Visibilidade (análise do controle visual e da cobertura vegetal)
5 - Tipologia do sistema defensivo e reforços defensivos (fosso, dupla linha de muralha, bastiões, sistemas de entrada)
6 - Técnicas construtivas da muralha
7 - Demonstração de técnicas e táticas de assalto e defesa realizadas com os formandos
17:00 – Conclusões e encerramento

Todas as sessões serão ministradas por Miguel Serra e Eduardo Porfírio (Projeto Outeiro do Circo / Palimpsesto, Lda. / CEAUCP-CAM).
No final serão emitidos certificados de participação.

Nota: este primeiro curso é apenas direcionado para membros do exército português, mas poderá ser aberto ao público em geral a partir de Abril de 2013 se houver interessados em número suficiente para garantir o seu funcionamento. Os interessados poderão entrar em contacto com Miguel Serra (miguelserra@palimpsesto.pt) para se informarem das condições de participação. Mais se informa que no caso de inscrições de grupos, o número de participantes só a título excecional poderá ultrapassar os 30 elementos.

sábado, 3 de novembro de 2012

Conferência no Mestrado de Arqueologia e Território da Universidade de Coimbra

O Projeto Outeiro do Circo colaborou com o Mestrado da Arqueologia e Território da Universidade de Coimbra através da realização de uma conferência integrada no programa de estudo do seminário de Espaços e Sociedades leccionado pela Professora Raquel Vilaça.
Esta apresentação, sob o título "Paisagens fortificadas: muralhas do Bronze Final no Sudoeste Peninsular", abordou diversos casos de estudo, com especial ênfase para o povoado do Outeiro do Circo.
A conferência, a cargo de Miguel Serra, iniciou-se com uma breve passagem sobre as muralhas da actualidade, exemplificadas nos casos do Muro do Sahara Ocidental, do Muro México/Estados Unidos ou do Muro da Cisjordânia, demonstrando que este tipo de estruturas continuam a fazer parte das sociedades modernas.
Apresentaram-se de modo sintético algumas categorias de muralhas com exemplos de vários períodos, mostrando desde muralhas destinadas a proteger povoados, mas que podem transformar-se em símbolos de poder das comunidades que as construiram (Jericó), fortificações de cariz essencialmente militar (Krak des Chevaliers), vastas muralhas de fronteira (Muralha de Adriano, Muralha da China), redes de fortificações concebidas para um momento concreto (Linhas de Torres) ou grandes complexos defensivos estáticos (Linha Maginot, Muralha do Atlântico).
Pretendia-se com este panorama iniciar uma reflexão sobre o significado e sobre o impacto na memória das comunidades que este tipo de estruturas provocaram e transpor estas noções para os casos de estudo do Bronze Final em seguida abordados.
Pretendia-se assim que se discutisse a forma como as muralhas da Idade do Bronze poderiam ter sido percepcionadas pelas comunidades que as construiram e vivenciaram, mas também pelas comunidades que lhes sucederam.
Em seguida foram apresentadas as principais características dos quatro casos a analisar.
Em primeiro lugar a Coroa do Frade (Évora), com a apresentação da planta do povoado que revela algumas características particulares, como a presença de uma área melhor defendida a que poderá corresponder uma acrópole. Também se destacou um possível bastião de entrada, único no panorama do Sudoeste Peninsular para esta época. Foi ainda dado algum relevo à possível relação entre este povoado e o Castelo do Giraldo, que poderia integrar a mesma rede de povoamento, talvez com funções muito concretas como uma atalaia.
Em seguida foi abordado o caso do Passo Alto (Serpa), que constituí o povoado fortificado do Sul de Portugal que há mais anos é sistematicamente estudado. Destacaram-se algumas questões em torno da sua muralha vitrificada, do campo de cavalos de frisa, do fosso, do tipo de implantação do sítio e da sua cronologia, uma vez que se trata da muralha do Bronze Final melhor datada nesta vasta região.
O caso seguinte, o Castro dos Ratinhos (Moura), mereceu uma análise um pouco mais pormenorizada, por se tratar de um sítio exaustivamente escavado e integralmente publicado.
Os aspectos principais centraram-se na relação do povoado com o controle que exercia sobre uma zona de passagem como o rio Guadiana, sobre a complexidade de todo o sistema defensivo, que integra várias linhas de muralhas, um vasto fosso perimetral, ou uma clara acrópole de características únicas. Em detalhe foram também analisados alguns pormenores relacionados com as técnicas construtivas da impressionante muralha.
O último sítio analisado correspondeu ao Outeiro do Circo (Beja), que aqui surgia como um exemplo algo distinto dos anteriores, desde logo pela sua situação geográfica e topográfica (localiza-se no centro de uma vasta planície com solos extremamente férteis e ocupando uma longa, mas suave elevação) e pela sua inusual dimensão (17 hectares), o que permite inseri-lo numa categoria própria de mega aglomerados populacionais fortificados.
À semelhança da Coroa do Frade, também para o Outeiro do Circo se estabeleceu a possibilidade de ter relação com um pequeno sítio de altura que poderá ter servido como atalaia, o Cabeço da Serpe.
A análise do seu sistema defensivo baseou-se num trabalho interpretativo da fotografia aérea, permitindo a observação de dois possíveis momentos construtivos ou de duas concepções distintas da mesma época, correspondentes, por um lado à dupla linha de muralha do sector Sul/Sudeste e por outro ao vasto talude linear do sector Norte/Noroeste.
A existência de uma entrada a Sul, ladeada por dois bastiões defensivos de grandes dimensões foi outro dos aspectos discutidos.
Por fim, descreveu-se em pormenor o troço de muralha sujeito a escavações arqueológicas recentes, focando-se a análise no conceito de "muralha compósita", que integraria um conjunto de elementos defensivos em articulação entre si (muro superior, rampas e plataformas de barro e terra, muro de contenção inferior).
Em jeito de conclusão apelou-se novamente à tentativa de compreender como é que os indivíduos do Bronze Final olhavam para estas estruturas que marcavam de modo indelével a paisagem onde se moviam e de que forma estas terão moldado as próprias mentalidades.
Seguiu-se um debate longo e animado que em nossa opinião justifica a necessidade de novas leituras para este tema e de uma abordagem conjunta mais rigorosa, que no devido tempo esperamos apresentar sobre a forma de um artigo científico.