domingo, 3 de novembro de 2024

Projeto Outeiro do Circo em congresso internacional em Granada (Espanha)

O Projeto Outeiro do Circo vai marcar presença no I Congreso Internacional Producción y Consumo en el Calcolítico y la Edad del Bronce de la Península Ibérica, que terá lugar na Universidade de Granada (Espanha), entre os dias 27 e 29 de Novembro de 2024. 

Esta participação resulta da colaboração com o Odyssey Sensing Project, que permitiu a realização de levantamentos com tecnologia LiDAR em diversos povoados fortificados do Bronze Final no Baixo Alentejo Interior, entre os quais se incluiu o Outeiro do Circo. Este projeto é liderado pela ERA Arqueologia, S.A., num consórcio que engloba as universidades de Aveiro e da Maia. 

A apresentação a cargo do projeto Odyssey intitula-se "Teledetectando el paisaje fortificado del Bronce Final en el valle medio del Guadiana" e é assinado por João Fonte (CHAM; ERA Arqueologia), Tiago do Pereiro (ERA Arqueologia) e Miguel Serra (CEAACP; CM Serpa).

No âmbito desta colaboração já foram publicados os seguintes trabalhos:


quinta-feira, 24 de outubro de 2024

XIII Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular 25-27 Outubro

Começa amanhã em Benalup Casas Viejas (Cádiz, Espanha) o XIII Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular, que mais uma vez conta com a participação do Projeto Outeiro do Circo. 

A sessão de posters, que decorre no final da tarde de dia 26 de Outubro, integra um trabalho sobre o Outeiro do Circo, intitulado "Do Outeiro aos montes e às serras que se avistam na curva do horizonte. Breves nótulas sobre a bacia de visão do povoado fortificado da Idade do Bronze Final do Outeiro do Circo (Beja, Portugal)", que irá explorar a análise de visibilidade do sítio através das potencialidades do SIG. 

Mais informações: AQUI 

domingo, 20 de outubro de 2024

Colaboração em Jornadas Internacionais no Porto

O Projeto Outeiro do Circo irá marcar presença numas jornadas internacionais no Porto, nos próximos dias 22 e 23 de Outubro, no âmbito da colaboração com o Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

No início do ano, esta colaboração levou à participação de um elemento do Projeto Outeiro do Circo numa missão de investigação na Mauritânia, com o objetivo de desenvolver parcerias destinadas à implementação de um projeto de investigação arqueológica na margem mauritana do Rio Senegal e que incluiu a realização de jornadas de formação metodológica na Universidade de Nouakchott. 

Os resultados do trabalho desenvolvido serão agora apresentados nas jornadas "Perspectivas interdisciplinares sobre o passado da Mauritânia", no dia 22 de Outubro, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, numa comunicação de Dmitry Korobov (Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências) e Miguel Serra (Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto; Projeto Arqueológico Outeiro do Circo), intitulada "The first results of an archaeological survey of the Mauritanian bank of the river Senegal in 2024". 


Mais informações AQUI

Programa:

domingo, 13 de outubro de 2024

Caminhada e conferências arqueológicas na Salvada - balanço

O Projeto Outeiro do Circo associou-se à cooperativa O Legado da Terra, ao Clube Desportivo e Recreativo Salvadense, à claque de futebol Seara Azul e à União de Freguesias de Salvada e Quintos, na organização de uma iniciativa dedicada à pré-história do território da antiga freguesia da Salvada, no passado dia 28 de Setembro. 

A sessão iniciou-se com uma curta caminhada de 5 km que atravessou o recinto de fossos pré-histórico de Salvada 10, onde houve lugar a um enquadramento arqueológico a cargo de Nelson J. Almeida, seguindo-se o regresso à aldeia da Salvada, com o percurso a terminar no Campo de Futebol Terras de Pão, para nova explicação, a cargo de Miguel Serra, desta vez focada na necrópole da Idade do Bronze ali descoberta em 1980. 






Apesar de poucos, os 7 participantes mantiveram o interesse na temática, com uma breve deslocação até à Casa do Povo, onde houve lugar para duas apresentações, a primeira, proferida por Nelson J. Almeida, versou sobre a pré-história desta região e a segunda, por Miguel Serra, desenvolveu um pouco mais o tema da necrópole da Idade do Bronze do Largo da Feira (atual campo de futebol). 



domingo, 6 de outubro de 2024

Idade do Bronze, Arte e Museu

O Projeto Outeiro do Circo colaborou com o Museu Rainha D. Leonor (Beja), no âmbito da residência artística de Yumiko Ono, cujo resultado foi apresentado no dia 27 de Setembro, no âmbito da Festa do Museu


A instalação "Cascade", da artista japonesa Yumiko Ono, contou com curadoria de Helena Inverno e consultoria científica de Miguel Serra, e é composta de uma série de desenhos inspirados em peças da Idade do Bronze, a que a autora sobrepôs outros desenhos relativos à imensa riqueza artefactual do Museu Rainha D. Leonor.



Entre os principais destaques surge o motivo ancoriforme e as estelas de tipo Alentejano que compõem a coleção do museu. 

terça-feira, 1 de outubro de 2024

Trilhos do Outeiro do Circo: Cultura e Desporto

Realizou-se no passado dia 22 de Setembro a 3ª edição dos Trilhos do Outeiro do Circo, prova organizada pelo Grupo Desportivo e Cultural de Mombeja, que envolveu mais de 70 voluntários na sua preparação. 

A edição deste ano, a maior de sempre, contou com 205 inscritos, nas 3 provas, caminhada de 10 km, trail sprint de 15 km e trail de 25 km, com este último a ter passagem pelo povoado do Outeiro do Circo

Mais do que um balanço da iniciativa, deixamos a reprodução da reportagem de Firmino Paixão para as páginas do Diário do Alentejo, que constitui uma excelente mostra do significado desta atividade para o Projeto Arqueológico do Outeiro do Circo

Seguem também fotos dos diversos momentos da prova.

Ligação para o texto original: Diário do Alentejo 

Trilhos do Outeiro do Circo são uma promoção do Grupo Desportivo e Cultural de Mombeja

Vítor Carvalheira (NDC Odemira) e Paula Ramalho (C.B. Reguengos), no trail curto, Paulo Remexido (BTT Salvada) e Marisa Machado (Cocheiros & C.ª), no trail médio, foram os vencedores absolutos da terceira edição dos Trilhos do Outeiro do Circo, na aldeia de Mombeja.

 

Texto e Foto | Firmino Paixão

 

O sol só rompeu o denso manto de nebulosidade lá para as bandas do meio-dia. Uma ligeira neblina refrescava a manhã. Um tráfego pouco habitual, vindo de Beringel ou de Santa Vitória, desaguava na rotunda que encima a avenida 25 de Abril, na aldeia de Mombeja, no concelho de Beja. Lá bem ao fundo, perto do poço de Ferreira, já se erguia o pódio sob o qual se alinhariam as duas centenas de participantes na terceira edição dos Trilhos do Outeiro do Circo. O aroma a cafeína já se sentia pelas frestas da porta do centro de convívio, ali a meio da rua do Norte. Estas organizações sempre impactam positivamente e alteram a azáfama da dona Zezinha, concessionária do espaço, que se rodeia, nestas alturas de menos sossego, pelas duas filhas, muito prestáveis.

À hora prevista, soou a partida para esta que é a oitava e última prova da edição 2024 do Circuito de Trail do Baixo Alentejo, tutelado pela Associação de Atletismo de Beja. Um evento que se associou à promoção de um sítio arqueológico existente ali bem perto, diluindo, e bem, a sua essência desportiva numa vertente também cultural.

Será que os trilhos tentam promover o sítio arqueológico que lhes deu o nome? “Não tentam. Os Trilhos do Outeiro do Circo promovem mais do que tudo o que nós temos feito até ao momento”, garantiu o arqueólogo Miguel Serra, um dos investigadores do projeto, enquanto se preparava para a caminhada de 10 quilómetros. Depois, justificou: “Basta ver que hoje estamos perante a maior edição das três já realizadas, com 200 inscritos, mais os acompanhantes. Todos eles levam informação sobre o que é o Outeiro do Circo, um sítio arqueológico aqui muito próximo de Mombeja. Têm toda a informação distribuída, um folheto explicativo, os próprios elementos da organização quando questionados também informam sobre o que é o sítio”. Ou seja, pormenorizou: “Esta é uma forma de promoção não direta, porque não é diretamente produzida pela equipa de arqueologia, mas resulta de um trabalho de anos aqui feito. O que aconteceu foi que a própria comunidade e, neste caso, o grupo desportivo e cultural, e muito bem, apropriou-se do nome e da informação para fazer o seu roteiro e dar o nome a esta prova, o que nos orgulha imenso”.

O envolvimento da equipa de arqueologia é efetivo, revelou. “Temos aqui a equipa original, eu vou estar a participar na caminhada, um outro colega, Eduardo Porfírio, estará no Outeiro do Circo, que é um dos pontos de passagem, e um terceiro, Rafael Ortiz, que veio de propósito de Sevilha, embora mais habituado a fazer ultramaratonas do que estes percursos muito curtos, veio participar no trail dos 25 quilómetros”.

E assim nasceu o desejo de sabermos um pouco mais do sítio onde a organização se inspirou. “O Outeiro do Circo, há três mil anos, era uma espécie de grande lugar central desta região, num período em que Beja ainda não existia. Aliás, existe uma lenda com cerca de 300 anos que associa este lugar do Outeiro do Circo a uma colina entre Beringel e Mombeja, junto ao Monte do Circo”, recordou Miguel Serra. E acrescentou: “Essa lenda diz que ali se tentou criar a cidade de Beja em tempos perdidos, mas por alguma razão se desistiu dessa empreitada, fazendo-se a cidade onde está hoje. Daí o nome da aldeia de Mombeja que derivaria de Montes de Beja por ali se ter tentado fazer a cidade. É uma lenda, claro, mas é uma lenda que tem uma parte bastante correta. É que o Outeiro do Circo é anterior à cidade de Beja, que nasceu depois de este sítio ter sido abandonado”. Portanto, prosseguiu o arqueólogo: “Há cerca de três mil anos temos de imaginar ali no alto daquele cerro, que em Mombeja conhecem por Cerro dos Muros, um nome que associa muito melhor ao que ali se pode ver, era um grande povoado que teria largas centenas de pessoas que viviam, sobretudo, da agricultura e da pastorícia e que estavam ali muito bem defendidos por uma grande linha de muralha, formando um povoado com cerca de 17 hectares e com uma muralha com mais de dois quilómetros de extensão. Era um dos maiores sítios desta época, que conhecemos no Sul da Península Ibérica, e que dominaria estes vastos campos agrícolas aqui em volta e controlava, com certeza, uma vasta região”.

Miguel Serra ainda deixou a nota: “As escavações arqueológicas estão paradas desde 2021, teremos de ver, novamente, quando será possível termos apoio para retomarmos os trabalhos. Desde essa altura que estamos focados num outro tipo de ações, temos um projeto a decorrer, com o apoio do município de Beja e de outras entidades, que se centra na área de estudo, a parte ‘chata’, digamos assim, a parte que ninguém vê, que é a parte de laboratório, fechados nos gabinetes com muito trabalho a fazer a esse nível, mas também de divulgação, em que temos promovido workshops e conferências sobre o Outeiro do Circo e sobre o conhecimento ali produzido”.


Classificações Trilhos do Outeiro do Circo

Trail sprinte 15KM | Masculinos

1.º Vítor Carvalheira (NDC Odemira) 1h02’58’’
2.º Flávio Bolrão (Barrancos Biogado) 1h04’56’’
3.º Alexandre Pimpão (NAR Messejana) 1h05’24’’

Femininos

1.º Paula Ramalho (CB Reguengos) 1h13’06’’
2.º Ângela Ameixa (Trilhos de Ficalho) 1h26’24’’
3.º Rosa Ferro (Trilhos de Ficalho) 1h30’13’’

Trail médio 25KM | Masculinos

1.º Paulo Remexido (BTT Salvada) 2h02’33’’
2.º Pedro Gonçalves (individual) 2h03’33´’
3.º Aurélio Sobral (São Francisco Serra) 2h06’38’’

Femininos

1.º Marisa Machado (Cocheiros & C.ª) 2h19’47´´
2.º Ana Ângelo (Barrancos Biogado) 2h38’19´´













segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Artigo internacional com colaboração do Projeto Outeiro do Circo

Foi publicado em Maio um artigo científico que aborda a questão da deterioração climática e a economia de subsistência no Sul da Península Ibérica durante a Pré-história, que conta com dados relativos ao povoado do Bronze Final do Outeiro do Circo.

O trabalho, publicado na revista internacional Environmental Research Letters, n.º 19, é assinado por Julian Schirrmacher, da Universidade de Kiel (Alemanha), Nelson J. Almeida, da Universidade de Évora e membro da equipa do Projeto Outeiro do Circo, Hans-Peter Stika, da Universidade de Hohenheim (Alemanha) e Mara Weinelt, da Universidade de Kiel. 

O estudo apresentado assenta na possibilidade de análise das espécies vegetais cultivadas e dos animais de criação, na pré-história, poderem ajudar a decifrar o impacto da deterioração climática nas sociedades do Sul da Península Ibérica da época. 

A abordagem incide sobre duas grandes regiões, o Sudoeste e o Sudeste peninsulares, num vasto período compreendido entre o Neolítico e o início da Idade do Ferro. Os dados relativos ao estudo das faunas para a Idade do Bronze na zona Sudoeste, baseiam-se nos resultados publicados para dois sítios, o Castro de Ratinhos (Moura) e o Outeiro do Circo (Beja), tendo este último sido estudado por Nelson J. Almeida, um dos autores do trabalho agora dado a conhecer. 

Link para o artigo:  https://iopscience.iop.org/article/10.1088/1748-9326/ad4fa3